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Do ponto de vista político, parecia tudo muito resolvido. Hegemonia cá. Hegemonia lá. Porém, milhares e milhares de pessoas nas ruas de todo o País costumam provocar avassaladores efeitos colaterais. O que era sólido tende a derreter na velocidade do som.
A ação das ruas envelhece o poder. Tudo fica caquético, ultrapassado, fora to tempo. Os discursos que estavam prontos e acabados perdem completamente o sentido. Não é à toa a postura embasbacada de nossa política e de nossos políticos diante dos acontecimentos.
O grande desafio da democracia brasileira, que precisa ser preservada a todo custo, é como transformar a indignação das ruas em algo concreto no sentido da mudança. Para que assim seja, é preciso ter uma pauta política clara, objetiva, prática, com começo, meio e fim.
As ruas, por exemplo, dizem claramente que não se sentem representadas pelos partidos que aí estão. Diante disso, o que fazer? É preciso que a própria política traduza as ruas em algo palpável. Nesse caso, propondo uma ampla reforma política e partidária.
Mas, fica o dilema: as ruas não confiam na política e nos partidos. Sendo assim, como poderá confiar numa reforma a ser desenvolvida por esses mesmo partidos e políticos? Complicado, não? Mas, qual então seria a saída democrática, legítima, institucional e que contemple o interesse da maioria?
Tudo fica ainda mais difícil quando não se tem reservas éticas e morais na política e na sociedade que possam servir de referência para liderar a busca das saídas e das difíceis (e sempre lentas) caminhadas institucionais.
Nosso regime é presidencialista. Os mandatos têm tempo determinado para durar e acabar. Não é como no parlamentarismo, cujo regime tem a agilidade e a maleabilidade para derrubar gabinetes e convocar novas eleições.
Quanto aos partidos, sim eles são a face do desgaste. Porém, o que podemos colocar em seu lugar? Qual a forma de representação aceitável e com garantias de funcionamento capaz de garantir as liberdades, as instituições e as leis? São algumas perguntas que as ruas não estão disponíveis para responder e nem para debater.
De cara, já podemos afirmar com algum grau de certeza que as ruas funcionaram como um míssil nuclear disparado contra o jogo político que estava posto para as eleições de 2014. A pauta das eleições, aqui e alhures, será completamente diferente da que estava posta. As circunstâncias obrigam que assim seja. E isso é muito bom.
Agora, uma ponderação que precisa ser feita. A História nos conta que as grandes catarses coletivas, se apropriadas pelos não democratas, acabam em trágicas experiências fascistas ou nazistas. O autoritarismo puro e simples.
Portanto, cabe à sociedade, incluindo aí a categoria dos políticos e os intelectuais, dar as respostas democráticas, no âmbito da lei, ao que está acontecendo. Quando não se dá dessa forma, os primeiros sintomas do descontrole são as levas de saqueadores que já começaram a agir em São Paulo.
Está claro o sentimento difuso de indignação da imensa faixa da população que está indo para as ruas. A resposta positiva para isso precisa se dar agora, e de forma urgente, no campo da institucionalidade e dos marcos legais. Fora disso é a barbárie. E a barbárie é a maior derrota que uma sociedade pode sofrer.
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