ESTREIA. CINEMA 21/07/2016

Mãe só há uma, de Anna Muylaert

Inspirado numa história real, Mãe só há uma, de Anna Muylaert, não tem pretensões de competir com o antecessor, Que horas ela volta?
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Camila Holanda camilaholanda@opovo.com.br
Divulgação
A trama começa a desenrolar após a prisão da mãe de criação de Pierre


No ano de 2002, a história do menino Pedrinho estourou no País, estampando noticiários, jornais, revistas e comovendo muita gente. Foi descoberto que, ainda neném, ele havia sido raptado de uma maternidade de Brasília, em 1986, e criado pela mulher que ele conheceu por sua mãe durante 16 anos de vida. Na casa onde vivia, descobriu que a irmã, assim como ele, também havia sido sequestrada quando recém-nascida.


 

A história deu material para que a cineasta Anna Muylaert criasse Mãe só há uma, sétimo longa-metragem sob sua direção e que estreia hoje nos cinemas. A temática sobre relação de mãe e filho volta a protagonizar um longa assinado por Muylaert, a exemplo de Que horas ela volta?.


Apesar do sucesso do trabalho anterior - que chegou a ser indicado para representar o Brasil na disputa pelo Oscar de melhor filme estrangeiro este ano- o novo filme nada tem a ver com o antecessor. A diretora conta que a trama é “livremente inspirada” na história do brasiliense Pedrinho, pois compôs os personagens com características de outras vivências pessoais e profissionais.


Uma destas inspirações, conta em entrevista ao O POVO, apareceu quando ela voltou a circular na noite de São Paulo, em 2014. “Encontrei uma nova forma de juventude, em que a ideia de gênero é muito presente”, relata. E esta percepção da diretora se faz forte na narrativa do protagonista, o adolescente Pierre, vivido por Naomi Nero, sobrinho do ator Alexandre Nero.


O filme já começa apresentando o conflito que vai fazer desenrolar a história. Logo nas primeira cenas, Pierre descobre que não é filho biológico da família em que foi criado, quando sua mãe é presa por ter sequestrado dois recém-nascidos (ele e a irmã caçula). A partir disto, o jovem passa a conviver com a família biológica, em um espaço totalmente diferente de seu universo, onde sente que precisa autoafirmar a identidade que ainda está tateando. Na casa nova, ele se chama Felipe, mas ainda tem muito de Pierre nessa vida nova.


A diretora observa que essa afirmação não se fazia necessária na casa de sua família “adotiva”. Passa a ser uma questão de sobrevivência identitária, a de mostrar as unhas pintadas, os olhos esfumados com maquiagem preta e a forma de se vestir. O figurino do filme, inclusive, é assinado pelo cearense Diogo Costa, natural de Iguatu. “(O longa) mostra o processo de o adolescente quebrar a casca do ovo. E ter duas mães ajuda, porque ele sai da casa de uma e já chega na outra. Além de viver um drama terrível”, resume Muylaert.


Após Que horas ela volta?

“Você se decepcionou muito com o filme?”, indagou Anna Muylaert ao fim da entrevista, feita por telefone. A repórter respondeu que “não, de forma alguma”, mas a pergunta reflete muito o processo de a diretora lançar um filme logo após o sucesso que foi e ainda é o Que horas ela volta?. “O filme bombou ano passado, principalmente, em discussões sobre ele. Então, naturalmente, eu tava muito apreensiva. Porque o novo não corresponde a nenhuma expectativa do público. É, na verdade, uma saída pela lateral”, explica a cineasta, um tanto comedida.

 

O longa abriu ontem o 11º Festival de Cinema Latino-Americano, em que a diretora é a grande homenageada. Mãe só há uma foi, ainda, exibido na seção Panorama do Festival de Berlim, e levou o prêmio de Melhor filme Queer do júri da revista alemã Männer, dentro do Teddy Bear Award. Além disto, foi vendido para mais de 15 países.


Baixo orçamento

Orçado R$ 1,8 milhão (diferente dos R$ 4 milhões investidos em Que horas ela volta?), o Mãe só há uma é um filme com gastos bem enxutos, o que, segundo a realizadora, permite mais liberdade, trazendo um resultado com abordagem mais intimista. “Quando tem menos dinheiro, não tem tanta responsabilidade. A gente trabalhou com o dinheiro de um prêmio do MinC (Ministério da Cultura), do edital de Baixo Orçamento”, explica.

 

Os valores reduzidos permitiram, ainda, que a diretora trabalhasse com um elenco menos conhecido (o ator com maior projeção nacional é Matheus Nachtergaele, que faz o papel do pai biológico de Pierre). A liberdade de experimentação também é ressaltada por Muylaert, que fez a opção por ter o longa todo filmado com câmera na mão, sem a utilização de equipamentos para estabilizar a imagem. “É uma câmera mais nervosa, mais sensual. Sempre foi muito narrativa. Ela, agora, é mais fluida”. Depois de emendar dois filmes, Anna quer descansar, mas já adianta que está pensando a sinopse de um novo longa, em que o machismo será abordado de forma mais incisiva.

 

Multimídia


Assista ao trailer do filme em:

http://migre.me/uoTxX

 

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