Fábio Campos 03/04/2014

O outono do governador

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Ingrid Coelho ingridrodrigues@opovo.com.br

 

Deu-se na tarde de ontem mais uma sequência da agenda que se impôs a Cid Gomes. Para o governador, o ainda vindouro mês de maio seria o das noivas, das mães, de Fátima e da abertura das conversas acerca da sucessão. No entanto, a roda girou e o governador se viu obrigado a antecipar vários lances bem antes de maio.


O primeiro lance: declarar que estuda a possibilidade de deixar o Governo já. O segundo: Cid recebeu, “a pedido”, o cacique da tribo ainda aliada, Eunício Oliveira (PMDB), para discutir sua própria sucessão. O terceiro: o governador convocou para uma conversa quatro membros de sua tribo. Gente que quer virar cacique. Aguardemos novos lances para hoje.


Pelo que se sabe, quase nada se sabe além dos lances públicos. Acerca do mérito da conversa com Eunício, o governador concedeu para a imprensa uma pista de seu humor diante das imposições conjunturais: “Entendo que, como foi o senador que pediu a audiência, seja ele quem deve falar”.


A conversa com Eunício foi a pedido do senador, mas a de ontem foi por graça e obra de Cid. Convocados, quatro governamentáveis da tribo cidista foram ao Palácio. A prosa durou quatro horas, mas tanto o cacique quanto os índios fizeram um pacto de silêncio.


Como para bons entendedores as meias palavras são suficientes, cada um deve ter compreendido o sentido da coisa. Cacique só convoca a tribo quanto tem algo a comunicar. Certo, mas o que o governador comunicou? A noite foi grávida de especulações.


A conversa vespertina se deu sob chuva intensa. Certamente, a torrente que se via pelas janelas envidraçadas da sala principal do Palácio da Abolição não ajudou a deixar o clima sereno. Há sempre o temor de um túnel inundar ou um forro desabar com potencial de gerar azedumes.


Estaria tudo muito tranquilo se não fosse a insistência com que Eunício Oliveira leva adiante sua pré-candidatura. Do PT ao Pros sempre se acreditou que o Palácio do Planalto resolveria esse obstáculo. Um Ministério da Integração com porteiras fechadas e mais BNB, por exemplo.


Até aqui, o obstáculo se mantém. O pior é que se encerra entre amanhã e sábado o primeiro prazo fatal. Daí a reunião de ontem entre o líder e seus liderados. Fiz treino para aprender a ler os lábios da nossa política. Erro um bocado, acerto mais. Arrisco uma aposta: o governador sai.


O Senado está aí. A bola quica. Um mandato de deputado estadual também é muito importante. Como a vitória para o Governo deixou de ser favas contadas, é preciso ocupar as trincheiras. Afinal, não se sabe o que vem por aí. Vai que o vencedor resolve desintegrar o legado de Cid. Compreendem?


Enquanto isso, em meio a esse lusco-fusco politiqueiro, alguém por aí ouviu alguma ideia para o Ceará? Alguém encarna algum projeto que aponte para um futuro mais promissor, mais seguro, mais saudável? No campo das ideias, vivemos uma seca avassaladora.


Mas, independentemente do que virá e de quem seja o próximo governador, já é possível extrair algumas lições. A principal: ninguém controla a agenda política. Onde se esperava imensas facilidades, há a tormenta.


Bom, os lances continuam. Hoje, Cid vai à Dilma. Com ele, outros governadores que devem se desincompatibilizar. Pela noite, uma inauguração em Limoeiro do Norte. Pode ser a última. Pode ser apenas mais uma.

 

espaço do leitor
Gustavo Simplicio 03/04/2014 07:32
Essa eleição é a mais emocionante e angustiante das últimas décadas, quem viver verá.
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