Alternativas para se fazer e usar uma moda mais consciente e sustentável serão discutidas durante a Semana Acadêmica de Moda (SAM), que acontece desta quarta-feira, 16, à sexta-feira, 18. Com o tema “Coexistir: consumo, sustentabilidade e moda”, o evento, que é realizado anualmente pelo Programa de Educação Tutorial do curso Design-Moda (PET Moda) da Universidade Federal do Ceará (UFC), chega à sexta edição. A abertura da SAM acontece nesta manhã, no Theatro José de Alencar, no Centro, e o restante da programação tem continuidade no Instituto de Cultura e Arte da  UFC, no Pici.

Para discutir sustentabilidade aplicada à moda, foi pensado um cronograma que inclui mesas-redondas, minicursos, oficinas, feira de produtos autorais, apresentação de artigos acadêmicos e outras atividades. Um dos destaques da edição é a estilista Flávia Aranha, de São Paulo, que é reconhecida nacional e internacionalmente pelo trabalho com tingimento natural e fará parte da mesa de abertura. Além disso, haverá também oficinas de meditação e gastronomia para veganos. “Quando pensamos em sustentabilidade, pensamos também na do ser humano que está envolvido nesse processo, porque ela perpassa todos os níveis da nossa vida, não só o econômico”, afirma Francisca Mendes, tutora do PET Moda.

Entre os temas dos minicursos estão técnicas como “armário cápsula” – que propõe ter menor número de peças e fazer mais combinações entre elas – e upcycling – reaproveitamento de materiais para criação de peças originais. Paralelamente aos minicursos, serão realizadas rodas de conversa por vídeo conferência com Cristal Muniz, autora do blog Um Ano Sem Lixo, e um representante do movimento Fashion Revolution – que está presente em 92 países e incentiva maior transparência na produção das indústrias do segmento.

À frente da Meu Óculos de Madeira, o diretor criativo Gustavo Lima irá compor a mesa-redonda que apresenta “cases de sucesso”. Criada em 2014, a marca utiliza madeira com certificação ou reaproveitada nos produtos – como os relógios de jacarandá, peroba e pau-brasil, que estão lançando após aquisição de mobiliário antigo. Segundo Lima, o cenário local apresenta dificuldades para quem adota esse tipo de negócio. “Percebemos que o mundo pede isso. Localmente, ainda é um grande desafio porque as pessoas ainda não estão tão preocupadas com isso, com negócios que realmente remetem à sustentabilidade. E existe o grande desafio de transformar a maneira como as pessoas consomem os produtos, e não mais só o fast fashion, o produto barato”, afirma.

Escolha do tema
De acordo com Francisca Mendes, a temática para o evento foi decidida junto ao direcionamento para as pesquisas anuais do PET Moda, que atua nos eixos ensino, pesquisa e extensão. Ao longo dos meses, os alunos estudaram desde a sustentabilidade no próprio curso de Design-Moda, a partir do currículo, ao comportamento do consumidor e à sustentabilidade na indústria. “Entendemos que é uma discussão necessária hoje em dia, pois você não pode mais só pensar em poluir, em gerar lucro. Discutir moda e sustentabilidade seria, na nossa ótica, uma contribuição importante para tanto o universo acadêmico quanto a indústria pensarem iniciativas para diminuir os desgastes do planeta”, diz a tutora.

PONTO DE VISTA
O tingimento de tecidos é um dos processos mais poluentes do mundo. Resíduos são deixados no ar, no solo e na água. Mas o uso dos corantes naturais, talvez, não seja solução do problema, já que não atende às metas de grandes indústrias. A natureza demanda tempo, e os corantes naturais trabalham com o ciclo de vida das plantas. Eles podem ser uma alternativa e até mesmo um diferencial para comunidades artesãs. No projeto de extensão “Mãos do Cariri”, que coordeno na Universidade Federal do Cariri, identificamos e catalogamos possíveis espécies tintoriais encontradas na Chapada do Araripe. Lá e nos arredores, verificamos que recuperar o conhecimento a respeito dos corantes naturais contribui para o desenvolvimento sustentável da região, dando ao artesão possibilidade de escolha ao utilizar o tingimento natural como alternativa ao sintético em sua produção. E uma das consequências para quem se aventurar por esse caminho é um belo encontro com a natureza.

Cristina Silva, 40, professora do curso de Design de Produtos da Universidade Federal do Cariri, mestre em desenvolvimento regional sustentável

Serviço
VI Semana Acadêmica de Moda
Quando: de hoje, 16, a sexta-feira, 18, a partir das 8h
Onde: abertura no Theatro José de Alencar (rua Liberato Barroso, 525 - Centro) e demais atividades no Instituto de Cultura e Arte da UFC (avenida Mister Hull, s/n - Pici)
Quanto: R$ 20,00 (inscrição básica, que permite ao público assistir às mesas-redondas, palestras, rodas de conversas e apresentações de artigos)
Informações: http://samufc.weebly.com

Programação da VI Semana Acadêmica de Moda
16/08 Quarta-feira
8h às 10h: credenciamento
9h30: solenidade de abertura
10h: mesa de abertura: Flávia Aranha e Manuela Medeiros

14h às 18h: minicursos
Armário Cápsula (Mariella Fassanaro)
Patchwork (Walkíria Guedes)
Sustentabilidade e universidade (André Ferreira)
Upcycling (Orleane e Anie Barreto)
Produção de Moda (Thais Ferreira)
Visual Merchandising (Priscila Guimarães)

17/08 Quinta-feira
9h: apresentação de trabalhos em GTs
Moda Artes e Criatividade
Moda, História e Cultura
Corpo, Moda e Comunicação
Produção de Vestuário, Mercado e Consumo de Moda
Moda, Educação, Sociedade e Sustentabilidade
14h às 18h: minicursos

18/08 Sexta-feira
8h às 15h: oficinas
Crochê (Wemerson Oliveira)
Hortas (Roberto Jun Takane)
Acessórios (Meiriane Nascimento)
Gastronomias para veganos (Vaikuntha Prasada)
Meditação (Yelw Felício)
14h: mesa-redonda cases de Sucesso (Gustavo Lima, Meu Óculos de Madeira, e Karla Amadei, Organic Goa)
16h: palestra de encerramento (Celina Hissa)
18h: coquetel de encerramento

Programação paralela: feiras de gastronomia, de produtos autorais e de produções artísticas dos alunos

Programação extra: rodas de conversa (Cristal Muniz, do blog Um Ano Sem Lixo, e representante do movimento Fashion Revolution)