Teatro 03/06/2016 - 00h00

Entrevista com a atriz Elizabeth Savala

Extrovertida, a paulistana do Butantã conversou com O POVO sobre carreira, família e suas semelhanças com a Regina Antônia de A.M.A.D.A.S. "A gente tem que envelhecer com dignidade, não pode envelhecer com aquela cara de peixe, né? Como diria a Cunegundes (com sotaque caipira), 'cada qual no seu cada qual'"
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Lucas Braga lucasbraga@opovo.com.br
Divulgação

Vida e carreira

O POVO: A.M.A.D.A.S é um monólogo desafiador? 
Elizabeth Savala: Olha, já é o segundo que eu faço. Com Frizileia - Esposa à beira de um ataque de nervos fiquei sete anos em cartaz. Agora com A.M.A.D.A.S a gente está há quatro anos em cartaz. Pra mim não é difícil, é muito divertido fazer, até porque faço vários personagens. Tinha-se uma noção de que monólogo era uma coisa chata, uma pessoa em cena o tempo todo. Hoje já mudou a visão do que é o monólogo, que pode ser muito divertido, como o stand up que as pessoas estão acostumadas a ver. Aliás, acho que a capital do stand up é Fortaleza, de onde veio todo o humor bom do Brasil. Chico Anysio, o maior de todos, veio do Ceará.

OP: A.M.A.D.A.S é uma comédia e você tem muitos papeis cômicos no currículo, como a própria Cunegundes de Êta Mundo Bom,  assim como Márcia de Amor à Vida, Socorro de Caras & Bocas e Jezebel de Chocolate com Pimenta. Você prefere fazer humor? 
ES: Eu sou bem humorada, tento levar a vida assim. Gosto dessa vibração que o humor tem. Mesmo nos personagens mais dramáticos, eu sempre tento botar uma pitada de humor nele. Todo mundo tem problemas, cada um tem seus momentos difíceis, mas a melhor coisa que a gente pode fazer é não se levar a sério, rir de você mesmo. Quanto mais você consegue fazer isso, com mais leveza você leva a vida. 
 
OP: A Cunegundes é uma vilã diferente? 
ES: Ela é a representação de uma época, as mulheres antigamente não podiam trabalhar fora. Então a única forma de mudar de status social era se casando ou casando os filhos. Ela é uma vilã - não tão ruim quanto a Sandra (risos) - extremamente gananciosa, preconceituosa, racista, porém ela se dá mal o tempo inteiro. O Walcyr Carrasco faz isso muito bem: é aquela vilã de desenho animado, ela sempre se dá mal.

 

OP: Você tem extensa experiência no teatro. É muito diferente de fazer TV?
ES: Nunca deixei de fazer teatro. O processo de fazer é diferente. Na TV são cenas específicas que você decora um pouquinho antes. No teatro não, tem todo um processo, você estuda (o personagem). Mas o resultado também, claro. No teatro tem o público que responde simultaneamente, ao contrário da TV, apesar de que hoje a gente tenha o resultado mais rápido, através das redes sociais. Antigamente a gente só tinha esse retorno quando recebia uma carta de fã. 

 

OP: Em entrevista a uma revista, perguntada sobre as poucas novelas das 21h no currículo, você falou não ter problemas com novela das 18h, e que gosta do público deste horário. Qual tua relação com esses espectadores?
ES: São 41 anos de TV Globo, sou contratada e faço o que me mandam fazer. Atualmente, tenho feito muitas novelas do Walcyr Carrasco, uma atrás da outra. Ele me dá chances de fazer personagens maravilhosos. Se você pegar Jezebel de Chocolate com Pimenta, Imaculdada de A Padroeira, Agnes de Alma Gêmea... O horário que ele me chamar eu vou. O horário das 18h é muito gostoso de fazer. Crianças e jovens adoram Êta Mundo Bom!. A gente tem um Ibope imenso no Nordeste. A fotografia é linda, a história e gostosa, você se diverte. É "bom por demais" de fazer.

