Poço da Draga: Comunidade está prestes a comemorar 107 anos de história
Geimison Maia
geimisonmaia@opovo.com.br
Poço da Draga
É impossível contar a trajetória da comunidade do Poço da Draga sem relembrar, também, a da Ponte Metálica - a de estrutura mais antiga e deteriorada, localizada próximo à avenida Almirante Tamandaré.
Usada para o embarque e desembarque de mercadorias, a ponte cumpriu um importante papel para a economia do Ceará na primeira metade do século XX. “Era por meio do porto que Fortaleza estabelecia relações comerciais com a Europa e portos brasileiros”, afirma o professor da pós-graduação em Geografia da UFC, Eustógio Dantas, no livro Mar à vista: Estudo da Maritimidade em Fortaleza.
Hoje localizado nos limites entre o Centro e a Praia de Iracema (próximo à Indústria Naval do Ceará - Inace), o Poço da Draga foi crescendo a partir do porto. A diretora de ação educativa da ONG Velaumar e moradora da comunidade, Isabel Cristina Lima, informa que o local começou a ser povoado em 1906.
Segundo a pensionista Geraldina Pereira, 88, uma das mais antigas moradoras do lugar., no início as casas eram de taipa e a população sobrevia das atividades do porto, seja trabalhando como carregadores ou na venda de bordados e de alimentação. Geraldina é explica o porquê do nome Poço da Draga. “É porque a draga era ali atrás (onde hoje está instalado o Inace). Era como se fosse um braço do mar, a água empoçava ali (quando a maré subia). Lá, os meninos ficavam tomando banho. Era uma diversão”, afirma.
História
Professor do curso de História da UFC, Sebastião da Ponte conta que aquela era uma região portuária “desde o período Colonial”. Porém, ressalta que “as embarcações não ancoravam ali. Botes, barcos menores e jangadas levavam as mercadoria (até os navios)”. Toda essa movimentação propiciou a instalação da alfândega, de escritórios de exportação e depósitos de mercadorias.
Na década de 1950, a construção do Porto do Mucuripe fez com que, aos poucos, a Ponte Metálica perdesse a importância. Essa transferência, continua o historiador, ajuda a entender parte da pobreza do lugar. “Quando o porto foi embora, acabou tudo”, diz dona Geraldina, que teve de criar os seis filhos com o dinheiro da pensão que passou a receber depois da morte do marido.
Atualmente, moram no Poço da Draga 505 famílias, totalizando população aproximada de duas mil pessoas. Segundo Isabel Lima, a maioria deles sobrevive do trabalho informal. Mas esse é um povo que não fica de braços cruzados e está na luta por melhores condições de vida. A ONG Velaumar, por exemplo, desenvolve uma série de projetos que estimulam a cultura, como o “Poço da Cultura”, “Mulheres do Poço” e a criação de uma biblioteca comunitária
Cada conquista é muito comemorada. Atualmente, por exemplo, 36 jovens do Poço da Draga estão cursando universidades e vários atletas foram formados na comunidade. No dia 26 de maio, o Poço vai comemorar mais um aniversário. Isabel garante que uma festança vai ser organizada.
ACQUÁRIO CEARÁ
MORADORES ESTÃO PREOCUPADOS COM ATERRO DE GALERIA
1. Moradores do Poço da Draga reclamam do despejo de areia realizado sobre uma galeria de águas existente entre a Ponte Metálica e a Indústria Naval do Ceará (Inace). Segundo eles, o material é proveniente das obras do Acquário Ceará e a preocupação é de que as galerias acabem sendo entupidas. “Se der uma chuva, vai entrar água na casa da gente”, alerta a dona de casa Angelúcia Queiroga. Por falar em Acquário, esse é um assunto que sempre gera dúvidas entre os moradores. Eles temem, principalmente, a necessidade de remoção da comunidade.
