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Política 01/10/2013

Um partido para chamar de seu, mesmo que seja o Pros

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Érico Firmo ericofirmo@opovo.com.br
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O ingresso do grupo político dos Ferreira Gomes no Pros tem uma só explicação: o partido acabou de ser criado. Quem se filiar, portanto, não correrá o risco de perder o mandato por infidelidade partidária. Qualquer outra razão é conversa fiada. A sigla não tem identidade para além do governismo de ocasião. Seu estatuto é um primor de sinceridade ao definir sua razão de existir: “Art. 3º O Partido Republicano da Ordem Social – Pros tem por objetivo a participação no processo eleitoral em todos os níveis (...), com o fim de eleger representantes nos diversos órgãos da administração pública, seja no Poder Legislativo ou no Poder Executivo”. É apenas e exatamente do que se trata: uma estrutura para disputar eleições e buscar espaços de poder. Um cartório político. Quanto aos critérios para adesões, há seção em seu site com instruções de “como filiar-se” que escancara o estilo “coração de mãe”: “(...) qualquer cidadão que em pleno gozo de seus direitos políticos (...) poderá se filiar”. Não há princípios, requisitos ou ideologias. É só querer. O que há de mais idealismo na apresentação programática é: “(...) o que queremos é um País com menos impostos”. Profundo. No site, há o link para o hino cujo refrão é: “Eu sou do Pros, não posso ser do contra”. Recheado de imagens e efeitos de Powerpoint, no fim aparece smiley face com o polegar levantado.


Seu criador, Eurípedes Macedo Júnior, passou por dois partidos nos últimos cinco anos, antes de criar sua própria legenda. Em 2008, o ápice de sua carreira política - foi eleito vereador de Planaltina (GO), pelo PSL, com 810 votos. Dois anos depois, estava no PRP quando concorreu a deputado estadual por Goiás. Teve 3.093 votos e não se elegeu. Filho de pastora, ele criou o Pros com orientação evangélica. Entre os “incentivadores” do novo partido está o deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP) – condenado pelo Supremo Tribunal Federal a sete anos e dez meses de prisão no julgamento do mensalão.


Esse é o novo maior partido do Ceará. As articulações das trocas de legenda no Brasil lembram as negociações de franquias, por exemplo, de redes de fast food. O controle da “marca” é transferido por território, segundo as conveniências. Mas há diferença considerável em relação às outras mudanças realizadas pelos Ferreira Gomes. Eles nunca ingressaram em sigla tão inexpressiva e tão desprovida de referências nacionais. Portanto, jamais chegaram com tanto poder. Depois de deixarem PSDB (em 1997), PPS (2005) e agora o PSB por divergências com as cúpulas e diretrizes nacionais, eles têm perspectivas inéditas de ter a hegemonia também nacional de um partido – ainda que seja esse partido. Não há um Roberto Freire, um Eduardo Campos, muito menos um Fernando Henrique Cardoso para rivalizar – pelo menos não agindo sob a luz do dia. Essa perspectiva de controle nacional de uma sigla pelo grupo dos Ferreira Gomes tem desdobramentos importantes para a política do Ceará e para a atuação do grupo no âmbito nacional.


PROS COPIA ESTATUTO DO PSDB, MAS EXCLUI PLURALISMO E RESPEITO À DIVERSIDADE

Marco das divergências entre Cid Gomes e o PSB foi quando o governador, em 30 de agosto, escreveu no Facebook: “Linha auxiliar do PSDB. Será este o papel do PSB em 2014?” Bem, linha auxiliar definitivamente o Pros não será, mas há certa inspiração tucana no partido. Ao listar objetivos e princípios da legenda, copia quase na íntegra trecho do estatuto do PSDB. O artigo 2º do estatuto tucano estabelece: “O PSDB tem como base a democracia interna e a disciplina e, como objetivos programáticos, a consolidação dos direitos individuais e coletivos; o exercício democrático participativo e representativo; a soberania nacional; a construção de uma ordem social justa e garantida pela igualdade de oportunidades; o respeito ao pluralismo de ideias, culturas e etnias; às diferentes orientações sexuais e identidades de gênero e a realização do desenvolvimento de forma harmoniosa, com a prevalência do trabalho sobre o capital, buscando a distribuição equilibrada da riqueza nacional entre todas as regiões e classes sociais”. A versão do Pros, em seu artigo 4º, escreve: “tem como estrutura interna, a democracia e a disciplina, tendo como objetivos a consolidação dos direitos individuais e coletivos; o exercício democrático participativo e representativo; a soberania nacional; a construção de uma ordem social justa e garantida pela igualdade de oportunidades; a realização para o desenvolvimento humano, devendo o trabalho prevalecer sobre o capital e com o equilíbrio da distribuição da riqueza nacional entre todas as classes sociais e em todas as regiões”. A diferença crucial é a exclusão do trecho grifado acima, com referência ao “pluralismo de ideias, culturas e etnias; às diferentes orientações sexuais e identidades de gênero”. Exclusão previsível, dada a inclinação evangélica do novo partido dos Ferreira Gomes.

 

Ouça o hino do Pros:

http://bit.ly/18HHiQl

 

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