PF recolhe 'termo de ajuste' entre Odebrecht, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa
23/03/2016 | 17:30A Polícia Federal apreendeu com o presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, um "termo de ajuste" assinado por ele e dois executivos da Andrade Gutierrez e da Camargo Corrêa - três empreiteiras acusadas de cartel e corrupção na Petrobras. O documento de 2002 tem oito itens com acertos entre as partes referentes a obras públicas, como no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos.
O documento é de dezembro de 2002 e foi anexado junto com a superplanilha de doações da Odebrecht, dentro do procedimento da Operação Acarajé, deflagrada em 22 de fevereiro - que tinha como alvo o marqueteiro do PT João Santana. Ele foi indiciado nesta terça-feira, 22, pela PF pelo recebimento de US$ 7,5 milhões em conta secreta na Suíça. Os valores teriam como origem o cartel que atuava na Petrobras, entre as empresas a Odebrecht, que repassou US$ 3 milhões do total.
O documento em poder do executivo da Odebrecht indica aos investigadores da Lava Jato composições de negócios entre as três empresas concorrentes. Cita compromisso entre "CC", Camargo, e "CNO", Odebrecht por causa de "Campos novos" e "Licitação em BSB", o "acordo de Palmas", "preferência na escolha de lote no projeto CMSP Linha 4", o "contrato de Cumbica - Pátio TPS-3 ou 3ª pista", entre outros.
O documento pode ajudar a força-tarefa da Lava Jato nas acusações que devem começar a ser montadas neste ano de cartel contra empreiteiras acusadas de fraudes e desvios na Petrobras. Até aqui, as ações penais imputam aos acusados os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Falta o pacote de processos por cartel e fraudes licitatórias.
Na terça-feira, 22, a PF deflagrou a 26ª fase da Lava Jato, em decorrência das descobertas feitas anteriormente na fase 23, Acarajé. A partir do repasse de valores suspeitos ao marqueteiro do PT, a Lava Jato chegou à secretária Maria Lucia Tavares, que era uma das responsáveis pelos pagamentos de propina da Odebrecht. Presa desde o dia 22 de fevereiro, ela fechou delação premiada e levou os investigadores a um departamento montado na empresa para cuidar dos pagamentos e da contabilidade da corrupção.
Todo departamento de pagamentos paralelos teria sido organizado sob controle do presidente afastado Marcelo Bahia Odebrecht, que na terça-feira anunciou sua intenção de fechar colaboração. Odebrecht está preso desde 19 de junho de 2015 em Curitiba. Ele foi condenado no mês passado pelo juiz federal Sérgio Moro a 19 anos de prisão. Na terça-feira foi confirmado pelo grupo que os executivos estão negociando acordo de colaboração com a Lava Jato.
Das três empreiteiras, executivos da Andrade Gutierrez e da Camargo Corrêa fecharam acordo de colaboração premiada com a Lava Jato.