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Viagem dos Sentidos
Ang Lee já demonstra com simplicidade a beleza das suas imagens numa abertura sentimental que nos faz sentir bem ao passear seu olhar em pessoas, animais com o adorno de uma música relaxante. E a viagem em busca do sentido da vida começa em As Aventuras de PI (Life of PI, 2012), que vai muito além do seu visual embasbacante e que é muito mais que uma mera aventura em 3D. Muito mais. Prepare a alma, mente e coração.
Pi então conta sua história, do nome de batismo - Piscine Molitor, homenageando a piscina parisiense preferida de seu tio – á como o próprio tio (numa espécie de caricatura fantasiosa) o ensinou a nadar (fato que salvou sua vida), da forma inventiva que se livrou do bullying por conta do seu nome (ao inverter os valores e traduzir para todos o seu apelido, Pi, através da álgebra), sua inclinação a todas as religiões possíveis (seja por Hindu, Alá, a Deus, aos deuses – “porque eu não posso acreditar em todas elas?”) e claro, como sobreviveu a um naufrágio por 227 dias.
Já essa última história você decide, se acredita ou não. Começa a arca de Pi... Pois seu pai tem um zoológico na Índia, e por uma proposta melhor decide vende-la nos EUA e viaja com os animais pelo oceano. E o tal naufrágio muda tudo. Tudo. São imagens incríveis e um som que nos coloca dentro do desastre, sensitivamente. E Ang Lee apresenta duas das maiores sequências da sua bela obra com detalhes técnicos impressionantes, e o melhor, em total sintonia com sua história. Desde Titanic (1997) não via um naufrágio tão espetacular no cinema, tanto quanto eu não consigo lembrar uma tempestade no mar tão esplendorosa na tela grande quanto em Mar em Fúria (2000). São ondas gigantes, animais tentando se salvar e sequências incríveis.
Ah... Após o naufrágio que estraçalhou sua família, a história centra na relação entre Pi e um tigre, Richard Parker, que tentam sobreviver dentro de um pequeno barco à deriva no bar. Começa uma jornada pelo autoconhecimento, cheia de descobertas, ainda mais plástica em 3D. A contemplação de Lee continua no céu refletido no mar e o mar refletido no céu, numa espécie de espelho da natureza, da vida, do mundo... Águas vivas fosforescentes proporcionam mais um espetáculo ao pintar a tela de vida.
O filme é baseado no livro A Vida de Pi, do autor franco-canadense (nascido na Espanha) Yann Martel é inspirado no livro Max e os Felinos, do brasileiro Moacyr Scliar. Conforme informações da jornalista e escritora Ana Maria Bahiana, Martel dedica sua obra a Scliar, “por ter acendido a chama”, fato ocorrido após uma conversa amistosa entre os dois (leia-se, um acordo amigável e secreto) para fazê-lo desistir de mover um processo por plágio.
Seja de fora para dentro ou de dentro para fora a aventura, a odisseia de PI transpassa a ideia de apenas impressionar aos olhos. A obra toca o coração, engradece a alma e mexe com a mente com a bela história, quer você acredite nela ou não. Inesquecível e cinematográfico. Sim, são muitos fatos para absorver... A vida se torna um ato de desapego e nunca podemos nos despedir. Não dá tempo. Viva essa aventura no cinema. NOTA: 9,0
INFORMAÇÕES ESPECIAIS
Prêmios: 11 indicações ao Oscar; melhor filme, diretor, roteiro adaptado, fotografia, edição, trilha sonora, canção original, design de produção, efeitos especiais, som, edição de som. Venceu o Globo de Ouro de melhor trilha sonora, com indicações de filme (drama) e diretor; Nove indicações ao BAFTA; melhor filme, diretor, roteiro adaptado, fotografia, edição, trilha sonora, design de produção, efeitos especiais e som.