RESPOSTA. A Secretaria do Turismo do Ceará (Setur) informa que vai realizar uma visita ao canteiro de obras para verificar a denúncia do despejo de areia na galeria pluvial. Caso confirmado, o órgão buscará uma solução para o problema. Além disso, a Setur garante que a construção do Acquário Ceará não resultará na remoção das famílias que vivem no Poço da Draga. O órgão acrescenta que está em estudo a realização de cursos profissionalizantes na área de turismo, para capacitar os moradores da área.
REDE DE ESGOTO
POÇO DA DRAGA NÃO POSSUI SANEAMENTO BÁSICO
2. A diretora da ONG Velaumar, Isabel Cristina Lima, queixa-se da inexistência de saneamento básico no Poço da Draga. “O esgoto corre a céu aberto. Nas primeiras chuvas, as casas ficam alagadas. É uma questão de saúde pública”, enfatiza.Isabel conta que, para minimizar o problema, os próprios moradores construíram um sistema improvisado de escoamento de água até a praia. “Depois de tanto solicitar e não chegar (a solução), os moradores reuniram os recursos em
bingos e rifas”, informa.
RESPOSTA. A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) informa que só poderia executar o sistema de esgoto no local caso houvesse uma urbanização, adequando as vias para receber a obra.
EM ALTA
ONG VELAUMAR
Entidade aposta na cultura para transformar a realidade do Poço da Draga. O nome vem da expressão usada pelos pescadores ao colocar as embarcações no mar.
EM BAIXA
SERVIÇOS PÚBLICOS
O Poço da Draga não possui nenhum equipamento público, como escolas, postos de saúde e creches.
Serviço
ONG Velaumar
A ONG recebe doações de livros, instrumentos musicais e equipamentos eletrônicos.
Telefone: (85) 8573 5100.
E-mail: tinny_ce@hotmail.com.
RONDA
O Povo nos Bairros publica o telefone de contato dos policiais da Ronda do Quarteirão no bairro Centro3457 1011 e 190
24 MIL
Habitantes
O Centro possui 24.775 moradores, distribuídos numa área de 5,45 km²
PRAIA DE IRACEMA
É a cara do meu bairro
Qual é a imagem que você acha a cara do seu bairro? Participe, envie sua foto para nós: opovonosbairros@opovo.com.brPonte Metálica. O equipamento já foi utilizado como porto e, hoje, é um local de lazer dos moradores do Poço da Draga, apesar das péssimas condições de conservação
PAPICU
CONFUSÃO NO TRÂNSITO
3. A leitora Rosana Raia reclama da confusão que virou o trânsito da rua Gilberto Studart. ”É uma rua estreita e pequena, mas o estacionamento é permitido nos dois lados da via. Os veículos estacionam até na esquina, comprometendo a circulação dos carros e gerando muita confusão”. Segundo Rosana, após às 17 horas, o risco de acidentes na via é muito grande.
RESPOSTA. A Autarquia municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania (AMC) informa ter realizado uma visita técnica à rua Gilberto Studart e “constatou a necessidade de implantar a proibição de estacionamento no lado leste da via”. A AMC diz que a medida será implementada na primeira quinzena de abril, com o objetivo de melhorar a fluidez do tráfego de veículos. Além disso, o órgão prometer intensificar a fiscalização na área para coibir infrações.
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Envie reclamação sobre o seu bairro. Ela será publicada junto com a resposta do órgão responsável. (De quarta a sexta, das 14h às 19 horas) 85 3255 6114 ou 3255 6118
FAX 85 3255 6139
Escreva para: opovonosbairros@opovo.com.br
(coloque seu nome e telefone)
Av. Aguanambi, 282
Joaquim TávoraCep: 60055-402
Multimídia: a coluna O POVO nos Bairros também possui uma versão em vídeo no O POVO Online
GEIMISON MAIA é repórter do Núcleo Cotidiano
As informações são de responsabilidade do autor:
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