Atualizado em 2/7/2016 às 16 horas
Embora ainda tímido, o cinema LGBT ganhou destaque na indústria na última década. Além de filmes que marcaram o imaginário popular, como "Priscila, a Rainha do Deserto" e o consagrado "O Segredo de Brokeback Mountain", O POVO Online reúne títulos necessários para a discussão de sexualidade e gênero, além de filmes indispensáveis para qualquer cinéfilo.
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (Daniel Ribeiro, 2014)
O filme brasileiro desenvolve as relações apresentadas no curta-metragem "Eu Não Quero Voltar Sozinho", de 2010. O romance mostra, de forma sensível, as descobertas de Leonardo (Ghilherme Lobo), um estudante cego, e o amigo Gabriel (Fabio Audi). O texto amplia discussões a cerca do amor e da independência a partir dos tabus e tradições da época de escola.
Assista ao curta que deu origem ao filme:
O Segredo de Brokeback Mountain (Ang Lee, 2005)
Um dos maiores expoentes do gênero nos últimos 11 anos, o longa-metragem de Ang Lee narra a complexa relação de Jack Twist e Ennis del Mar, interpretados por Jake Gyllenhaal e Heath Ledger, respectivamente. Um dos favoritos ao Oscar de Melhor Filme em seu ano (perdeu para Crash), venceu grandes prêmios da indústria cinematográfica, como Globo de Ouro, Bafta e o Independent Film Awards. Levou também o Leão de Ouro, do Festival de Veneza.
Orações para Bobby (Russell Mulcahy, 2009)
Inspirado em uma história real, Orações para Bobby acompanha as mudanças enfrentadas em uma família cristã fervorosa a partir da revelação da sexualidade de um dos filhos. A conservadora mãe do garoto, Mary Griffith, interpretada por Sigourney Weaver, acredita que Deus pode curá-lo. Ela oprime a homossexualidade do filho por aproximadamente quatro anos. A trajetória emocional de Mary mostra que a compreensão é essencial no processo de descoberta e aceitação. A mensagem é clara: o preconceito pode ser um caminho sem volta.
Transamérica (Duncan Tuker, 2005)
O drama narra, em formato roadie movie, a jornada de Bree Osbourne, uma orgulhosa transexual de Los Angeles, para a operação que a transformará definitivamente em mulher. O papel rendeu a Felicity Huffman os prêmios de Melhor Atriz no Globo de Ouro, Festival de Cinema de Tribeca, Independent Spirit Awards e a indicação ao Oscar.
Delicada Atração (Hettie MacDonald, 1996)
Despretensioso, narra o primeiro amor entre dois garotos e seus conflitos familiares. O argumento foi escrito a partir da peça homônima de Jonathan Harvey. No site especializado em cinema, Rotten Tomatoes, Delicada Atração tem 90% de avaliações positivas.
Priscilla, a Rainha do Deserto (Stephan Elliott, 1994)
A comédia dramática acompanha duas drag queens interpretadas por Hugo Weaving e Guy Pearce e uma transexual, com Terence Stamp no papel, que atravessam o deserto australiano a bordo de estilizado ônibus Priscilla. Considerado um marco na luta gay, a primeira ideia para o roteiro nasceu aqui no Brasil. O diretor Elliot revelou em entrevista que se inspirou em drags que viu no Carnaval do Rio de Janeiro, em 1989.
Tatuagem (Hilton Lacerda, 2013)
A narrativa se passa ainda na era da ditadura militar, em 1978, em um cabaré chamado Chão de Estrelas, no Nordeste brasileiro. Clécio Wanderley, personagem de Irandhir Santos, dirige o estabelecimento. Ele conhece o soldado Arlindo, vivido pelo ator pernambucano radicado em Fortaleza Jesuita Barbosa. A canção "Volta", do cantor Johnny Hooker, marcou o romance dos personagens e deu projeção ao artista.
A Garota Dinamarquesa (Tom Hooper, 2015)
Com o vencedor do Oscar Eddie Redmayne, o longa é baseado no livro de David Ebershoff sobre a relação de Lili Elbe, pioneira trangênero, e Gerda Wegener. Enquanto homem, Redmayne é Einar, um pintor dinamarquês de relativo sucesso. O filme é bem avaliado por crítica e público. A atriz Alicia Vikander, que interpreta a esposa de Einar, venceu o Oscar de Melhor Atriz neste ano.
Milk - A Voz da Igualdade (Gus Van Sant, 2008)
Orçado em U$ 15 milhões, o filme baseado na vida do político e ativista norte-americano Harvey Milk, primeiro homossexual assumido a ser eleito a um cargo público na Califórnia. A Voz da Igualdade deu a Sean Penn seu segundo Oscar de Melhor Ator, depois de Sobre Meninos e Lobos, e a quinta indicação da Academia. O longa que reacendeu a discussão sobre a situação política vivida pela comunidade gay em São Francisco, nos Estados Unidos, venceu também a categoria Melhor Roteiro, além de ser indicado em outras seis categorias.
Meninos Não Choram (Kimberly Peirce, 1999)
O clássico é baseado na história real de Brandon Teena, um jovem garoto que nasce em um corpo biologicamente feminino, mas se identifica com o gênero masculino. A narrativa acompanha sua trajetória como transexual e os conflitos que ele precisa enfrentar. Brandon foi interpretado brilhantemente por Hilary Swank, que levou para casa o Oscar de Melhor Atriz. Uma das histórias mais necessárias dentro do gênero.
The Bubble (Eytan Fox, 2006)
Um dos mais importantes filmes na temática, o israelense The Bubble se passa em um descolado bairro de Tel Aviv, apelidado de "bolha". A segunda maior cidade de Israel amarra o destino de Noam (Ohad Knoller), um vendedor de discos que divide o apartamento com dois amigos, e Ashraf (Yousef "Joe" Sweid), um palestino que conheceu após um acidente. Poderoso, o filme coloca a causa no centro dos conflitos da região.
Menção honrosa
Além dos 11 títulos apresentados acima, O POVO Online lembra dois grandes filmes da temática que deixaram suas marcas nos idos de 1980 e permanecem na memória de quem viveu a época.
O primeiro deles é A Lei do Desejo, de Pedro Almodóvar, lançado em 1987. Pioneiro espanhol na temática, o filme foi considerado polêmico por tratar de assuntos que eram considerados tabus da sociedade e volta e meia ainda são tratados como tal. Além da homossexualidade, a narrativa traz mudança de sexo, outro tema recorrente na filmografia do cineasta, e até pedofilia. Venceu o Festival de Berlim, como Melhor Filme do Ano, o colombiano Festival de Bogotá, além dos prêmios espanhóis Plata, Sant Jordi e o norte-americano San Francisco International Lesbian & Gay Film Festival.
Mas antes mesmo de Almodóvar realizar o que se tornaria um de seus clássicos, o cineasta alemão Rainer Werner Fassbinder lançou, em 1982, Querelle. Baseado no romance "Querelle de Jest", do escritor, dramaturgo e poeta francês Jean Genet, o longa usa de elementos cenográficos, fotografia calorosa e a intensidade quase teatral das interpretações para dar nova vida a perversão transgressora de Genet. Lançado após a morte do diretor, Querelle é considerado um dos maiores momentos de Fassbinder no cinema. O realizador, aliás, partiu cedo, aos 37 anos, mas deixou filmografia de mais de 40 títulos, entre curtas e longas-metragens.
Veja o trailer:
Redação O POVO Online