Certa vez, uma mulher foi ao consultório da médica Paola Tôrres, 49, em Fortaleza, e mostrou a ela uma grande bolha que havia crescido em sua perna. Para curá-la, havia uma pomada que custava cerca de R$ 35. Mas a mulher, que sustentava a família com meio salário mínimo, não tinha condições de comprar o medicamento. Paola, então, ensinou-a a esterilizar uma tesoura de ponta fina para que, em casa, com cuidado, ela mesma cortasse a protuberância e, com babosa, protegesse o local. Deu certo. E, se não tivesse dado, ainda assim, haveriam outras alternativas à pomada de R$ 35.
Medicina, para a onco-hematologista pernambucana e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), é isso: entender a forma como o outro compreende a si e a sua doença para ajudá-lo da melhor forma. Com essa ideia norteando a carreira de 27 anos, Paola lança hoje à noite, no Theatro José de Alencar, publicação intitulada Andei por aí: narrativas de uma médica em busca da medicina. O livro conta, em cordéis escritos pela própria médica, 13 histórias que ela acompanhou de pacientes diagnosticados com linfoma.
“As pessoas pensam que humanização é uma coisa que se pode ensinar sem ter contato com outras pessoas. Não. Você humaniza com humano”, diz a médica, que também canta e toca violão. Na viagem de três mil quilômetros que fez pelo Ceará em 2015, passou por Fortaleza, Quixadá, Quixeramobim, Senador Pompeu, Quixelô, Iguatu, Várzea Alegre, Saboeiro e Tauá. Fez questão de, junto a um grupo de universitários que orienta, conhecer o cotidiano e a realidade dos pacientes que atende no Centro Integrado de Oncologia (Crio), na Capital.
“As narrativas de vida foram muito ricas, mas mais rico ainda foi o encontro”, define. Inclusive, encontro, para ela, é o real significado da medicina. “O poder não no distanciamento. Quem te ajuda é quem está próximo de você”, ensina.
Medicina integrativa
Na UFC, o Núcleo de Medicina Integrativa (Numi) foi inaugurado em janeiro deste ano e tem Paola Tôrres como coordenadora. Ela confia que, tendo bons exemplos na academia, os futuros médicos serão mais humanos. “Se você não tiver um olhar de cuidado, de proximidade com o outro, não pode oferecer a ele cura”, conclui. (Luana Severo)
Serviço
Lançamento do livro Andei por aí
Quando: HojeOnde: Theatro José de Alencar
Hora: 18h30min
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