Fortaleza e Fortalezas
Felipe Augusto Ferreira Feijão
Estudante de Filosofia - Universidade Federal do Ceará
O cidadão de Fortaleza vive na 12ª cidade mais violenta do Brasil e 35ª do mundo, segundo dados da ONG mexicana Conselho Cidadão para Segurança Pública e Justiça Penal. Isso significa dizer que o povo se torna vítima de um estarrecimento governamental que parece não dialogar com as realidades dos fatos.
O medo assombra a todos. Seja qual for a hora do dia ou da noite, se faz necessária atenção redobrada ao sair na calçada, nas ruas ou a voltar de algum local para casa. Infelizmente, todo cuidado é pouco quando se vive numa cidade perigosa. A situação é tão grave que o valor da vida humana se encontra banalizado.
A população aprendeu a conviver numa cidade repleta de problemas, de desigualdade e de violência. A chamada periferia, muitas vezes em várias localidades é marcada pela negligência da oferta de serviços públicos básicos para uma vida digna.
Em Fortaleza existem diferentes Fortalezas. Isso mesmo: empreendimentos gigantescos levantados pelo interesse comercial contrastam com áreas desproporcionalmente simples e vulneráveis. Os empreendimentos milionários, shoppings, ambientes seletos parecem ser uma contradição numa cidade onde grande parte da população não tem condições de acessar tais locais.
Fortaleza é um exemplar criterioso do que é a desigualdade social, posto que, se respira desigualdade na capital cearense. É difícil imaginar que a cidade de edifícios esplendorosos à beira mar, é a mesma que possui uma generosa parcela de sua população mantida na margem periférica sem sequer a oferta de serviços básicos por parte do governo municipal.
Os problemas além de sociais se expressam de forma física. Em tempos de chuva, a péssima infraestrutura se revela em forma de caos. Alagamentos, ruas e avenidas esburacadas, moradias em áreas de risco agravadas. A chuva, que atualmente é uma necessidade num estado de grave seca, infelizmente explicita um sério descaso.
O bonito discurso de planejamento e de visualização futura da cidade, numa proposta de inovação e de modernização, parece não dialogar com a atual situação que aguarda a possível minoração de tantos problemas que atormentam diariamente o povo fortalezense.
De fato, nessa data comemorativa de 291 anos, quem merece os cumprimentos é o povo que vive, convive e sobrevive em Fortaleza, cidade de belezas, de riqueza, de pobreza e de cenários não tão belos.
Diante disso, a pergunta decisiva é o que comemorar?
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