[an error occurred while processing this directive] Confissões sexuais de um jovem escritor | O POVO
CONTINUAÇÃO DA CAPA 21/01/2016

Confissões sexuais de um jovem escritor

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Por: Fernanda Coutinho (Professora do Departamento de Literatura da Universidade Federal do Ceará)

 

O novo livro de Jacques Fux, Brochadas, me impressionou muito bem, o que já ocorrera com o primeiro (Antiterapias, 2012), aliás. De início, a constatação de que a Literatura, para Fux, é um ato de total entrega. E, como as verdadeiras entregas, uma demonstração de coragem. E isso, a partir da escolha do tema, não apenas pelo caráter traumático, mas pelo tabu que ainda hoje envolve as questões ligadas ao sexo, apesar de toda a literatura libertina de todas as épocas e lugares. Mas o confessionalismo de seu texto expõe o problema de uma forma tal que, para o leitor, fica difícil passar pelo assunto como gato em brasas, e, mesmo que tente, imagino, lá ficará a força da impotência a agulhar-lhe a mente e os sentidos.


Dentre tantos aspectos que me encantaram no seu texto, um foi a gana com que Fux trouxe o lúdico para o território de cada página do livro, e a constatação de que, com o passar das páginas, a ludicidade ganhava uma maior voltagem. De onde vem ela? Do recurso da autoficção, em que Fux vem se revelando um mestre, da auto-ironia, enquanto autor e narrador, e da grande consciência de que a Literatura é uma festa à la Babette, onde a alegria-satisfação é de todos e de ninguém ao mesmo tempo.


Interessante ainda, com relação à ludicidade, é a pesquisa com amigos e conhecidos acerca da experiência de brochar, o que coletiviza o texto de certa maneira e cria uma inflexão face ao confessionalismo do jovem escritor.


Os apoios metatextuais criam um jogo de armar interessante, puxando o leitor, mais uma vez, para o centro do texto. Ele, o leitor, para quem se dirige o desafio da decifração de outras presenças literárias nesse Brochadas.


Enfim, para mim trata-se, antes de tudo, de um livro inteligente, desafiador, que exige muitíssimo a cumplicidade do leitor. Em outras palavras, a literatura que aqui é apresentada como possibilidade de registro confessional, não se furta a ser vista como uma arte da conversação.


Parabéns ao jovem escritor e a seus leitores, que poderão, cada uma a seu jeito, fazer parte desse colóquio, tão rico de possibilidades, sobre as impotências humanas. Um colóquio que se torna rico principalmente pela presença marcante das reticências, já que o tema, mesmo abordado com agudeza, dirige sua vocação de muito perguntar rumo ao infinito.

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