Atualizada às 18h11min
O leite especial destinado a crianças com Alergia à Proteína do Leite da Vaca (APLV) está em falta no Ceará. O vereador Jovanil Oliveira (PT) denunciou ao O POVO Online que o estoque de fórmula está zerado na Coordenadoria de Assistência Farmacêutica do Estado (Coasf), responsável pela distribuição. A Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) fornece a substância por meio do Programa de Alergia à Proteína do Leite da Vaca (PAPLV).
Segundo Jovanil, a ação da secretaria é insuficiente para atender à demanda. "É muito grave que somente o Estado promova o atendimento às crianças. A Prefeitura de Fortaleza está totalmente omissa", aponta.
A falta de leite foi noticiada pelo O POVO Online em
outubro do ano passado. Em
novembro, a situação ainda não havia sido regularizada. Segundo relatos de mães, a entrega ocorreu pela última vez no dia 4 de dezembro.
A comissão representativa das famílias se reuniu com o secretário de Saúde, Henrique Javi de Sousa, no dia 9 de dezembro para debater a regulamentação do programa. A manutenção do estoque para este ano foi acordada durante o encontro. Estiveram presentes o vice-líder do governo do Estado, Júlio César Filho (PTN) e o coordenador de articulação política dos movimentos sociais do governo, Acrísio Sena (PT).
Problema recorrente
De acordo com a presidente da Associação das Famílias e Amigos de Crianças com Alergia Alimentar (Afac), Aline Saraiva, a regulamentação é a melhor forma de garantir o acompanhamento adequado para as crianças. "Estamos travando uma luta para que essas crianças sejam tratadas de fato. O programa é mais para distribuir do que acompanhar um tratamento", explica. "E quando a gente começa o ano denunciando essa carência, só prova que a situação é recorrente".
Por meio de nota, a Sesa informou que as 2.600 crianças atendidas pelo PAPLV "estão com leites especiais em casa". A secretaria diz que cada criança recebe o suficiente para suprir por um prazo de 15 dias. "Um novo agendamento já é feito para recebimento de novas latas na Coasf. A assistência farmacêutica da secretaria distribui o alimento diariamente, conforme cronograma de agendamento".
De mãos vazias
Apesar do posicionamento da Saúde, a presidente da Afac desmente a informação. Segundo Aline Saraiva, as famílias que tentam receber a fórmula, voltam de mãos vazias desde a última segunda-feira, 4.
Outra contradição com a afirmativa da Secretaria da Saúde é o depoimento de uma mãe que diz que o prazo para receber a fórmula é de mais de um mês. Márcia Moraes relata que foi atendida pela última vez no dia 30 de novembro e ainda não recebeu outra remessa do produto. "Eu ainda não fui buscar leite este ano", explana. "Era pra ter recebido no dia 30 (de dezembro), mas pediram que eu fosse no próximo dia 12 por causa do recesso".
Dificuldade
Segundo informou a Afac, há uma parcela de crianças que só se alimenta das fórmulas. Aline Saraiva esclarece que a substância é cara e a falta dela compromete a saúde dos meninos. "Algumas famílias vieram do interior, de Sobral, Iguatu, só para isso e voltaram sem receber o leite", denuncia Aline.
A lata do Neocate, marca da fórmula subsidiada pelo Estado, custa R$ 142; o Pregominho, outra marca de leite distribuída, custa R$ 130.
O parlamentar Jovanil Oliveira irá se reunir com as famílias em seu gabinete e solicitou à Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde Pública a realização de audiência com o objetivo de garantir o atendimento das crianças.