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- É verdade que vai ter Copa do Mundo no Brasil, mein liebe?!, perguntou Mademoiselle K.
- Sim, é verdade.
Minha amiga deu pulinhos de alegria.
- Vai ser no PV? Vai ser torcida única?
- Não, minha querida. Vai ser no novo Castelão.
Mademoiselle pulou no meu pescoço como se eu fosse o Joseph Blatter e me tascou um beijo na bochecha.
- E é no mês que vem, mein liebe?!
Mademoiselle viu o noticiário da visita da presidente Dilma e acredita que a inauguração do metrô já é sinal de que a Copa vem aí. Como tudo fica pronto em cima da hora, então a Copa deve estar chegando, diz ela.
Minha doce amiga não entende coisa nenhuma de futebol. Aprendeu que tudo no Brasil é samba e chuteira. Como acabou o carnaval, agora só pensa naquilo. Quando a conheci, durante a Copa na África do Sul, jamais tinha entrado num estádio. Foi a Joanesburgo só pela farra. A cada partida, comprava a camisa das duas seleções. Só vestia a do vencedor. Os gols íam acontecendo e ela trocando de uniforme. Alí mesmo, na arquibancada. Pra delírio dos torcedores. E troavam as vuvuzelas. Voltava para o hotel suada, descabelada e cantando vitória. Sempre muito linda. Ispilicute. Nem sempre pude acompanhá-la nos jogos. Minhas obrigações profissionais por vezes me levavam a outros estádios. Mas devo admitir que nos divertimos muito. Até hoje ela se recorda das festas dos patrocinadores, dos passeios juntos, dos shows de roquenrou, de todo circo, enfim, que rola durante a Copa. Depois da partida final, Mademoiselle veio me visitar em Fortaleza e foi ficando. Até hoje ocupa meu quarto de hóspede. Trouxe com ela tudo que acumulou em um mês na África do Sul: camisetas, medalhas, pins, adesivos, três jabulanis, duas vuvuzelas e um monte de porcarias que deram a ela de presente. Impressionante como ela ganhava presentes.
Mademoiselle é a favor de bebida nos estádios. Também é contra a meia entrada pra estudantes e idosos. “Não existe isso em nenhum lugar do mundo”, disse-me irritada como se fosse uma empresária cultural em apuros. “Além do mais, acrescentou, li que o governo descobriu que oitenta por cento das carteiras são falsas. E como não há uma fiscalização decente neste país, as produtoras de eventos, os cinemas e os teatros acabam aumentando os valores dos ingressos para compensar os prejuízos. Todo mundo sai perdendo”, argumentou me deixando calado.
Mademoiselle ficou decepcionada quando eu disse que a Copa é só daqui a dois anos. Morre de saudade de toda aquela confusão planetária. Ficou meio tristonha e veio perguntar toda meiga:
- Não sei se eu vou aguentar esperar até 2014, mein liebe. Posso tocar vuvuzela hoje à noite no seu quarto?
- Huumm... Pode.
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