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Além da Imaginação
Um escritor, de certa forma, tem na ponta dos dedos o poder de ser Deus em suas obras. Ele cria situações, desvenda mistérios, discorre sobre a humanidade, inventa amores impossíveis, costura aventuras, investiga sentimentos, mata quem quiser, enfim dá vida a personagens direto da sua imaginação.
Calvin Weir-Fields (Paul Dano) é um jovem escritor, considerado por muitos um gênio, porém que está travado com sua atual condição solitária e com mínimas perspectivas. O que fazer? Bem, o seu analista pede que ele exercite sua criatividade ao escrever sobre uma pessoa, uma companheira ideal.
E, literalmente, dar vida a um personagem é exatamente o que acontece com ele, ao sonhar e escrever sobre Ruby Sparks (que recebe um subtítulo auto explicativo para quem tem preguiça de ler a sinopse) – A Namorada Perfeita (Ruby Sparks, 2012) da dupla colaborativa Jonathan Dayton & Valerie Faris, os mesmos de Pequena Miss Sunshine (2006). Ela ganha vida. Ele ganha uma namorada. E são felizes… Não, a história não termina aqui. Ela começa exatamente aqui, no auge da felicidade.
Ruby Sparks (Zoe Kazan) é da mesma turma de Ramona Flowers (a paixão de Scott Pilgrim Contra o Mundo, 2010), Clementine (o sentimento de Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, 2004) e Summer (500 Dias com Ela, 2009). Não é bonita, mas cativa. Á primeira vista não tem nada de especial, mas é especial na forma de ser. Ou seja, ela, ou ‘A’ invenção do escritor Calvin, é exatamente o que ele precisa.
Valorizados pelo tom criativo, os diálogos e as situações vão amontoando a obra de boas ideias realizadas, com o luxuoso auxílio do clima indie e de seu elenco, além do adequado. Paul Dano é um embaraço solitário em forma de gente, algo comparável apenas ao seu próprio cachorro, feio e de hábitos esquisitos. Zoe Kazan, também autora do roteiro, é a descolada padrão, com um sorriso maior que qualquer coisa e que usa tons diferentes de felicidade para viver num mundo onde os problemas não existe.
No apoio temos as preciosas presenças de Annette Bening (a mãe que virou hippie), Antonio Banderas (o exagerado padrasto natureba), Steve Coogan (o excêntrico Langdon Tharp), Chris Messina (o irmão meio fútil, mas gente boa) e principalmente o veterano Elliott Gould (o analista), que arrebenta, mesmo com poucas cenas.
É uma dramédia romântica com algo de fantasia e suas qualidades já o destaca do ordinário Hollywoodiano ao trazer uma premissa maravilhosa, de realização bacana, com um luxuosa ajuda de um elenco coeso e de resultado inteligente. Com o uso da metalinguagem da ficção à realidade, a dobradinha cinema-literatura ganha um exemplar. A inspiração inventada acaba por ser uma invenção inspiradora numa volta contínua de criatividade. E Ruby Sparks – A Namorada Perfeita, o filme, não chega a ser perfeito, mas é uma obra digna, muito digna. Pronto, pode conferir. NOTA: 8,0
INFORMAÇÕES ESPECIAIS: Além de Ruby Sparks (2012), outras obras já fizeram uso do artifício personagem fictício vai ao mundo real – ou similar - com bons graus de fantasia e satisfação. No magnífico A Rosa Púrpura do Cairo (1980), o protagonista de um filme sai da tela e vai de encontro a sua maior fã em pleno cinema. Scharzennegger é um astro de ação e, após receber a visita de seu fã dentro do seu universo de ficção, ele decide sair e conhecer o mundo ‘real’ no subestimado O Último Grande Herói (1993). O protagonista do bacanudo Mais Estranho que a Ficção (2006) descobre que é, na verdade, um personagem de uma narrativa ficcional literária. E para fechar, o imperdível Meia-Noite em Paris (2011), onde um ordinário escritor americano vai à Paris e conhece famosos autores dos anos 20.
Beleza Interior
No delicado A Delicadeza do Amor (Le Delicatésse, 2011) de David e Stepháne Foenkinos, uma jovem executiva em ascensão (Audrey Tatou) tem um casamento perfeito com o belo e atlético François, com quem planeja ter filhos num futuro próximo. Tudo muda após a inesperada e acidental morte do seu marido. Para não sofrer, toma a corajosa decisão de simplesmente focar (com todas as suas forças) no seu trabalho. Nada mais importa, tampouco as investidas do seu chefe. Ponto final. E, após três anos de trabalho, trabalho e trabalho, a francesa escolhe aleatoriamente um colega do escritório, o sueco Markus, e tásca-lhe um inesperado beijo na boca. A grande questão é porque, além de ser uma das grandes cabeças da empresa, ela é considerada de uma beleza angelica. Já Markus é apenas uma figura apagada, despercebida e completamente comum da empresa. A explicação – e dedicação sentimental – vem com o tempo, direto do peito e repleto de simplicidade, com o simples entendimento que a beleza interior também conta. E muito. NOTA: 7,5
Nas Locadoras: A Primeira Coisa Bela (La Prima Cosa Bella, 2010) de Paolo Virzi.
Arredio da família, um desleixado (e anti-social) professor recebe a visita de sua irmã mais nova, que o convida a retornar à pequena cidade italiana de infância, para acompanhar os últimos dias de sua mãe. Impotante saber que correram fatos que o levaram a se afastar da família, fragmentada, por sinal. O pai que os mandou embora, por causa do, digamos, excesso de carisma de sua mãe, eleita Miss Mamma em 1971. Mas isso é apenas a ponta da história. Ela ainda seria também figurante dos filme do diretor Dino Risi, estrelado por Marcello Mastroianni, mãe de aluguel de uma rica família, além de colecionar algunas padrinhos e amantes por sua vida de andarilha. O clima é de relembrar o passado com carinho, apesar das turbulências. E o mais importante é conseguir compreender as razões de cada personagem, sempre com suas características (bem) construídas cheias de sentimentos, seja o mais chato (o professor), a mais louca (a mãe) ou a mais equilibrada (a irmã), do início ao fim. O DVD disponibilizado não possui extras. NOTA: 7,5
Nas Locadoras: Perseguição Implacável (The ExPatriate, 2012) de Arash Amel.
Um ex-agente da CIA se muda para a Bélgica com sua filha adolescente para recomeçar a vida como um especialista em segurança de uma empresa multinacional. Mas depois de descobrir, da pior maneira possível, que tudo não passava de fachada, a dobradinha correria/pancadaria começa. Olga Kurylenko e Liana Liberato não colaborando muito com suas não atuações. Já Aaron Eckhart bate bem o ponto numa trama que não surpreende, empaca um pouco até a resolução, mas satisfaz para uma sessão de sábado, sem maiores pretensões. O DVD disponibilizado não possui extras. NOTA: 6,0
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*Daniel Herculano (siga no Twitter @DanielHerculano) é estudante de Jornalismo e titular do programete #Cineminha na Beach Park FM 101.7. Crítico de cinema formado em cursos de Ana Maria Bahiana (Uol/Globo de Ouro), Pablo Villaça (Cinema em Cena/OFCS), Ruy Gardnier (O Globo/Contracampo) e Joaquim Assis (Roteirista). É graduado em Comunicação Social e assessor de comunicação d´ A+ Business Criativo.
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