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Mas correto seria dizer “Fortaleza com medo”. Já que toda a cidade vive tempos de intenso pavor.
Academias de ginásticas fechando mais cedo, vendinha de guaraná funcionando com grades, o comércio (também com grades) de água mineral iniciando bem mais tarde suas entregas, até o pessoal da terceira idade que faz ginástica na praça está diminuindo a frequência.
Moradores em polvorosa, portas vedadas, grades com reforços de cadeados, duas voltas no quarteirão antes de acionar temeroso o controle-remoto do portão da garagem.
A profecia anunciado por nossos avôs: tempos de bandidos na rua; cidadão preso em casa.
Um bairro com uma população flutuante dez vezes maior que a de moradores fixos: estudantes, boêmios, desportistas; o que atrai também proporcionalmente bandido de toda espécie: desde o reles ladrão de celular ao assassino armado; desde o traficante ao estudante que sustenta o vício.
A Gentilândia, que é terra de todos, virou terra de ninguém.
Minha mãe de 72 anos foi assaltada pela segunda vez na porta de casa, em plena 9h da noite: as crianças ainda jogavam futebol no meio da rua, as vizinhas ainda conversavam na calçada.
Esta semana foi a vez de minha irmã, dois bandidos bem armados a renderam na chegada para o almoço, passaram a recolher tudo de dentro de casa; ela apavorada sob a mira das armas, os filhos tremendo. A revolta posterior, o trauma, a vontade de chorar quando lembra a cena de terror.
Meia hora depois chega o asséptico carro da polícia: vidros fechados, ar-condicionado no máximo, policiais com porte de cinema americano - fortes, corados, peles bem tratadas pelo clima ameno da viatura. Detalhe: a farda impecável, mancha nenhuma de suor no sovaco.
O capitão rapidamente diagnostica o problema: a solução não o interessa; o mais importante é o diagnóstico preciso, irrevogável:
- O modo-operandis deles é esse: hora do almoço, na chegada em casa para o almoço; pouca gente nas ruas...
Sem me conter ouso perguntar:
- E aí?...
Ele olha pra mim sem compreender. Nesse instante já três viaturas chegam, em cena de filme policial de primeiro mundo.
A vontade de novamente perguntar:
- E aí, quem vai atrás dos bandidos? Quem recolhe imagens de câmeras nos prédios próximos, quem vai fazer o retrato falado dos dois assaltantes, quem...? Sinto que ele não me entenderia novamente. Para ele (e para seus subordinados e chefes) o que importa é que estão ali, bem aparelhados, bem apessoados (talvez também bem apavorados).
Bandidos varrem de motos a cidade inteira, barbarizando, numa réplica do Velho-Oeste americano; quadrilhas riem da polícia em assalto a bancos todos os dias no interior do estado.
E o que resta a nós - pobres mortais que trabalhamos três expedientes, pagamos os maiores impostos do mundo? Simples: - Escondermo-nos, trancafiados em casa, muros altos... E, claro, rezando.
Muito!
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