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Na opinião do cientista político Josênio Parente, a iniciativa do governador Cid Gomes (PSB), de propor regulamentar o Parque do Cocó em troca da construção do viaduto pela Prefeitura de Fortaleza não é o fato mais relevante da noite de segunda-feira. Segundo Parente, Cid e o prefeito Roberto Cláudio (PSB) pertencem ao mesmo partido e os projetos para o Estado e para Fortaleza, são do PSB, não das pessoas à frente das gestões.
Para ele, o fato que mais chama atenção na iniciativa de Cid é ter demonstrado que reconhece que governar não é apenas um aspecto técnico, mas também atitude de reconhecimento da existência da soberania popular, como importante instrumento de legitimidade do poder.
Ele lembra que, quando Luizianne Lins (PT) era prefeita de Fortaleza, o perfil dela era mais de diálogo com os movimentos sociais, enquanto Cid tinha perfil prático, de execução dos projetos. “Cid era um técnico e Luizianne era uma administração que buscava diálogo com a sociedade civil e soberania popular. Essa atitude de Cid é significativa, é uma coisa nova”, destacou.
Segundo ele, como Cid e Luizianne tinham partidos diferentes, era mais fácil cada gestor expressar autonomia. E, como Cid e Roberto Cláudio são do mesmo partido, fica difícil desatrelar seus projetos.
Para a professora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará (UFC) na área de Ciências Políticas, Danielle Nilim, no entanto, é muito cedo para se chegar à conclusão de que a visita de Cid à ocupação foi um gesto de humildade. “Qualquer conclusão é prematura. Está tudo dentro de um bolo de manifestações que vêm ocorrendo há dois meses no Brasil. Não dá para dizer que há mudanças na cultura política, nem das atitudes dos governos por aí”, disse. Portanto, é importante aguardar os desdobramentos do processo.
Segundo ela, obviamente Cid e Roberto Cláudio têm muita proximidade. “Mas a atitude do governador não é interessante, porque o viaduto é obra da Prefeitura. Tinha que ser atitude do prefeito”. (Lucinthya Gomes - lucinthya@opovo.com.br)
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