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Infância 28/03/2013 - 22h44

Infância e Comunicação

É possível encontrar dezenas de experiências no mundo em que mídias alternativas abrem-se para a participação de crianças e adolescentes atuando com a comunicação como forma de desenvolvimento, o que é fundamental para desenvolver seu senso crítico e postura cidadã.
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Mídia de qualidade e participação de crianças e adolescentes


"Propriedade que determina a essência ou natureza de um ser ou coisa" (...) "grau negativo ou positivo de excelência" (...) "característica superior ou atributo distintivo positivo que faz alguém ou algo sobressair em relação aos outros" (...) "destaque em uma escala comparativa" (...) "capacidade de atingir o(s) efeito(s) pretendido(s)". Essas são apenas algumas definições da palavra qualidade encontradas no dicionário Houaiss.
Mas qual delas usar quando tratamos de discutir mídia de qualidade? E mais, pensando no público infanto-juvenil? Essa questão, que vem sendo debatida pelo movimento das Cúpulas Mundiais de Mídia para Crianças e Adolescentes, organismos internacionais como UNESCO, Comissão Europeia e associações mundiais foi também um dos temas do Seminário Internacional Infância e Comunicação promovida pela ANDI Comunicação e Direitos nos dias 6 a 8 de março, em Brasília, que reuniu diversos especialistas no assunto.
De cara, a primeira constatação: apesar da palavra qualidade não ser a mais adequada por corrermos o risco de particularizar visões e comprometer o que seria efetivamente interessante/de interesse para o público infanto-juvenil, o que se pode afirmar é que qualquer debate sobre esse tema deve partir do pressuposto de que não pode haver liberdade de expressão e "mídia de qualidade" para o público infanto-juvenil sem a sua participação efetiva.
É possível encontrar dezenas de experiências no mundo em que mídias alternativas abrem-se para a participação de crianças e adolescentes atuando com a comunicação como forma de desenvolvimento, o que é
fundamental para desenvolver seu senso crítico e postura cidadã. Mas isso não é o bastante. É preciso que esse público e essas experiências também estejam na grande mídia. Para Leon Willems, Diretor da Free Press Unlimited e Presidente do GFMD - Global Forum for Média Development - Holanda, ao empoderar as crianças elas serão menos vítimas no futuro. "Elas são netcidadãs, portanto, co-criação, criatividade, uso de celulares e várias mídias devem ser levados em conta se você quer chegar nelas", afirmou Willems, que defende uma tv feita por crianças e para crianças.
Para Rebeca Cueva, da Agência de Comunicação de Crianças e Adolescentes do Equador, a participação de crianças e jovens nos meios de comunicação é uma demanda urgente, devido o processo de invisibilidade que estão sofrendo. Hoje tanto no Equador como em outros países, incluindo o Brasil, a programação infantil das TVs abertas está minguando cada vez mais. Segundo Cueva, apenas cinco em cada 100 notas jornalísticas referem-se às crianças. E o que é pior, muitas vezes quando aparecem, são vítimas. Não são mostradas como cidadãs, protagonistas. "Os espaços não favorecem sua participação. São reforçadas sua conduta passiva e querem limitar seus espaços de participação e de pensar, organizar-se, mobilizar-se. Socialmente não existem", denuncia. A comunicação e a participação como direitos das crianças no Equador são pouco promovidos: 60% das crianças e adolescentes falam que suas opiniões não são levadas em conta nem em casa, nem na sociedade. Além disso, crianças e adolescentes representam apenas 0,32% de toda a porcentagem de fontes nas matérias jornalísticas no país. Para Cueva, esse público acaba sendo excluído social, cultural e politicamente. No Peru, a realidade também não é muito diferente. Apesar da TV ocupar bastante o tempo das crianças, apenas 1,8% da programação é voltada para esse público, segundo Rosa Maria Alfaro, presidente do Conselho Consultivo de Rádio e Televisão do país. Essa invisibilidade, porém, parece não estar afetando o senso crítico das crianças: 85% delas questionam os meios por suas imagens violentas. Se tivessem uma participação mais efetiva, talvez essa característica dos meios não fosse realidade. Como seria esse índice no Brasil? Estamos respeitando a participação de crianças e adolescentes? Estamos abrindo espaços para essa participação que é um direito desse público prioritário? Para William Bird, diretor do Media Monitoring Project, da África do Sul, se você está na mídia você tem dever de envolver as crianças. E se você está na mídia e quer longevidade, as crianças tem que ser o centro disso. Se a mídia não coloca esse público como ponto focal, está perdida. Bird afirma ainda que os adultos têm medo das crianças, porque trabalhar com elas exige muito mais; exige jornalismo de qualidade e muita ética. Entre um e outro painel do seminário Infância e Comunicação o que se pôde ver claramente é que as crianças têm sido tratadas como público ou consumidoras dos meios, mas muito pouco como fonte, como sujeitos de direitos que devem ser ouvidos, expressar-se e perceber-se nesses meios, a partir das diferentes formas de ser criança. Sem vitimização, sem espetacularização ou qualquer classificação, simplesmente como crianças!

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