poesia 07/08/2017 - 17h51

Perpétua sentença

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Perpétua sentença
 
 
(Ítalo Lima)
 
 
Foi um frio na espinha
Foi assim, de um jeito estranho 
Que eu descobri a tua partida 
O teu adeus eu guardei 
No velho porta-retrato 
Doeu pra caralho 
Sentir a solidão ardendo a pele
Eu me fiz de forte 
E estanquei em carne viva
A sutura do teu desaparecimento 
A cartomante já havia previsto 
O desenlace inevitável eu ignorei
Mesmo banhado de sangue 
Preferi acreditar naquela velha
História cármica de dois corpos eternos
Interligados pelo mistério cósmico
Do bater de asas 
De uma borboleta no Japão
Eram cinco da manhã
Quando implorei em vão
Pelo teu arrependimento cínico 
Eu pedi pra você voltar
E você me disse de um jeito sério
Que minha pele não é mais
Abrigo para o teu tato árduo
E eu me vi sem chão
Sem atrito, sem toque
Sem teus dedos cálidos
Procurando meu arrepio 
Eu ignorei as minhas avenidas
E num atropelo que mata
Eu me vi atingido 
Desfalecendo pálido no asfalto
Chamando em vão pelo teu abrigo
O pedaço teu de carne presa
No meu dente diz muito
Sobre a indigestão que carrego
Vou fluindo patológico 
Com meus tumores 
Respirando rarefeito 
Tateando teu olhar inquieto 
Procurando os meus
Sangrando em agonia
E vagando perdido
Para sempre no espaço
Chamando teu nome.


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