O POVO CARIRI 15/05/2017 - 08h42

Conheça Wanderson Petrova: o artista muito além da Madonna

Wanderson Petrova ganhou espaço na mídia após o reconhecimento de Madonna sobre seu trabalho e, principalmente, a partir do convite da diva pop para um trabalho fora do Brasil
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Sabryna Esmeraldo sabryna@opovo.com.br
FOTOS: CAMILA DE ALMEIDA

Em 2016, o artista cratense Wanderson Petrova teve duas de suas intervenções artísticas elogiadas e compartilhadas nas redes sociais por ninguém menos que Madonna. E se o reconhecimento da personalidade que tanto influenciou sua juventude já "mexeu com o mundo" de Petrova, o que viria a seguir seria ainda maior. No final do ano passado, a fundação RaisingMalawi, da cantora, entrou em contato com o artista para convidá-lo a pintar um muro do Mercy James Institute, hospital infantil que a Rainha do Pop vai inaugurar no Malauí, na África, para onde Petrova viajou no início de março último. Mas, afinal, quem é Wanderson Petrova?

Vocação
O desenho e a pintura foram partes fundamentais da vida de Wanderson desde criança, quando, muito tímido, tinha a arte até como forma de fazer amigos. "Quase substituía a linguagem oral, era minha comunicação", conta. Na adolescência, a vocação precisou vencer obstáculos como a descrença da família e de amigos, com comentários como "Todo artista morre de fome", "Arte não é trabalho" e "Você não precisa estudar para isso".

Indo na contramão de todas essas crenças, hoje, o artista não apenas vive de arte (há cerca de sete anos!) como também busca sempre se qualificar. "Não dá para dissociar produção de conhecimento. A universidade é uma porta de experimentação, de pesquisa", afirma Petrova, que está se formando em Artes Visuais na Universidade Regional do Cariri (Urca).

 

Pintor, cenógrafo, ator, produtor e fotógrafo, Petrova usa a arte, ainda, como meio de ajudar. Com um trabalho social vinculado à Secretaria Municipal do Trabalho e de Desenvolvimento Social do Crato (SMTDS), o artista desenvolveu, por três anos, workshops e espetáculos com mulheres, idosos e crianças em situação de vulnerabilidade social. "Dentro dos espetáculos costumo trabalhar muito a questão de gênero com toda a comunidade. A arte assume um cunho social, um direito de reivindicar quem eu sou, o que posso alcançar, um processo de resgate de autoestima e conhecimento de seus direitos", explica.

Influência Madonna
"Quando eu era criança, muitos amigos brincavam com bonecos, brinquedos convencionais. Eu não me prendia a isso, mas sempre fui apaixonado por música. E se, na infância, ele já ouvia as fitas da cantora para fazer tarefa da escola, na juventude foi além das músicas. "Pesquisei quem era Madonna, estudei o movimento feminista, a condição da mulher na indústria fonográfica. Isso foi influenciando minhas produções e meus materiais de pesquisa", afirma Petrova, que também terá a trajetória da cantora como tema de seu trabalho de conclusão de curso.

Foi motivado, também, pelas mensagens da estrela e pela vontade de pintar algo a que todos tivessem acesso que o artista decidiu fazer suas primeiras intervenções nas ruas do Crato. O muro em frente a sua casa, antes alvo de lixo, foi o escolhido para a obra inspirada no vídeo do single "Ghosttown" de Madonna. O trabalho, apenas dois dias após sua execução, foi o primeiro a ganhar destaque no Instagram da cantora, que compartilhou a mensagem: "Trabalho incrível, seja quem for o artista!".

 

Seis meses depois, outra pintura, dessa vez inspirada na performance de "Living for Love" na turnê do novo disco, foi compartilhada na conta da artista com a publicação: "Arte legal no muro! O amor conquista tudo!".

O convite para pintar um muro do Mercy James Institute, hospital infantil que Madonna vai inaugurar em Malauí, na África, veio logo depois. "Eu não acreditei. Lembro ter coberto o rosto com as mãos, ter chorado bastante. Acredito no meu trabalho. Acho que a base para alcançar as pessoas é acreditar no que você faz. Mas eu não imaginei que isso romperia uma barreira ainda maior. Ela se tornou um símbolo de resistência da minha pesquisa na minha cidade. Não consigo te descrever. Talvez, pintar - descrever não". 

