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Esqueça a pluma, a purpurina, o bate cabelo. Concentre-se no íntimo, na dor, no deboche. Quem tem medo de travesti (QTMT) é um convite a repensar o universo trans de dentro para fora. O novo espetáculo do coletivo As Travestidas, que estreia hoje, se propõe a trazer as figuras híbridas do ponto de prostituição da esquina e do palco da boate para a sala das nossas casas. Sem horizontalizar ou caricaturar, a montagem inicia hoje, às 20 horas, no Sesc Senac Iracema, percurso que promete ser longo. A peça segue em cartaz às quintas-feiras de maio, em seguida entra às terças de junho no Centro Dragão do Mar e depois deve circular nacionalmente, começando pelo Rio Grande do Sul.
“Quem tem medo de travesti tem uma visualidade diferente. É bem mais cru e mostra a travesti por trás dos aparatos todos”, afirma a diretora gaúcha Jezebel De Carli, que assina também a dramaturgia com Silvero Pereira, fundador do coletivo. Os dois trabalharam juntos primeiramente em 2013 na montagem de BR Trans, solo de Silvero. A parceria segue e os dois dirigem agora montagem com sete atores em cena e outras angulações sobre essas figuras ainda tão marginalizadas. “O espetáculo tem humor, provocação, desassossego, densidade”, enumera, destacando que a peça tem também canto e coreografia.
No palco, o público encontrará Deydianne Piaf, Verónica Valenttino, Alicia Pietá, Patrícia Dawson, Karolaynne Carton, Yasmin Shirran e a Mulher Barbada. No texto, os atores encontraram suas próprias histórias mescladas a outros relatos reais coletados por Jezebel e Silvero em pesquisa Brasil afora. Somadas às histórias biográficas, a dramaturgia traz referências que vão de João Cabral de Melo Neto a Aristóteles.
“Vivemos uma nova descoberta. É um momento de mudar e de desmistificar”, destaca Denis Lacerda, que agora dá vida a uma Deydianne sem peruca e vestidos exuberantes. Para o ator, QTMT tem potencializado a pesquisa do grupo. “Não é uma peça do Denis, é do coletivo. Não faço só humor, falo da vida pessoal, da infância”, afirma o cearense que, em 2014, ganhou o Prêmio Multishow de Humor e é conhecido por arrancar risos da plateia.
A nova peça coroa o bom momento do coletivo. As Travestidas acabam de adquirir sede própria na Capital, um espaço que será usado para ensaios, oficinas e laboratórios. Paralelo ao QTMT, o coletivo segue apresentando BR Trans, que nos dias 10 e 11 de julho representará o Brasil em festival teatral em Miami, nos Estados Unidos.
Centauros ainda mais híbridos
Estreando nas Travestidas, o ator Rodrigo Ferreira incorpora a Mulher Barbada. “Foi a primeira vez que me montei na vida”, conta. Para vivenciar mais de perto as particularidades do mundo trans, o jovem artista se propôs a sair pelas ruas travestido. “Eu recebi outros olhares, pude compreender melhor o que as meninas passam todo dia”, diz.
A barba, conta Rodrigo, eleva ainda mais o estranhamento em relação à personagem. “Tem sido libertador e reforça ainda mais, para mim, que fazer teatro é também se conhecer enquanto gente”, afirma o também cantor, que conta poder passear livremente pelo agudo e grave nas canções do espetáculo.
“Enxergamos a dualidade como muito inerente ao universo trans. Estamos entre o trágico e o cômico, o masculino e o feminino”, pondera Silvero Pereira, que cita ainda a metáfora do escritor Arnaldo Jabor , para quem a figura da travesti é um “centauro urbano”.
SERVIÇO
Quem tem medo de travesti
Quando: hoje, às 20 horas. (ingresso começará a ser vendido às 18h30).Onde: Sesc Senac Iracema (rua Boris, 90 - Praia de Iracema).
Quanto: R$ 10 (inteira).Telefone: 3452 9090.
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