Política 12/08/2014

Modos predatórios da campanha eleitoral

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Érico Firmo ericofirmo@opovo.com.br

A campanha já se aproxima da metade e, depois de um começo gelado em meio à Copa do Mundo, o clima de eleição fica mais perceptível, inclusive com atritos bastante ferozes nas duas últimas semanas. Na próxima semana, o começo da propaganda no rádio e na televisão demarca o início da fase decisiva. A depender do comportamento das intenções de voto, os candidatos deixarão de lado a extrema cautela que impera até agora e terão de arriscar. Essa campanha gradualmente mais acalorada rendeu episódios desagradáveis no confronto entre expoentes dos dois maiores blocos e, mais ainda, momentos realmente lamentáveis nas ruas. Devagarinho, começa a proliferar a poluição sonora, por meio de carros de som. Os primeiros muros tomados pela poluição visual também já surgem. E a parte mais agressiva, desagradável, arrogante e que dá pior exemplo na eleição: as carreatas. Politicamente, são símbolo da prepotência, da demonstração de poder, de tentar expor os apoios, a força política.

As carreatas poluem o ar, congestionam ainda mais as já tumultuadas vias públicas, são tenebroso exemplo de exaltação à cultura do automóvel, que caminha para quase inviabilizar a mobilidade nas metrópoles. Lembrando ainda as recorrentes denúncias de que participantes recebem doação de combustível, de forma em regra clandestina.

 

Esse tipo de propaganda muitas vezes se dá em horário de pico no meio da semana. No Interior, às vezes toma a única faixa disponível nas estradas, obrigando quem passa a se arriscar na contramão, se não tiver intenção de seguir o cortejo do candidato. Incrível como postura que polui e provoca transtorno ainda é capaz de atrair votos.


EUNÍCIO NO VERDE E CAMILO,
AO MENOS NAS CONTAS, NO VERMELHO

A prestação de contas dos candidatos, divulgada na semana passada, trouxe como dado mais intrigante a ausência de “lançamento de receitas” pela candidatura de Camilo Santana (PT). Cumpriu a formalidade exigida pela legislação eleitoral, mas, a se considerar o que está declarado, não arrecadou um real sequer. Estão computados R$ 1,38 milhão em despesas. O que, se a informação estiver correta, significa que a candidatura governista está no vermelho em mais de um milhão. No comitê do PT não há registro de receitas nem de despesas. No do Pros são declarados R$ 11,5 mil em doações, todos de “origem não identificada”. A campanha de Mauro Filho (Pros) ao Senado elenca R$ 155 mil em doações, mas identifica como fonte: “Eleição 2014 Camilo Sobreira de Santana Governador”. Como a campanha do próprio Camilo não declarou nenhuma arrecadação, tem-se uma situação financeira difícil de entender.

 

A campanha de Eunício Oliveira apresentou doações recebidas apenas por meio do comitê financeiro do PMDB. São R$ 7 milhões declarados. R$ 30 mil doados pela Corpvs, empresa da qual Eunício é sócio, e o resto da direção nacional peemedebista – R$ 1 milhão dos quais tiveram como doador originário a Construtora OAS. As despesas somam R$ 2,28 milhões, mais que a soma dos três adversários.

 

Não cabe especular sobre o significado da receita zerada na candidatura petista. Talvez haja doações apalavradas, mas não computadas, com base nas quais são realizadas as despesas que efetivamente se vê na rua e que estão contabilizadas em mais de R$ 1 milhão. Mas é estranho imaginar que o candidato do governador arrecadou menos que PSB e Psol.


AS MUDANÇAS NAS CONTAS

Desde 2006 há mudanças nas prestações de contas e desde então há resistências a revelar quem são os doadores durante a campanha. Até 2010, essa informação só aparecia um mês após a campanha, quando não era feita pelas chamadas “doações ocultas”, por intermédio dos partidos, e só era revelada no ano seguinte. A partir de 2012, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) passou a revelar as empresas e pessoas físicas que pagam a campanha ainda com a eleição em curso. Causou um rebuliço.

 

Contas de campanha têm lugar privilegiado na história dos escândalos políticos. A declaração de receitas e despesas durante a campanha tem papel crucial na perspectiva de permitir aos órgãos fiscalizadores acompanhar se o volume de dinheiro informado é compatível com o volume de campanha na rua.

 

1,38 milhão é o volume gasto pela campanha de Camilo no mês de julho, sem informar arrecadação alguma


7 milhões foi a arrecadação declarada de Eunício no primeiro mês

espaço do leitor
Zé Bob 12/08/2014 20:09
Lamentavelmente deverei anular voto para governador e para senador. Não acredito em nenhum destes candidatos. Para deputado, escolherei alguém que ainda não tenha exercido mandato e que tenha visão de redução de gastos parlamentares e de transparência legislativa.
Zilce 12/08/2014 06:23
É muito suspeita esta ocultação das fontes de arrecadação da campanha do candidato Camilo Santana. Aposto como tem neste meio estão as grandes contrutoras tocadoras das obras megalomaníacas da gestão Cid Gomes, bem como os fornecedores das Hiluxes adquiridas pelo Estado do Ceará.
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