O trabalho
Atualmente, Petrova trabalha com pintura em tela e metal e perspectiva 3D. Outra característica marcante de suas obras é o uso de tintas que proporcionam efeitos como brilhar no escuro ou mudar de cor conforme a distância da tela. "Algo que também faço bastante, utilizando material de arte urbana, são peças com alto relevo. Se um deficiente visual quiser apreciar e explorar esse mundo, como ele iria perceber? Faço isso de 'A arte é para todos' e é mesmo".

E no universo das celebridades, não foi apenas Madonna que se encantou com o trabalho de Petrova. A brasileira Ivete Sangalo já contabiliza mais de dez obras do artista, algumas foram presentes dele, outras fãs encomendaram para presenteá-la e uma delas já inspirou, inclusive, um dos figurinos da cantora. Jorge Vercilo e Elba Ramalho também estão entre os nomes que já reconheceram a produção do caririense.

 

Para aqueles que sonham em seguir carreira na arte, Petrova dá o conselho: "Façam! O trabalho sincero, feito de forma espontânea, atinge muito mais". E deixa o recado também para as famílias: "Apoiem, influenciem como minha mãe fez, ajudem no sonho, incentivem, invistam nesse processo. Quando a força da família é mais atuante, é sucesso garantido".

Já quando questionado sobre os próximos planos ou sonhos que ainda quer realizar como artista, ele explica que a arte é como um chamado interno. "Você tem que provar para o mundo que é capaz e pode influenciar as pessoas de forma positiva. Você chega ao topo de uma montanha, mas tem outra à frente que você também vai querer subir. Eu vou pintar muito. Sempre vai ter outra montanha."

ARTE DE RUA
Atualmente com cerca de 570 trabalhos realizados, entre telas, rabiscos e grandes pinturas, Wanderson Petrova segue fazendo também arte de rua. "A arte de rua comunica. Não colocando no quantitativo, mas no qualitativo, a arte de rua é tão importante quanto um livro. Ambos comunicam. Nem todo livro está ao alcance do público, mas toda arte de rua está", afirma.

Enquanto alguns amigos questionam o fato de ele não ser pago pelos trabalhos nos espaços públicos da cidade, Petrova destaca outro tipo de retorno. "Recebi mensagens, antes mesmo das reproduções da Madonna, dizendo que foi o melhor 'bom dia' que recebeu ao passar de ônibus e ver uma pintura, uma frase de motivação, que também é algo que pinto. Acabou se tornando um cartão de visitas para quem chega à minha cidade", comemora. Outro ponto que destaca são os muros escolhidos como "tela", geralmente os que antes não tinham tanta visibilidade e estavam rachados ou sujos. "Avaliar o poder da arte de rua é muito amplo".

 

A VIAGEM
Wanderson Petrova foi o primeiro artista selecionado pela fundação Raising Malawi para levar sua arte ao Mercy James Institute of Pediatric Surgery and Intensive Care. O caririense embarcou para a África no dia 5 de março de 2017, onde passou cerca de dez dias e pintou dois murais. Logo ao chegar, recebeu o material artístico que havia solicitado, exatamente com os tons solicitados. "Pedi algumas cores específicas, para fazer minhas próprias cores, o azul da composição de um dos murais fui eu que criei", conta o artista.

Orientações eram sempre passados ao artista por telefone e por e-mail pela equipe de Madonna. "Era uma equipe articulando todo o processo junto com a Madonna. Essa minha pintura ela mesma escolheu do meu portfólio pessoal, readaptamos para o tamanho da parede", afirma Petrova. A inspiração para a obra teve como base a cromoterapia, que trabalha o efeito das cores na cura dos pacientes. "A cor azul simboliza muita coisa, funciona como uma acolhida visual muito agradável. Posso dizer que a poética visual seria nos mantermos tão firmes quanto as árvores e tão livres quantos os pássaros da composição", explica, destacando que a cantora elogiou o trabalho. "Foi incrível. A experiência foi única".

Confira, abaixo, o vídeo da entrevista com Wanderson Petrova.

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