Acredite no Impossível
O Impossível é possível. Pode soar piegas ou apenas parecer uma frase de efeito, mas o drama O Impossível (The Impossible/Lo Impossible, 2012) traz às telas o sofrimento verdadeiro de uma família separada pela tragédia e nos faz acreditar nas infinitas impossibilidades da vida num piscar de olhos. A obra sofrida e muito bem conduzida por Juan Antonio Bayona, se baseia na história real de uma família espanhola que estava no olho do Tsunami que atingiu a costa da Tailândia, ocorrido entre o Natal e o final do ano de 2004.
Um tour de force de Naomi Watts como uma mãe muito ferida por fora e ainda mais por dentro, perdida no meio da catástrofe natural e tendo que processar psicologicamente o desaparecimento dos seus filhos menores e do esposo (Ewan McGregor). Ponto também para o jovem Tom Holland, como seu filho mais velho, Lucas. As espetaculares cenas do Tsunami chocam do início, avassalador, e emocionam até o fim, onde só resta destruição e esperança. NOTA: 8,5
INFORMAÇÕES ESPECIAIS
É apenas o segundo longa metragem de Juan Antonio Bayona. O primeiro foi o aclamado O Orfanato (2007); Naomi Watts foi indicada ao Globo de Ouro (atriz-drama) e concorre mais uma vez ao Oscar de melhor atriz. Sua outra indicação ao Oscar foi por 21 Gramas (2003), também melhor atriz; Ewan McGregor já concorreu ao Globo de Ouro em duas ocasiões, por Moulin Rouge – Amor em Vermelho (2001) e Amor Impossível (2011), ambos melhor ator (comédia ou musical);
Poder Paranormal (Red Lights, 2012) de Rodrigo Cortés
Professores universitários, Sigourney Weaver (maravilhosa) e Cillian Murphy (incrível) também são investigadores de eventos paranormais pelos EUA, sempre com o objetivo de provar sua não veracidade. Robert DeNiro (meio exagerado) é um vidente cego, que retorno à mídia após 30 anos de reclusão. Seus fantasmas do passado (incluindo o filho em coma de Weaver) e suas histórias se cruzarão com a manifestação de estranhos eventos, numa história tensa e com um final que consegue surpreender. Um suspense bem interessante de resultado acima da média. O DVD cedido não contém extras. NOTA: 8,0
Marcados para Morrer (End of Watch, 2012) de David Ayer
Jake Gyllenhaal e Michael Peña são dois policiais que patrulham as ruas barra pesada de Los Angeles. Numa ação de rotina apreendem dinheiro e armas de uma gangue de criminosos violentíssimos e sem nada a perder. Agora seus destinos estão em rota de colisão com um plano de vingança. Em meio a tanta violência, há espaço para suas vidas com direito a casamento, filhos e promessas de fidelidade/amizade eterna. Policial trabalhado na narrativa de Founded Footage (filme encontrado ou uma filmagem de um pseudo-documentário), com muita imagem tremida e tensão na ponta da tela. Ótimas atuações da dupla central e espaço para um pequeno, mas digno papel para Anna Kendrick, como o interesse romântico de Gyllenhaal. O DVD cedido não contém extras. NOTA: 8,0
--> -->-->-->Intocáveis (Intouchables, 2011) de Oliver Nakache e Eric Toledano
Um dos maiores sucessos de bilheteris de todos os tempos não possui efeitos especiais, grandes cenas de ação e não vem dos EUA. A dramédia vem da França e seu maior efeito vem do coração, numa obra que enche o coração de sentimentos bons. É clichê, mas é de verdade, baseado na história real de um milionario preso à cadeira de rodas que encontra num deliquente, pobre, negro e imigrante, sua maior inspiração: viver, e o inspira a fazer o mesmo. Tente segurar as lágrimas, mesmo que de fecilidade. O DVD cedido não contém extras. NOTA: 10,0
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*Daniel Herculano (siga no Twitter @DanielHerculano) é estudante de Jornalismo, graduado em Comunicação Social é assessor de comunicação e colunista de cinema da revista Público A. Crítico de cinema formado em cursos de Ana Maria Bahiana (Uol/Globo de Ouro), Pablo Villaça (Cinema em Cena/OFCS), Ruy Gardnier (O Globo/Contracampo) e Joaquim Assis (Roteirista).
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