OP: Quem é a Regina Antônia de A.M.A.D.A.S
ES: A Regina Antônia faz 48 anos e descobre que tudo caiu tudo. Despencou peito, bunda, tudo despencou. Então ela encontra uma amiga que é daquelas que passam o dia todo na academia, se cuida, já fez plásticas, botox... é um encontro das duas vertentes de opinião. O espetáculo fala disso público se identifica com uma ou com outra. É grande comédia, as pessoas riem do começo ao fim. Eu costumo pedir às pessoas, se você não está com vontade de rir, não vá ao teatro, deixa ir ao teatro quem quer se divertir. Nesse momento político e econômico que o país tá passando, vamos rir pelo amor de Deus! 

OP: Você é bem Regina Antônia?
ES: Eu sou a Regina Antônia! (risos) A gente tem tem que envelhecer com dignidade, não pode envelhecer com aquela cara de peixe, né? Como diria a Cunegundes (com sotaque caipira) "cada qual no seu cada qual". 

 

OP: O espetáculo fala de família. Com quatro filhos e com Camilo Attila há mais de 30 anos, como é a Savala em casa?
ES: Ah, meus filhos me chamam de "General Savala" porque quatro homens é uma quadrilha. Uma mulher para cuidar de quatro homens não é mole, foi difícil. Ensinei o respeito e isso a gente aprende em casa. A gente joga a culpa no outro, mas é dentro de casa que a coisa acontece. Você não der ao seus filho noções de ética, altruísmo, respeito, empatia... A educação vem de casa, a escola dá conhecimento. Tem que ter responsabilidade, não se pode jogar filho no mundo. 

OP: A.M.A.D.A.S esteve em Fortaleza em agosto do ano passado. Você teve tempo de conhecer Fortaleza?
ES: Eu conheço e adoro Fortaleza, é uma cidade linda demais, vamos combinar, né!
 
Mulher e política 

OP: A peça fala do cotidiano feminino e seus dilemas. Como você avalia o movimento feminista e a luta pela equidade de gêneros? 
ES: Foi uma luta muito grande, muita gente já morreu para que as mulheres conseguissem ter uma valoração maior na sociedade. Existe uma ignorância muito grande. O homem que destrata sua mulher é um idiota, muito mal criado, egoísta. É uma questão de educação, que é o retorno, a base de tudo. 
Com uma boa educação, na família e na escola; se você é uma pessoa que lê, que estuda, vai ser uma pessoa diferente. A maior preocupação do País deveria ser a educação. Esse caso absurdo da mulher abusada por 30 homens tem que ser discutido. A violência sexual contra mulheres e crianças é uma questão muito séria e tem que dar cadeia. 

OP: Após este caso, muitas mulheres se encorajam e se empoderam a buscar seus direitos e denunciar o agressor. A mobilização é necessária?
ES: O homem usa da força física e desconhece a força que tem. Esse homem é pobre intelectualmente. Mas ele viu a mãe dele apanhando e segue exemplos. O pai dele batia na esposa e o filho continua batendo. Mas como você sai da sua casa, vai a uma delegacia diz que seu marido - que você ama - pai dos seus filhos te agride? Vira uma guerra. Mas é pior do que seu filho te ver apanhando. Apesar de ser muito difícil, é necessário. É importante que se eduque. A busca por todo direito é absolutamente válida, é só assim que a gente vai crescer. Não tem que ficar calado. O respeito, se não dado, tem que ser buscado.

OP: Você fala da educação para uma sociedade melhor e mais justa. Como você vê esses recentes desdobramentos políticos da Cultura e Educação? 
ES: Eu nem quero falar sobre isso, tudo que a gente falar vai voltar contra nós e eu não quero criar nenhum tipo de polêmica. Conseguiram uma coisa horrorosa que é a polarização da sociedade. O povo brasileiro não é desse jeito, é alegre, unido. Sou completamente contra esse tipo de polarização. Essa falta de respeito que acontece nas redes sociais e até entre amigos é horrorosa. O povo brasileiro é bom, é positivo, de índole fácil. 
Eu não quero fazer parte (dessa discussão), apesar de que acho um monte de coisa errada. Mas não é o momento de falar, para não estar de um lado ou de outro, porque sou contra essa polarização. A minha luta nesse momento, se é que quero fazer parte de alguma luta é: vamos voltar a nos amar! 
O Dr. Ulysses Guimarães, para o qual fiz campanha, dizia que a coisa mais importante no país é a democracia. Tem uma frase que acho fantástica: "Posso não concordar com uma palavra que dizes, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-la". Isso é democracia!  

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