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É um livro sobre a Suécia, mas, ao lê-lo, será impossível deixar de pensar no Brasil, a cada linha. Um país sem excelências e mordomias, de Claudia Wallin, traça um roteiro do comportamento dos integrantes do Legislativo sueco, abordando também aspectos do Executivo e do Legislativo. O cidadão brasileiro, que já vê como exagerados os privilégios das “autoridades” brasileiras, vai ficar ainda mais assustado ao compará-las com a vida espartana dos homens públicos suecos.
O “sem excelências” do livro refere-se ao fato de no país os pronomes formais terem sido abolidos na década de 1960. Assim, a forma de tratamento a qualquer cidadão, incluindo os parlamentares é “você”. (No Brasil poder-se-ia pelo menos eliminar o ridículo “excelência”, pois “senhor” já estaria de bom tamanho.)
O “sem mordomia” remete ao fato que parlamentares, dirigentes executivos e juízes (em qualquer instância), de fato, não as têm. O salário médio de um deputado é 50% a mais do que recebe um professor primário (mesmo assim muito suecos questionam o motivo de um parlamentar ganhar mais do que um professor). A propósito, nesse país nórdico, os deputados não podem aumentar seus próprios salários, o que é feito por um comitê independente, cuja decisão é irrecorrível.
Deputado também não dispõem de carro oficial, nem secretária particular, nem assessores, nomeados por eles. Os servidores públicos atendem indistintamente parlamentares dos vários partidos. Para ir ao trabalho, eles usam ônibus, trem ou bicicleta (A capa do livro mostra o ministro das Relações Exteriores, Carl Bildt, ex-primeiro ministro, indo para o trabalho de bicicleta, o que é hábito, não mera demonstração.)
A propósito, um dos “escândalos” da política sueca (em 2011) foi o fato de a deputada Mikaela Valtersson (Partido Verde) ter usado táxi para ir ao trabalho, em vez de pegar o trem. Virou manchete de jornal. Os suecos não admitiam que ela gastasse dinheiro público, 17 mil coroas, em seis meses (cerca de 2,6 dólares) em táxi, “apesar de morar perto de uma estação de trem”.
Os apartamentos funcionais para os parlamentares, que moram fora de Estocolmo (capital), têm a média 45,6 m², o menor 16,6m², equivalente a um retângulo de 8 metros por 2 metros. A cozinha e a lavanderia são coletivas, e os parlamentares lavam a própria roupa. Se alguém morar com eles (mulher, marido) tem de pagar metade do valor estabelecido como aluguel. Os parlamentares também podem dispensar os apartamentos públicos e alugar um “apartamento funcional” de particulares, recebendo o valor correspondente. E aqui aconteceu outro “escândalo”, também em 2011.
O líder da social-democracia, Hakan Juholt, morava junto com a namorada em um apartamento funcional, o que foi descoberto por um jornal. A notícia informava que, desde 2007, ele vinha “recebendo dinheiro dos contribuintes” para a moradia, e dividia o apartamento com a companheira, sem que ela pagasse metade do aluguel. O caso foi investigado pela Agência Nacional Anticorrupção, e Hakan foi obrigado a devolver a metade do valor recebido indevidamente, 160 mil coroas suecas (cerca de 25 mil dólares). Além disso, devido ao “escândalo”, viu sua ascensão política ser interrompida.
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