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educação 10/12/2011

Parem! Onde vocês pensam que vão?

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É comum ouvir, em diferentes situações e lugares, que o trânsito de Fortaleza está caótico ou que cearense não sabe dirigir.Não é preciso muito esforço para saber que a cada dia está mais complicado deslocar-se nesta cidade. Segundo o Detran, trânsito é o conjunto de deslocamentos diários de pessoas pelas calçadas e vias; é a movimentação geral de pedestres e de diferentes tipos de veículos.

 

O trânsito ocorre em espaço público e reflete o movimento de múltiplos interesses, atendendo às necessidades de trabalho, saúde, lazer e outros, muitas vezes conflitantes. Grifei os termos acima para enfatizar: a via pública não é de uso exclusivo de carros e veículos motorizados;ela se destina a qualquer pessoa e para sairmos casa, teremos de lidar com interesses conflitantes com os nossos. Quero chamar atenção que o horror que vemos todos os dias nas ruas diz, sobretudo, a uma concepção “maluca” e predominante de que carros são mais importantes que ônibus, motos, carroças, bicicletas, patins, skates e pedestres e que todos devem curvar-se aos desejos dos motoristas isolados e cada vez mais embrutecidos em suas direções.

 

O calor e uma ideia de violência urbana fizeram com que na maioria das capitais todos tivessem de andar, prioritariamente, com vidros fechados, ar condicionado, sim? Se isso ajuda aos passageiros a sentirem-se mais acomodados em seu trajeto, não tenho dúvidas que aumenta a distância de um trânsito que reflita minimamente a civilização, pois entendo que os seres humanos ali perdem o contato com os seus pares, já que não escutam, não cheiram, não interagem com “a rua”. Deste modo, o individualismo é predominante e é fácil ouvir que alguém terá de comprar um carro maior para melhor se impor diante do caos estabelecido. Um mês de aula no DETRAN não garante consciência ecológica nem educação suficiente para lidar com os desafios da locomoção numa cidade como a nossa. Penso que é imperioso que pais, educadores e órgãos públicos tracem metas de educação para o trânsito, recuperando os valores e lições previstas pela Lei 9053/97, especialmente: respeito, cortesia, cooperação, tolerância e compromisso;importância de se ter disciplina e cumprir regras e normas; a importância de cada um no grupo social;esquemas referenciais: direita e esquerda, perto, longe, direção e distância;percepções visuais, auditivas, olfativas; meios utilizados para deslocamento: a pé, de ônibus, bicicleta, veículos de tração animal ou carro; trânsito e meio ambiente e formação do senso crítico por meio da interpretação da conjuntura em que se insere o trânsito. A lista é imensa e o sonho em poder me deslocar em paz pela cidade é distante, muito distante... Principalmente porque a maior parte da população pensa que liberdade no trânsito é ter um carrãopara impor à cidade e eu entendo que liberdade, aquela que Cecília Meireles define como uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda, é poder ir para onde se queira do modo que mais conveniente: a pé, de carro, de ônibus, de patins, de bicicleta...

 

Compreendo também que o ser humano só pode constituir-se quando reconheceu seus pares e conjuntamente destinou-se a ser histórico. Assim, imagino que somente soluções coletivas e em nome da maior parte da população serão capazes de indicar novas vias de civilização.

 

UM FILME: Pateta no trânsito


Animação feita em 1965, o vídeo retrata, através do Pateta (não acho que o personagem escolhido e seu nome sejam ao acaso), como os motoristas se transformam ao volante. Um “cidadão” simpático, pacato e educado se transforma em um agressivo e irresponsável motorista ao entrar em seu carro e se sentir ultrapoderoso.

 

O filme está disponível na internet: www.youtube.com/watch?v= KcNMkjAYI58

 

UM LIVRO: Precisamos falar sobre Kevin, de Lionel Shriver


O livro retrata o individualismo que assola o mundo, retratando, de modo reflexivo, o quanto este mal é oposto ao amor. Fala da história de uma mãe, que escreve para o marido ausente, sobre seu filho Kevin, um monstruoso assassino que aos 15 anos mata 11 colegas e seus familiares.

 

"Se você sente indignação diante de qualquer injustiça no mundo, então somos companheiros." Che Guevara


"A desvalorização do mundo humano aumenta em proporção direta com a valorização do mundo das coisas." Karl Marx

 

Bernadete Porto

bernadete.porto@ufc.br

Doutora em Educação, Professora da Faculdade de Educação da UFC


 

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