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TV Pop 27/05/2015

Quem te viu, quem te vê

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Émerson Maranhão emerson@opovo.com.br
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É constrangedor, para dizer o mínimo, assistir a um capítulo de Babilônia (TV Globo) depois da mudança de rumos da trama imposta pela direção da emissora. Pressionados a aumentar os esquálidos índices de audiência do folhetim e driblar o boicote organizado por igrejas fundamentalistas, os autores Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga tiveram que, praticamente, abandonar o enredo original de sua novela e inventar vários novos conflitos com a atração no ar. Recorrendo a uma metáfora automotiva de fácil compreensão, é tarefa equivalente a trocar um pneu com o carro em movimento.


Longe dos “pequenos ajustes” costumeiros a obras do gênero, denominadas como “abertas” dada a possibilidade de alterações em sua narrativa a partir da receptividade (ou não) do público, Babilônia está completamente descaracterizada. Tomemos como exemplo a performance de Beatriz (Gloria Pires), uma de suas personagens protagonistas, no capítulo da última segunda-feira, 25.


A executiva descobre que seu amante ocasional Diogo (Thiago Martins) vai se casar naquela tarde com Gabi (Kizi Vaz). Mesmo sendo acusada de ser a assassina do pai do rapaz, Cristovão (Val Perré), corre à igreja onde se dará o casório, aborda o amante numa sala reservada e implora para que ele não se case, ameaçando “contar no altar toda a verdade sobre nós”. Ante à firme recusa de Diogo em cancelar o casamento, Beatriz resigna-se a assistir à cerimônia por trás de uma porta lateral da igreja, em prantos, ao ver o homem que ama se casar com outra.


Excetuando-se a performance irretocável de Gloria Pires, definitivamente esta não é a Beatriz apresentada ao público nos primeiros capítulos de Babilônia. A lacrimosa mulher abandonada, que sofre ao ser trocada por uma moça mais jovem, em nada lembra a devoradora de homens, amoral e cínica, que não mede esforços para conseguir o que quer - e neste rol inclui-se levar para a cama quem deseja e descartá-lo depois, que o trio de autores concebeu e está descrita assim no site oficial de Babilônia: “É uma ótima estrategista, mas não consegue manter sob controle sua sexualidade voraz”.


A esta “domesticação forçada” do furor sexual de Beatriz somam-se as outras várias guinadas “éticas” da trama, na tentativa inútil de atrair um público que não está nem um pouco interessado em vê-la. Para isso, direção da TV e autores apostam em uma amnésia coletiva dos espectadores ou num milagre silencioso e invisível que tocou o coração de boa parte dos personagens.


Assim, da noite para o dia, a ideia de se tornar uma garota de programa de luxo fica odiável para Alice (Sophie Charlotte), a mesma garota que quando morava em Abu Dhabi não se constrangia em namorar um homem muito mais velho por quem não nutria nenhum sentimento além do apreço pela sua polpuda conta bancária. Ou ainda, o empresário Evandro Rangel (Cassio Gabus Mendes), contumaz consumidor de sexo pago, hábito que inclusive compartilhava com o filho Guto (Bruno Gissoni), torna-se um romântico cavalheiro apaixonado e disposto a tudo em nome do amor de Alice.


Do nada, o instrutor de saltos ornamentais Carlos Alberto (Marcos Pasquim), que originalmente faria par romântico com o professor de slackline Ivan (Marcello Melo Jr), se heterossexualiza (sic) e disputará o coração da mocinha - sem sal - Regina (Camila Pitanga). Otávio (Herson Capri) que constava na sinopse como um traficante entrou na trama como executivo braço-direito de Beatriz. Pior foi Rogéria, a atriz, que nem na trama entrou, apesar de ter um personagem definido (Úrsula Andressa, uma estrela veterana que se acha parecida com a atriz suíça Ursula Andress) e de seu nome constar nos créditos de abertura.


Mesmo com todas estas mudanças (e talvez até por causa delas), a esperada reação na audiência não aconteceu e a TV Globo decidiu antecipar o final da trama, encurtando-a em 18 capítulos. Sem dúvida, é uma atitude louvável para a dignidade dos autores e da própria novela. A continuar como está, Babilônia entrará para a história como a novela que foi sem nunca ter sido.


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