vida & Estilo.dom 15/01/2017

"Feminejo". A mulher sem dor de cotovelo

Comportamento: Cantoras sertanejas colocam mulheres como protagonistas, aproximam-se de ideias feministas e veem canções inaugurando o "feminejo"
notícia 9 comentários
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Domitila Andrade domitilaandrade@opovo.com.br
FOTOS DIVULGAÇÃO
Maiara e Maraisa e Marília Mendonça: mulheres são protagonistas da novíssima geração do sertanejo

Longe de ser a mulher sofrida, que chora o amor findado e a dor de cotovelo, ou mesmo que tem o corpo e as vontades cantadas em vozes masculinas, as mulheres das músicas de Marília Mendonça e Maiara e Maraisa — alguns dos expoentes da nova leva do sertanejo — são protagonistas das próprias histórias. Exalam desejo, falam de sexo abertamente, saem para beber enquanto o companheiro está em casa, terminam o relacionamento porque se valorizam mais que ao outro, dizem que o término foi um livramento e deixam bem claro que nas próprias vidas mandam elas.
 

As três cantoras fazem no próximo domingo, 21, em Fortaleza, a Festa das Patroas — título em alusão a quem banca e manda em casa. O show já rodou o Brasil. E é difícil encontrar alguém que, mesmo sem querer, não tenha escutado os sucessos delas e de outras cantoras do mesmo perfil, como Simone e Simaria e a recente Loka (parceria com Anitta), e Naiara Azevedo e os seus 50 reais.
 

Para Rayza Sarmento, pesquisadora em Mídia e Gênero e doutoranda pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a identificação, a representatividade e o empoderamento são elementos preponderantes na construção desses sucessos. “Elas estão em seus lugares de fala e, ao ouvi-las, você se escuta. As mulheres sempre beberam e fizeram o que está posto nas músicas, mas isso era visto como um problema. E aí vem uma menina dizendo que isso é um comportamento natural”, analisa, afirmando que as músicas ajudam também a desconstruir padrões do que sejam atitudes femininas e masculinas.
 

Elas aprofundam no sertanejo o que Roberta Miranda iniciou e o que Solange Almeida ousou no forró ao dizer que “eu não sou obrigada a te amar (...) não quero ver você no meu ouvido,
grudado em mim, querendo me dominar” em um tempo em que era mais comum ouvir “me usa, me abusa que o meu maior prazer é ser tua mulher”. O movimento é ainda similar ao que Tati Quebra-Barraco e Valesca Popozuda propuseram no funk.
 

A aproximação com ideais feministas como isonomia, sororidade e direito sobre o corpo, presentes nas novas canções sertanejas, é clara e fortalece o termo “feminejo”. Ainda assim, as cantoras evitam se declarar feministas. Para Germana da Cruz Pereira, professora do Departamento de Letras Estrangeiras da Universidade Federal do Ceará (UFC) e pesquisadora de gênero feminino em narrativas multimidiáticas, a explicação está na ideia deturpada que se tem do feminismo. “As pessoas acham que se autodenominar feminista é estar atrelada a uma ideia enviesada de que se trata de uma mulher masculinizada”, diz.
 

Por isso, não se pode culpar quem não se identifica como feminista, afirma Rayza. “Elas trabalham numa indústria fonográfica machista. Dizer que é feminista pode fechar portas. Mas as músicas delas tornam públicas e palatáveis questões caras ao feminismo para um público jovem”, pondera. 

 

Sucessos das patroas
Mexidinho, Maiara e Maraisa

“Cheguei nas pontas dos pés (...) E meu marido fingiu que tava dormindo (...) Me ferrei, exalou as pingas que eu tomei (...) Onde cê tava?/ Com quem andava?/ O que é que eu faço/ Por que é que eu não te largo?/ É por causa que eu faço mexidinho/ Faço gostosinho e fim de papo”
Folgado, Marília Mendonça
“Eu nunca tive lei/ E nem horário pra sair nem pra voltar/ Se lembra que eu mandei você acostumar/ Tô te mandando embora/ Melhor sair agora/ Não vem me controlar” 

 

Bat-ponto

 

OPOVO - Vocês creditam o sucesso à identificação com as letras e com quem as canta?
Maiara - Sim! É isso: identificação com as letras e com a nossa personalidade, porque o que a gente ouve é que as pessoas gostam das músicas e do nosso jeito.

OP - As suas músicas podem empoderar as mulheres?
Marília Mendonça -Acredito que sim! Ouvimos muito isso por onde passamos, mulheres que se inspiram com nossas letras, pessoas que se identificam. Mas a ideia não é abraçar causas feministas nem nada, é apenas conquistar o espaço que é merecidamente nosso.

OP - Quais problemas veem no feminismo?
Marília - Não vemos problemas, mas a gente não se considera feminista, porque os homens nos ajudaram demais, eles que gravaram nossas músicas e assim ficamos conhecidas e chegamos aos palcos. Acho que igualdade é muito importante, temos de ter o mesmo espaço. 

 

Ponto de vista

 

As donas da situação
Mesmo não abraçando o feminismo como base para as canções, a nova geração das “patroas”, muitas do eixo sertanejo, jamais poderiam se distanciar tanto do termo quanto gostariam. É sabido que há uma enorme distorção do conceito, mas, partindo do princípio que o feminismo discorre sobre igualdade entre os gêneros, as canções hit parede são um exemplo disso. A mulher deixou de ser a coadjuvante das aventuras masculinas para se tornar personagem principal das letras de sofrência. Ela bebe a próprio gosto, vai onde quer e não se humilha pra homem nenhum. Numa das letras de Maiara e Maraisa, Mexidinho, quem volta do bar na ponta dos pés, cheirando a “pinga” é ela, quebrando um esteriótipo dos relacionamentos. Hoje a mulher é a patroa. Ela trabalha, investe no futuro e constrói a própria história, deixando pra trás os receios moralistas que outras teceram no passado. Hoje, ela é a dona da situação, ou como as próprias se intitulam: as donas da porra toda!


Renata Viana, editora-adjunta do Núcleo de Arte do O POVO 

  • Maiara e Maraisa e Marília Mendonça: mulheres são protagonistas da novíssima geração do sertanejo
espaço do leitor
ANONIMO 15/01/2017 07:19
é pq quando o bicho homem teve a chance de imitar as mulheres nao a fizeram, agr tem q sofrer as consequencias, infeliz do homem que nao aproveitou a graciosidade de sua mulher, agr tera q lidar com essa nova geraçao.
ANONIMO 15/01/2017 07:18
é pq quando o bicho homem teve a chance de imitar as mulheres nao a fizeram, agr tem q sofrer as consequencias, infeliz do homem que nao aproveitou a graciosidade de sua mulher, agr tera q lidar com essa nova geraçao.
ANONIMO 15/01/2017 07:18
é pq quando o bicho homem teve a chance de imitar as mulheres nao a fizeram, agr tem q sofrer as consequencias, infeliz do homem que nao aproveitou a graciosidade de sua mulher, agr tera q lidar com essa nova geraçao.
ANONIMO 15/01/2017 07:18
é pq quando o bicho homem teve a chance de imitar as mulheres nao a fizeram, agr tem q sofrer as consequencias, infeliz do homem que nao aproveitou a graciosidade de sua mulher, agr tera q lidar com essa nova geraçao.
ANONIMO 15/01/2017 07:18
é pq quando o bicho homem teve a chance de imitar as mulheres nao a fizeram, agr tem q sofrer as consequencias, infeliz do homem que nao aproveitou a graciosidade de sua mulher, agr tera q lidar com essa nova geraçao.
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