MERCADO 05/03/2018 - 07h00

O empreendedorismo no cenário local das artes plásticas

O empreendedorismo está presente em diversos segmentos em Fortaleza, a exemplo do das artes plásticas. As galerias Casa D'Alva e Contemporarte são exemplos de pensamento inovador e dinamismo
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Kelly Hekally kellyhekally@opovo.com.br
Fotos: Camila de Almeida
A Casa D'Alva foi inaugurada em 2014 e está localizada no bairro José Bonifácio

Gerar mudanças e construir um novo caminho por meio da inovação e ter capacidade de enxergar de maneira visionária são ações que vão ao encontro do empreendedorismo, conceito que tem se tornado alvo no mercado. Segundo o Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil de 2016, realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e o mais atual sobre o assunto, a Indústria Criativa, da qual o segmento de cultura faz parte, gerou em 2015 uma riqueza de R$ 155,6 bilhões para a economia brasileira e somava 851,2 mil profissionais formais.

"Em regiões mais desenvolvidas, o empreendedorismo está mais voltado às novas tecnologias. Porém, na minha concepção, ele não necessariamente precisa estar nas áreas mais tradicionais", opina Eduardo Fontenele, professor titular do Departamento de Economia Aplicada e do Programa de Pós-Graduação em Administração e Controladoria (PPAC), ambos da Universidade Federal do Ceará (UFC). O mercado de artes plásticas de Fortaleza é um dos segmentos alternativos aos convencionais que estão mais atentos ao ato de empreender.

José Guedes, que está à frente da Casa D’Alva - galeria fundada em 2014 e localizada no bairro José Bonifácio -, conta que  sua trajetória de artista plástico e curador deu-lhe uma visão inovadora para abrir seu próprio negócio de uma forma que ele acredita agregar ao ramo. "Fui diretor do Museu de Arte Contemporânea (MAC) do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e da casa Raimundo Cela. A visão de gestão que tive nesses lugares fez com que eu me atentasse para lacunas que há alguns anos existiam em Fortaleza", conta.

José Guedes foi reconhecido pela crítica como um dos melhores pintores brasileiros da década de 1980
 

Advogado por formação acadêmica, José Guedes acredita que ter uma visão tecnicista do universo das artes visuais foi um dos elementos de destaque para o start e a fluência de sua galeria. "O objetivo da Casa D'Alva é fomentar o mercado local de arte respeitando critérios como autenticidade das produções artísticas. Queremos que as pessoas entrem na galeria e sintam que estão em um museu e não somente em um local onde elas poderão encontrar produções que podem ser compradas. Uma abordagem profissionalizada mesmo, museológica."

Como marca de uma das inovações realizadas pela galeria, José Guedes destaca a exposição Volpi, em 2016, em parceria com a Galeria Almeida e Dale, de São Paulo. "Até 2016, nunca havia acontecido uma exposição das obras de Volpi, um artista incrível, no Ceará. Nós a realizamos". O investimento no consumo de feiras da área, a exemplo da Art Basel - que acontece anualmente na Suíça – e o fato de sua galeria realizar palestras com fins educativos para o público são ferramentas que, na opinião de José Guedes, têm impulsionado e modernizado a maneira de entregar arte aos visitantes da Casa D'Alva.

Mercado e conhecimento
Aldonso Palácio é também um dos exemplos de empreendedor local no segmento das artes plásticas. "A Contemporarte foi lançada com o intuito de estabelecer em Fortaleza uma plataforma onde o público pudesse ser apresentado à produção dos artistas, e acessá-la, de uma forma mais condizente com o circuito atual de arte contemporânea", explica. Aldonso pondera que em 2014, quando o espaço do qual ele e Mario Acioli são sócios e que fica no bairro Cocó foi inaugurado, faltava na Capital uma galeria "referencial de um contato mediado entre a produção local contemporânea e os amantes e potenciais consumidores de arte".

Foto: Edimar Soares em 20/08/15
Aldonso Palacio é publicitário
 

Atualmente estudando na IESA Paris - Ecole Marché de l'Arts et Métiers de la Culture, na França, o galerista diz que sua expertise profissional nasceu, sobretudo, devido à paixão pela arte. "Construir real valor no mercado de arte contemporânea é para um galerista um trabalho contínuo de relacionamento e credibilidade entre os diversos atores do mundo da arte. Fizemos um bom trabalho entre agosto de 2015 e dezembro de 2017, com mais de 12 exposições montadas. Porém, o aprendizado que veio com a experiência fez-me enxergar que para eu poder fazer algo mais sério nesse ramo era necessário ter mais que um bom olho e vontade, era necessário ter um estudo mais formal sobre o mercado de arte."

Com previsão de finalização do curso em janeiro de 2019 e a fim de somar essa formação em seu currículo acadêmico, Aldonso terá que elaborar um projeto curatorial em Paris. "Ainda é cedo para dizer como que o que absorvi até agora será aplicado na Contemporarte quando eu voltar a Fortaleza [...] Porém, acredito que, em Fortaleza, o trabalho a ser feito perpassará muito pela educação e mediação, vislumbrando a formação de plateia para a arte contemporânea."

Fatores que contribuíram para essa expansão
Conforme o professor Eduardo Fontenele, as novas mídias eletrônicas e maneiras de vender produtos permitem a aproximação de empresas com o mercado. O docente destaca também que o aumento nos últimos anos de uma parcela da população, por meio de um maior acesso à educação, em busca de cultura fez com que o público passasse a estar mais ligado nas linguagens artísticas e que empresas desse perfil são consequência de uma demanda que começou a existir de maneira mais contundente.

"Quando a economia passa a ser mais seletiva, a preocupação exige que o novo empresário tenha uma visão mais empreendedora. Ele passa a ter maior preocupação com planejamento, empreendedorismo e visão de futuro. É possível dizer que esses serviços são decorrência de pessoas que consumiram arte no exterior e gostaram. Empresários enxergaram pessoas mais seletivas e nisto uma oportunidade criar seus novos negócios. São mudanças de padrão de consumo e a consequência é o crescimento", justifica.

Números do cenário
Segundo Alice Mesquita, articuladora da Unidade de Atendimento do Sebrae/CE, de uma maneira geral, o número de formalizações no Ceará continuam crescendo. "Comparando o número de microempreendedores individuais de 2015 para 2016, houve um aumento de 14,46%. De 2016 para 2017, foi de 15,06%. Para o biênio 2018/2019, nossa perspectiva é que o mercado retome o seu crescimento, o que ocorreu de forma ainda lenta em 2017, mas acreditamos que já é uma sinalização de recuperação do mercado. Isto deixa os empreendedores mais confiantes inclusive para investirem em seus negócios." Alice acrescenta que o mercado digital deve ganhar mais força nesse período, o que poderá fortalecer também a economia tradicional. “Assim, ela tende a se espelhar em novos modelos de negócios mais enxutos e, consequentemente, mais competitivos.” 

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