Utilizado inicialmente em 2012, na Conferência Europeia de Empoderamento do Paciente, o conceito de empoderamento do paciente busca soluções para dar mais qualidade de vida para pessoas que vivem com doenças crônicas. Desde que foi apresentado, o tema é amadurecido em diversos países, a exemplo do Brasil.
A informação via incentivo médico à busca de conhecimento sobre a doença e os tratamentos possíveis por parte de pacientes é fundamento básico do processo. Foi o que destacou a mastologista Maira Caleffi, presidente voluntária da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), em sua recente vinda a Fortaleza. Na ocasião, a médica participou da quarta edição do Fórum de Combate ao Câncer da Mulher, evento ocorrido nos dias 29 e 30 de novembro.
Segundo Maira, com as tecnologias, grande parcela dos pacientes chegam aos consultórios já com uma pesquisa prévia sobre a doença realizada na internet, provocando "dúvidas organizadas" sobre o diagnóstico. "Visitas ao 'Dr. Google' são uma realidade inevitável que interferem na postura do paciente. Entretanto, elas não podem substituir a visita ao médico", alerta.
A mastologista aponta, ainda, a atuação do paciente como agente e protagonista do combate ao câncer combinada a alternativas cada vez mais eficientes de diagnóstico e tratamento oncológicos. "Para completar a receita em busca da redução dos índices de mortalidade, como nos países desenvolvidos, também faz-se necessária a atuação no âmbito governamental para o acesso a esse avanços", enfatiza.
Sentindo na pele
"O empoderamento do paciente fez com que as mulheres tomassem atitudes diferentes quanto ao modo de lidar com a doença", aponta Maira. A médica comenta que pessoas em tratamento sabem do que precisam e farão o que estiver ao alcance para providenciar as melhores condições para administrar a situação.
Foi o caso de Joana Jeker, 41, que percebeu um nódulo durante banho, fazendo o autoexame. Atualmente, Joana atua em organizações não-governamentais (ONG) ajudando outras mulheres. Presidente e fundadora da "Recomeçar: Associação de Mulheres Mastectomizadas de Brasília", Joana explica que, por conta do histórico da doença entre as mulheres da família, sempre teve o hábito de realizar o autoexame. Curada há dez anos, hoje, reconhece-se como militante e ativista em saúde da mulher.
Após a segunda cirurgia a que precisou submeter-se, Joana foi orientada pelo médico a buscar seus direitos enquanto paciente. Foi quando, por meio de pesquisa na internet, encontrou a lei federal Nº 9.797, de maio de 1999, que garante pelo SUS o direito cirurgia plástica reconstrutiva de mulheres que sofrerem mutilação total ou parcial de mama, decorrente de utilização de técnica de tratamento de câncer.
"De posse dessa informação, eu me empoderei e fiz um abaixo assinado solicitando o ressarcimento da cirurgia e a ampliação do sistema. Mas nada foi feito, até eu realizar uma manifestação em dezembro de 2010", conta. O resultado foi uma um mutirão da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF) com a finalidade de solucionar o problema.
Em Fortaleza, Adriany Nóbrega, que luta contra a doença, atua na Associação NossaCasa. A cearense também começou a investigação após percepção de nódulo durante o banho. Após os exames, foi diagnosticado o câncer mestatástico. Em busca do apoio de autoridades do Ceará, a educadora física segue na luta do tratamento, apesar dos impasses burocráticos e jurídicos.
"Eu agradeço muito pelos fóruns que acontecem no Ceará porque eles nos dão o conhecimento que o paciente deve buscar para poder lutar", afirma. Além de evento como esse, Adriany aponta a Associação NossaCasa como fonte de apoio, informações e incentivo que possibilitam o empoderamento do paciente.
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