Muitos pedidos de chuva na Missa dos Josés
Josés e não Josés ocuparam com rezas a Catedral Metropolitana de Fortaleza, durante a manhã de céu nublado que pairou sobre o feriado de São José. Pediam saúde e muita chuva para aguar os esperançosos homens e mulheres que fazem o interior do Ceará. Pediam a São José, santo milagreiro, que mandasse logo a chuva, que da seca o povo já estava cansado. Eis que, de reza em reza, mais de dois mil devotos do padroeiro lotaram os bancos da Catedral, durante a Missa dos Josés, que começou às 10horas.
Um dos devotos Josés das escadarias da igreja era o agricultor José Ribeiro dos Santos, de 86 anos de idade. Tinha ido cumprir a tradição que o acompanha desde menino, como a mãe o havia ensinado. “A reza reforça a esperança da chuva. Está tudo seco lá para as bandas da minha terra, Quixadá, por isso, precisava vir rezar hoje cedo. E acho que já deu certo. Recebi dois telefonemas, um de Várzea Alegre e outro de Quixeramobim: disseram que pingou lá, viu?”, narra satisfeito.
Não teve perna doente que mantesse em casa a aposentada e devota Maria de Lourdes Souza, de 70 anos. Foi com a vizinha, “para se apoiarem”, literalmente, durante a Missas dos Josés. “Meu nome não é José não, mas aqui é a fé que importa. Fé que eu hoje dedico onde há seca. Moro na Capital, mas sofro pelos irmãos na estiagem. Só posso é rezar
por eles, né?”, explica a senhora que carregava no peito a imagem do santo e nas mãos o cajado de lírios.
Morador de Fortaleza também, o ex-agricultor e hoje artesão Antônio Nogueira da Silva, 76, ia participar de todas as missas da Catedral Metropolitana. “Parece que a seca está pior do que contou Rachel de Queiroz (refere-se ao livro Quinze). E é porque hoje essas tecnologias todas aí. Já estava na hora de as autoridades puxarem um pouco do (açude) Castanhão para o povo da seca”, avalia o artesão. (Luar Maria Brandão)
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