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Quando o compositor Sérgio Sampaio morreu em 1994, levou consigo uma mágoa guardada há muitos anos. Natural de Cachoeiro de Itapemirim (ES), ele nunca teve uma música gravada por Roberto Carlos, seu ídolo e conterrâneo mais famoso. O desprezo de sua majestade até rendeu uma canção, “Meu pobre blues”, onde ele trata o assunto com boa dose de resignação e sarcasmo.
Mas a verdade é que, assim como Roberto, poucos foram os que reconheceram o valor das canções de Sérgio Sampaio. Não à toa, ele integrou a leva de compositores dos anos 1970 que ficou tachada de “malditos”. Apesar do imenso lirismo, ele era o avesso do que chegava ao sucesso em sua época.
Marginalizado que foi ao longo desses anos, torna-se muito oportuna a homenagem prestada pelo paraibano Chico Salles no disco Sérgio Samba Sampaio. Com arranjos de Henrique Cazes e produção do cearense José Milton, o recente tributo busca tornar mais palatável a obra de um artista que renegava qualquer tipo de rótulo.
Sem excessos ou muitas pretensões, Chico se coloca como um porta-voz de Sérgio ao longo de 12 faixas. São sambas, choros e sambas-canções que evidenciam a alma irrequieta do cachoeirense. “Silêncio na tarde, nos homens. Silêncio que eu quero cantar”, pede ele em “Até outro dia”. “Um livro de poesia na gaveta não adianta nada. Lugar de poesia é na calçada”, protesta em “Cada lugar na sua coisa”, evidenciando que a luta por mais espaço para arte não é nova. A canção conta a participação de Fagner, cuja voz peculiar dá o tom que a letra pede (em tempo: circula na internet a gravação pirata de uma apresentação de Sérgio com Moacyr Luz no Cabaré Mineiro, BH, em 1986. Na ocasião, o artista agradece a presença de Fagner na plateia). Outro convidado de Chico Salles é Zeca Pagodinho, que soa tímido em “O que pintar, pintou”. Fã devotado, responsável pelo relançamento de parte importante da obra de Sérgio Sampaio, Zeca Baleiro comparece em “História de boêmio”, homenagem a Nelson Gonçalves (“Já fui derrotado brigando num ringue, cantor consagrado de tango e suingue”).
Embora nunca tenha sido colocada no patamar que merece, a curta obra de Sampaio é algo ainda a ser descoberto. Sua morte precoce fez dele uma espécie de Robert Johnson nacional. Um alguém que precisou de muito pouco para marcar seu nome na história.
Saiba mais
Um capixaba e um paraibano
Nascido em Cachoeiro do Itapemirim (ES), em 13 de abril de 1947, Sérgio Moraes Sampaio estreou ao lado de Raul Seixas, Miriam Batucada e Edy Star, no disco Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10 (1971). No ano seguinte, a canção "Eu quero é botar meu bloco na rua" tornou-se um sucesso no carnaval.Ele gravou apenas três discos,até morrer em 1994, depois de uma crise de pancreatite. Em 2006, Zeca Baleiro lançou o álbum Cruel, que Sérgio havia deixado incompleto.
Natural de São Francisco do Chabocão (PB), Chico Salles começou na vida artística fazendo sons nordestinos. Ao chegar no Rio de Janeiro, na década de 1970, ele conheceu os redutos sambistas dos morros cariocas acompanhado do “trapalhão” Mussum, que acabou se tornando seu parceiro.
Lírica
“Um livro de poesia na gaveta / não adianta nada /Lugar de poesia na calçada (...) Aonde vai o pé arrasta o salto, / Lugar de samba enredo é no asfalto / Aonde a pé vai se gasta a sola /Lugar de samba enredo é na escola”
“Eu que sou filho de um pai teimoso / Descobri maravilhado que sou mentiroso / Sou feio, desidratado e infiel, bolinha de papel / Que nunca vou ser réu dormindo / E descobri como um velho bandido /
Que já tudo está perdido neste céu de zinco“
Velho bandido
Serviço
Sérgio Samba Sampaio
Gravadora: Universal (12 faixas)
Participações especiais: Zeca Pagodinho, Zeca Baleiro, Fagner e Leo Gandelman
Preço médio: R$ 21,90Erro ao renderizar o portlet: Caixa Jornal De Hoje
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