Para além de um currículo que se destaque em meio a uma seleção de emprego ou estágio, as empresas estão cada vez mais atentas ao comportamento dos candidatos nas redes sociais. Seja no Facebook, no Instagram, no LinkedIn, no Twitter ou em outra plataforma, tanto para quem está buscando uma vaga quanto para quem já está empregado, é importante ter cautela ao alimentar os perfis e comentar postagens. Com isso, os empregadores buscam indícios de como os candidatos se comportariam também em ambiente organizacional.

No início deste ano, a assistente social Patrícia Nogueira, 38, resolveu incrementar seu currículo no LinkedIn — ferramenta voltada para relacionamentos profissionais — com um vídeo, em animação, para chamar a atenção de recrutadores. Menos de duas semanas após a publicação, já recebeu contato de empresas e de 12 pessoas interessadas em encomendar vídeos. “Eu criei para anexar ao meu currículo, então, toda vez que eu fosse enviar meu currículo para uma empresa, iria anexar o vídeo. (...) E (tem) muita gente perguntando se eu posso fazer, mandando currículo pra eu fazer. Então, eu resolvi unir o útil ao agradável”, conta.

Ao buscar vagas
O caso de Patrícia é um exemplo de como a presença em redes sociais — sejam as de caráter profissional, como o LinkedIn, ou as pessoais, como o Facebook — pode influenciar o processo. “Rapidamente, o recrutador entende que conteúdo o candidato posta, do que gosta e que tipo de comportamento manifesta na internet”, afirma a psicóloga Gisele Studart, diretora da Studart RH e diretora de marketing da Associação Brasileira de Recursos Humanos no Ceará (ABRH-CE). Ela acrescenta que essa consulta é cada vez mais uma tendência e que, com o uso da tecnologia para otimizar o processo de seleção, todas as informações tendem a estar interligadas.

Para José Roberto Marques, master coach e presidente do Instituto Brasileiro de Coaching (IBC), qualquer pessoa — esteja ela procurando emprego ou não — precisa estar atenta às publicações que faz nas redes sociais e à maneira de se comportar diante de postagens dos outros usuários. “Postagens polêmicas, ofensivas e preconceituosas; exposição excessiva e conteúdos que remetem à insatisfação, como o famoso ‘odeio segunda-feira’ ou mesmo ‘chega logo, sexta-feira’, devem ser evitados”, indica.

Ao interagir em postagens de terceiros, como em grupos para divulgação de vagas de emprego, os usuários também devem ter cautela. Comentários depreciando empresas ou vagas, segundo a psicóloga, podem prejudicá-los. “Não consigo ter certeza, mas demonstra que tipo de pessoa (ela ou ele) é, que não pensa duas vezes antes de expor algo negativo”, afirma Gisele.

Atenção constante
O bom senso para um comportamento online adequado também é necessário após a contratação, pois, dependendo do perfil da empresa, determinadas publicações podem não ser bem vistas, quando publicadas rotineiramente. “Se trabalho com RH e vejo uma pessoa que o tempo inteiro posta foto em festas ou com bebida, eu tenho que ir lá e pedir para ela se policiar. Eu tenho ali profissionais que estão ligados à minha empresa que podem se incomodar”, afirma Gisele.

Além disso, apesar de as redes sociais serem espaços pessoais, alimentar postagens sobre assuntos polêmicos, com a intenção de gerar discussões, de acordo com Marques, também pode causar má impressão. “Isso gera a sensação de que esse profissional é inflexível e não respeita opiniões contrárias às dele”, pontua.

Ao se ter dúvida sobre fazer ou não uma publicação, Marques aconselha refletir sobre a imagem que se quer passar. O coach acrescenta, ainda, que, além de todos esses cuidados, é importante que os funcionários não exponham a organização sem autorização prévia. “Se a empresa permitir postagens, faça-as com moderação e bom senso. Se feitas da maneira correta, elas são vistas com bons olhos”, indica.