A quantos quilômetros de distância uma sólida relação resiste? Em 10.000 Km, longa dirigido por Carlos Marques-Marcet, Alexandra (a inglesa Natalia Tena) e Sergi (o espanhol David Verdaguer) estão juntos há sete anos e tentam ter filhos. Certa manhã, um e-mail anuncia que Alex recebeu uma bolsa para estudar fotografia. Ela vai para Los Angeles, ele fica em Barcelona. O filme, que recebeu 15 prêmios e rendeu ao diretor o Goya de Melhor Diretor Revelação em 2015, está disponível na plataforma de streaming Netflix.
A sinopse não é original e muitos filmes falam sobre esses amores. Mas o diferencial de 10.000 Km fica pela maneira como Marques-Marcet narra a tentativa do casal de se manter junto, mesmo separado. De tão certeira, é até óbvia. Alex e Sergi são os dois únicos personagens do longa e dão conta da narrativa por meio de conversas na webcam, passeios online pelo street view e compartilhamento de fotografias.
O plano-sequência que introduz o filme mostra uma manhã comum de fim de semana e, abruptamente, nos transporta à intimidade do casal. Sem rodeios, nos vemos imersos no cotidiano que em breve será rompido. Após a despedida dos protagonistas, a narrativa é quebrada e passa a ser contada em blocos que sinalizam o número de dias da separação. Conforme os meses passam, mudam os semblantes, a frequência de conversas oscila, brigas e reconciliações acontecem e cria-se o clima de confusão experimentado pelo casal.
A tecnologia não está presente apenas como referência e parte das cenas do filme são imagens captadas por webcam, aproximando a narrativa do nosso cotidiano. Vivemos, durante os 100 minutos de filme, uma narrativa lenta e dolorida e sentimos a angústia do casal na atuação da veterana Natalia Tena (Harry Potter e a Ordem da Fênix) e do estreante nos cinemas David Verdaguer.
Se o tema não é nenhuma grande novidade, 10.000 Km acerta na condução da história, que nos leva aos momentos mais íntimos de relações que existem e se perpetuam, todos os dias, mundo afora. O observador, então, puxa uma cadeira, senta do lado de cá do computador e é convidado a sentir todas as dores da separação, a beleza das novas descobertas, a tristeza de quem sente a ausência do outro e a esperança que vive no casal até o subir dos créditos.
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