O mais triste no debate entre os dois grandes blocos que disputam as eleições no Ceará é que, em regra, todos os equívocos que apontam no lado adversário estão certos. O que um lado aponta como problema nas políticas do adversário tem procedência – até porque todos conviveram bem de perto, em diferentes momentos, conhecem-se bastante bem. Tomemos o exemplo mais significativo, na segurança pública. Cid Gomes (Pros) tem razão no que afirmou – o que não melhora nem um pouco as coisas para o seu lado, muito menos para o da população. O segundo e o terceiro governo Tasso foram realmente períodos calamitosos nas políticas de segurança pública, com crises sucessivas e descontrole dos indicadores. Só não foi pior que a atual gestão.
Tasso tomou posse pela segunda vez em 1º de janeiro de 1995. Recebeu o Estado de Ciro Gomes com taxa de 9,5 homicídios para cada 100 mil habitantes, referente a 1994. Em 1998, último ano daquele mandato, o índice alcançou 13,4 por 100 mil. Crescimento de 41% em quatro anos. Tasso foi reeleito naquele ano e, ao deixar o governo, em 2002, deixou índice de 18,9. A alta acumulada foi de 98,9%.
Mas não é fato que o índice tenha sido “sempre crescente”, como Cid afirmou. Considerando os dois últimos governos de Tasso, houve retração em 1998. E, indo mais para trás, caiu também em seu primeiro ano de administração, em 1987. E, novamente, em 1990. Tasso passou o governo a Ciro Gomes em março de 1991. De 1987, quando tomou posse, a dezembro de 1990, último ano completo que passou no Palácio do Cambeba, houve redução na taxa de homicídios em 0,01%.
Mas, o desempenho acumulado dos períodos tucanos em relação aos homicídios não é mesmo exemplo e nem serve de lição para nada. Mas o de Cid é pior.
Em 2006, último ano de Lúcio Alcântara, a taxa de homicídios no Ceará era de 21,8. Cid termina seu primeiro mandato com 31,9. A alta foi de 46,3% em quatro anos - contra os 41% de alta dos dois últimos governos Tasso. Índices todos horrorosos, mas piores agora. E o de Cid com um agravante. Embora o discurso da base aliada sempre atribua a crise estadual às circunstâncias nacionais, em 2010 foi a primeira vez em que a taxa de homicídios no Estado superou a média brasileira.
O ano de 2012 é o último ano sobre o qual há dados no mais recente Mapa da Violência, formulado com base no Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde e de as informações acima foram extraídas. Até lá, considerando seis dos oito anos de governo Cid, o aumento da taxa já havia sido de 104,5%, atingindo a marca de 44,6 homicídios por 100 mil habitantes. Crescimento já superior ao acumulado da era Tasso completa.
O fundamental nesse debate, entendo eu, não é a comparação nem chegar à conclusão sobre quem foi melhor ou pior. Essa é briga de roto com esfarrapado. Avanço de taxa de homicídios acima de 40% em quatro anos, ou dobrar em oito anos, é sinal de descontrole. Vale registrar que a taxa leva em conta o proporcional crescimento da população. Está-se falando de aumento real. O cenário é trágico e a forma como as coisas são colocadas podem servir ao embate político entre os partidos. Para a população, resta a certeza de que esteve, nesse campo, em péssimos lençóis tanto em um período quanto em outro.
Infelizmente, há muito de razão em praticamente tudo que criticam um no outro os dois homens que governaram o Ceará por mais tempo desde o Estado Novo. Para o povo, boa notícia isso não pode ser.
A ARENA VIRTUAL E OS MEIOS CONSOLIDADOS
É inegável o peso que as mídias sociais têm na transformação das campanhas políticas. E, com particular ênfase, nessa eleição, quando alguns dos mais virulentos confrontos, como o que se viu entre Ciro e Gaudêncio Lucena, ou bons debates, como o que há agora entre Tasso e Cid, foram travados pelo Facebook. Porém, têm sido os veículos tradicionais os responsáveis por dar visibilidade a esse espaço, dando dimensão que os perfis virtuais de cada um deles não possuem, além de alcançar também os não-simpatizantes. Foi quando publicada no Blog do Eliomar e no portal O POVO Online que muita gente se deu conta da “discussão”, digamos, entre Ciro e Gaudêncio. E, embora Tasso tenha participado de bate-papo virtual, Cid informou que tomou conhecimento do teor na matéria que O POVO de ontem publicou. A resposta do governador veio pelo Facebook. Mas muita gente viu em matérias no portal O POVO Online. Outros tantos estão tendo contato pelo jornal de hoje. Ou seja, as mídias sociais se consolidam, sim, como arena, mas a projeção que adquirem se multiplica exponencialmente quando repercutem em veículos de comunicação consolidados, com inserção em suas comunidades.
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