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ARTIGO 28/11/2016 - 19h03

O fim da era Fidel

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O Fim da era Fidel

Fidel Castro morreu e o fenômeno social que mais me chama atenção é o destaque da imprensa a essa figura que carregou sobre si a aura de herói e de bandido.

O JN de ontem foi todo dedicado a Fidel Castro.

Com 13 anos, o menino incitou uma revolta entre os trabalhadores do canavial do pai, latifundiário, por não aceitar as diferenças de classes. Começou cedo. E terminou tarde, aos 90 anos.  

No interregno matou muita gente que o odiava e fascinou quem o amava, promovendo tímidas mudanças sociais que, no frigir dos ovos, infligiu sofrimento à população,  produzindo o êxodo de multidões para EUA, inclusive entre os  seus familiares. Sua irmã e filha pediram asilo ao país que ele odiava.

Todos os latinos, em certa medida, odeiam ou, pelo menos, não morrem de amores por EUA. Mas todo mundo adora os ventos de mudanças que sopram da outra América.

Nem Fidel escapou desse fascínio. De maneira que, tomando coca-cola, Fidel fumava o charuto de Havana, e obrigava os cubanos a trabalharem em regime de economia fechada, convivendo com a falta de produtos fundamentais.

Nos últimos tempos, a grande potência verde e amarela, esse país de recursos inesgotáveis chamado Brasil, que também atendia pelo nome de República das Bananas, dirigido por Ali Babá e  dezenas de 40 ladrões, patrocinaram algumas mudanças, e investiram pesadamente na economia cubana, porque afinal, todo ladrão adora fazer a distribuição da renda que não lhe pertence.

Foi assim que Cuba ganhou o Porto de Mariel ao custo de 957 milhões de dólares dos quais 802 milhões foram financiados pelo BNDES. Com esse dinheiro, quanta coisa poderia ter sido melhorada ou construída no Brasil!

O dia ontem foi de condolências. PT saudações. A petezada toda está em luto fechado, tecendo loas ao grande comandante internacional do partido.

O nosso  presidente fez um comunicado curto, equilibrado sobre um muro de meio tijolinho em pé. Não falou mal e nem bem. Disse apenas que Fidel foi um líder que viveu de acordo com as suas convicções ideológicas. Talvez mande um representante aos funerais, talvez não.

Se mandar, eu sugiro que mande Lula da Silva.

Trump mais transparente, disse que Castro foi um tirano cruel que oprimiu o seu povo enquanto viveu, e que, daqui para frente, espera promover  melhores dias para essa gente.

Mania de ingerência yankee. Trump que vá cuidar do seu quintal.  

Até onde sei, Lula não foi ouvido. Deve estar em luto fechado. Desgraça pouca é besteira.

Em Cuba, houve choro, em Miami, houve festa. O povo cubano, como o resto do mundo, se divide radicalmente na avaliação póstuma de seu líder máximo.

Eu vou morrer sem entender. Não Fidel, mas as pessoas. As pessoas são enigmáticas quando se trata de compor as bases e os motivos de suas convicções partidárias.

Os nossos intelectuais de esquerda, esses que hoje já estão com um pé na cova, por conta da idade avançada, defensores fervorosos do ditador cubano, são mentes pensantes e, algumas delas, brilhantes.

FHC é um nome de respeito que flertou com Fidel Castro de maneira implícita, embora menos óbvia. Artistas e intelectuais de grande importância no cenário nacional,  ignoraram completamente a mortandade que o ditador sanguinário promoveu em seu país, mas condenaram os militares que fizeram o mesmo por aqui.

No Brasil, os militares matavam por que os brasileiros queriam ser livres. Em Cuba, Fidel matava porque os cubanos eram livres, pero no mucho.

Um paradoxo sem explicação ideológica.

O homem que combateu o ditador que o antecedeu, tornou-se a maior e mais longa ditadura da história, governando com mão de ferro e cerceando  os direitos fundamentais do povo cubano.

Ontem, ao ouvir o lenga-lenga do obituário dessa figura, diante de tantos elogios, não pude deixar de pensar: por que vocês, admiradores do regime, não se mudam para lá?

Já que lá é tão bom, ja que Fidel construiu um paraíso na terra, levem os vossos títulos eleitorais e façam de Cuba o  vosso endereço domiciliar, instalando por lá o que resta do quartel general desse sistema velho, podre, e corrompido, que assim como seu comandante máximo, está sendo sepultado, para nunca mais ser parte da história.

Ana Maria Ribas Bernardelli
www.anamariaribas.com.br

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