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O país que celebra cartunistas como Ziraldo, Mauricio de Souza, Angeli e Jaguar é o mesmo que guarda outros tantos talentos entre suas fronteiras. O cearense Guabiras é um exemplo dessa safra de artistas que têm trabalho consolidado fora do eixo Rio-São Paulo. Cartunista do O POVO com 18 anos de trajetória, ele entra agora para o rol dos Malditos Cartunistas, projeto que lançou, em 2011, documentário evidenciando o humor gráfico brasileiro e, em 2012, transformou o filme em série exibida no Canal Brasil. O trabalho segue e agora vai para a internet como websérie cuja produção já está em andamento. Além de Guabiras, o cearense Weaver Lima também é destaque.
“Esse projeto é grandioso e, depois de 18 anos (como cartunista), é um reconhecimento. Eu passei muito tempo desenhando pra mim mesmo”, conta Guabiras. Para o artista, que tem traço marcante e apresenta temas bem característicos da cultura cearense, é importante ampliar o leque de interlocutores. “Tem essa coisa de achar que não sou conhecido e me emociono quando alguém chega pra mim e diz que conhece meu trabalho, gosta, acompanha”.
Filmado, escrito, produzido e dirigido por Daniel Garcia, conhecido como Juca, em parceria com Daniel Paiva, Malditos Cartunistas nasce ligado à Tarja Preta, revista para a qual o cearense colaborou. “O trabalho do Guabiras é bem regional, é bem típico do Ceará. Interessava pra gente tê-lo nesse material (websérie)”, aponta o carioca Juca, que é destaque da atual geração de HQ underground no País, em visita a Fortaleza.
Depois do filme que percorreu festivais, ganhando prêmios como o de melhor documentário em longa-metragem no Festival de Petrópolis, o projeto vive agora novo momento. Enquanto o primeiro trabalho traz depoimentos intercalados dos principais cartunistas do País, o molde para o internet destacará um artista por vez. “Vai ser um personagem falando sobre o trabalho dele. Será num formato diferente, com cinco minutos cada, e, a princípio, serão doze episódios”, revela Juca, que entrevistará também nomes como Laerte e Ricardo Coimbra.
A websérie, porém, ainda está em fase de captação de recursos e não tem data de estreia. “Coisas independentes são sempre meio difíceis. A gente está fazendo na raça e correndo atrás de apoio”, diz o cartunista e diretor carioca. Para Juca, o projeto ajuda a dar visibilidade a trabalhos como o de Guabiras, que agora ganha registro audiovisual. “Antes do Malditos Cartunistas não tinha nenhum registro de cartunista do Brasil, não tinha nada que traçasse um panorama pegando todos esses caras”, comenta o diretor.
Um traço cearense
“Meu estilo é independente, underground, 100% nordestino. Quando eu comecei a ilustrar, eu me baseava no Angeli e no Laerte. E eu via eles citando a avenida Paulista, o rio Tietê, aí eu pensei: ‘por que não posso citar a Aguanambi, as bandas de rock daqui, as comidas daqui?’”, lembra Guabiras.
Ele completa: “Tem dado certo e eu quero continuar desenhando por muito, muito tempo. Lá em casa é uma montanha de quadrinhos, tem material ali para mais de 18 anos”, comemora o cearense de 37 anos.
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