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Tive a sorte de encontrar o Arnaldo Batista em 2013 numa exposição de seus quadros no SESC Vila Mariana em São Paulo, e não resisti - Posso tirar uma foto contigo mestre? “Vai fundo!”, ele disse num sorriso largo e generoso. Dei pra ele um disco, ele gostou da capa, lembrava suas artes, disse - vou ouvir em casa, pintando. A imagem até hoje me enche de alegria. Pra mim ele é o mestre mais lindo, e a música e a contracultura brasileira não seriam as mesmas sem a sua presença.
Diz o Paulo Leminsky em um texto sobre o Walt Whitman, que toda revolução digna desse nome produz seu grande artista, que como uma antena capta a imensa energia vital liberada pelas transformações coletivas. Poderia estar falando do Arnaldo, que na efervescência dos anos 1960 e 1970, abriu as portas da percepção da música brasileira para o rock e para a psicodelia, na combinação explosiva de estética e política que foi a Tropicália.
Todos que curtimos ou fazemos rock (o que quer que isso queira dizer) no Brasil, devemos muito ao Arnaldo e aos Mutantes. Escrevo ouvindo seu último e incrível disco Let it Bed (2004), pensando em sua história de vida, em tudo que fez, pelas dificuldades que passou, na incrível conexão de sua vida com sua arte, e quase posso ouvir de novo a sua voz generosa como um ensinamento: vai fundo!
Oscar Arruda, cantor, músico e compositor cearense
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