[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive]
Em dezembro de 2014 presenciei, no Palácio do Planalto, em Brasília, a entrega do relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) para a presidente Dilma. Foi um momento histórico experienciar, a poucos metros, as lágrimas de uma ex-guerrilheira torturada pela ditadura militar. Ali, em meio a um amontoado de jornalistas, câmeras e à formalidade de eventos oficiais, os olhos trêmulos da comandante-em-chefe das Forças Armadas se encontraram, por um momento, com os inquietantes olhares de familiares de mortos e desaparecidos políticos. Naqueles olhares uma pergunta não cessou de aparecer: onde estão os desaparecidos?
Infelizmente, o relatório da CNV não respondeu essa pergunta nem outras. Boa parte devido ao fato de agentes da repressão, num ato de insubordinação à própria presidente, ao descompromisso com a sociedade Civil e ao Estado, se recusarem a revelar informações. Entretanto, se houve esse percalço no relatório, surgiram avanços no mesmo ao recomendar políticas públicas e expor uma lista de 377 agentes repressores da ditadura, dos quais mais da metade ainda estão vivos e impunes. Um deles, inclusive, foi aplaudido nas recentes manifestações por “intervenção militar” e impeachment.
Os aplausos de setores da sociedade a um repressor do regime ecoam em alguns parlamentares do nosso Congresso - o mais conservador desde 1964 - segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar; e adornam a nova roupa da direita – uma rede de conservadores dos Estados Unidos que financia jovens latino-americanos e defende velhas bandeiras com uma nova linguagem, como apontou uma recente matéria da Agência Pública.
Diante dessa situação não devemos nos estagnar no lamento ou aflição. Uma das maneiras de responder essa conjuntura é com mais democracia: exigir do próprio Estado a efetivação das recomendações da CNV. Criarmos outro tipo de guerrilha, em outro contexto, dessa vez no campo das ideias: convidamos os leitores a conhecerem o Minimanual da Arte Guerrilha Urbana – um livro escrito pelos Aparecidos Políticos com técnicas criativas pra lutar por justiça de transição, que foi lançado há poucos dias, no Espaço Aparelho. Agora, mais do que nunca, lembrar para não repetir.
Alexandre de A. Mourão
aparecidospoliticos@gmail.comPsicólogo, foi pesquisador da Comissão Nacional da Verdade e atualmente integra o Aparecidos Políticos
Erro ao renderizar o portlet: Caixa Jornal De Hoje
Erro: maximum recursion depth exceeded while calling a Python object
Erro ao renderizar o portlet: Barra Sites do Grupo
Erro: <urlopen error [Errno 110] Tempo esgotado para conexão>
Copyright © 1997-2016