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explosivos

Após ameaça de bomba, policiamento da AL não sofre alteração

05/04/2016 | 11:50

O recolhimento de treze quilos de dinamite em um carro estacionado ao lado da Assembleia Legislativa, na noite da última terça, não alterou o policiamento do entorno na manhã desta terça-feira, 5. Ao todo, um efetivo de 14 homens, entre PMs e bombeiros, realiza o policiamento da área 24 horas por dia, segundo o coordenador militar da AL, coronel Paulo Pessoa.

Segundo o coronel, o veículo Volkswagen foi localizado em atitude suspeita por volta das 21 horas, na rua Francisco Holanda, próximo à avenida Desembargador Moreira. "Temos guarnições de moto e carro que também fazem o policiamento do entorno. Aquele carro estava há bastante tempo parado, então checamos e confirmamos pela placa que havia sido tomado de assalto no dia anterior", disse ao O POVO Online.

O coronel Paulo Pessoa afirma que o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) foi acionado e retirou o material. "Todo o procedimento de isolamento foi feito, mas por enquanto não temos dados sobre a intenção", disse. O POVO apurou que não havia risco do explosivo atingir a AL, mas em um raio de 50 metros o efeito de fragmentação da bomba atingiria alvos.

As causas da ameaça ainda não foram confirmadas pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), mas alguns funcionários da área arriscam teorias. "Eu acredito que o carro estava lá esperando o caixa-forte do banco dentro da Assembleia. O veículo fica estacionado perto, mas devem ter visto que não ia explodir e abandonaram", disse um homem, que preferiu não se identificar.

O taxista Jefferson Luís, 21 anos, trabalha de 8h às 21h no local, mas não viu o isolamento da área no dia anterior. "Eu soube pelo jornal e muitos clientes chegaram perguntando. Uma inclusive falou 'eu não acredito que agora vamos ter até terrorismo no Brasil'. Eu eu acredito nisso, coisa boa não era", disse.

Os moradores que passavam pela rua Francisco Holanda, na manhã desta terça, não sabiam da bomba ou tinham apenas informações veiculadas na imprensa. "Eu soube hoje pela rádio, estava na minha casa no Acarape já. Ninguém aqui no prédio falou disso, até porque pela hora que foi não devia ter muito movimento", contou o zelador do prédio em frente à AL, Benedito Pereira, 67.

O POVO Online viu pelo menos três câmeras de segurança nas laterais da AL, mas o número total ainda não foi informado pela SSPDS. Um PM, de nome preservado, diz que o monitoramento é grande. "Tem umas câmeras visíveis e outras escondidas, aqui parece o Big Brother Brasil", brincou.

"Foi mesmo? Nem ouvi falar disso", assustou-se a funcionária pública Alzeni Oliveira, 45 anos, que mora em uma casa em frente à AL. Assim como ela, os comerciantes da área também não estavam na rua no momento do isolamento. "Todo mundo aqui só viu pelo jornal, porque a maioria [dos estabelecimentos] fecha antes das 18 horas", explicou a auxiliar administrativa Germana Vale, 40 anos.

No início de março, foi aprovado projeto de lei que proíbe as empresas de concederem o sinal de celulares em presídios do Ceará. A medida desagradou facções criminosas e, nesta manhã, mensagens de ameaças a prédios públicos foram postadas nas redes sociais.

A SSPDS explicou, em nota, que investiga a veiculação em redes sociais de textos, vídeos, áudios ou imagens sobre atos criminosos. Após remoção do material, os explosivos foram conduzidos para o paiol do Gate, onde serão submetidos à fiscalização do Exército Brasileiro. ''A SSPDS informa ainda que investiga todo o material que chega ao conhecimento dos agentes de segurança, não descartando nenhuma possibilidade'', completa.

Saiba mais
De acordo com a SSPDS, foram encontrados exatamento 13,3 quilos de emulsão de nitrato de amônia, material conhecido popularmente como bananas de dinamite sem detonador à distância.

O prefessor de Física da Universidade Federal do Ceará (UFC), Raimundo Costa, explica que a dinamite possui poder de combustão de cerca de 7,5 megajoules por quilograma. "Essa quantidade poderia explodir uma área de 10x10 metros, mas isso não é linear. Vai depender da forma como as dinamites estavam dispostas, da organização dos explosivos. Não dá pra precisar sem mais dados sobre o material", avaliou.

mauri melo/o povo
Explosivos foram levados ao paiol do Gate