[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] O papa que esperávamos | O POVO
POBRES 22/12/2013

O papa que esperávamos

Para o padre Lino Allegri, a ênfase dada aos pobres, feita pelo papa Francisco, não é uma escolha de esquerda, mas a opção de Jesus. Allegri escreve uma carta ao pontífice
AFP PHOTO / VINCENZO PINTO
Uma multidão aguarda oração do papa Francisco na Praça São Pedro, no Vaticano
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Querido papa Francisco, Paz e Bem! Me pediram para escrever um pequeno artigo sobre você, e confesso que me sinto sem jeito, porque são tantas as coisas que muitas pessoas já falaram de você, que não sei o que acrescentar. Então me permito falar com você, em forma de carta (como gostaria que você a lesse), para dizer das coisas boas que vejo acontecer depois que você chegou.

 

“O povo que andava na escuridão viu uma grande luz” (Is 9,1). Com estas palavras, o profeta Isaías anuncia ao povo a boa notícia de tempos novos que estão por vir. A luz da boa notícia que você trouxe, Francisco, é a alegria. Alegria que você manifesta nas suas palavras, atitudes, estilo de vida, gestos concretos de ternura. Você abraça, você toca, você beija, você olha nos olhos das pessoas, você nos surpreende, Francisco. É um papa diferente, não estávamos mais acostumados a ver um papa feito gente. Quando você fala de Deus que nos ama, de Deus misericordioso, de Deus que está sempre disposto a perdoar, de Deus que cura as nossas feridas, você nos comove. Parece que Jesus voltou entre nós na sua pessoa. A grande alegria que você nos transmite é a alegria de sermos amigos, seguidores de Jesus. É verdade: “com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria” (Evangelii Gaudium - EG 1).

 

Uma segunda coisa que me parece muito importante é que você colocou, de novo, os pobres no centro das atenções da Igreja e do mundo. Não é nenhuma novidade, viu, Francisco? Mas é uma novidade, sim, porque a Igreja estava se esquecendo dos pobres, vistos como objetos de caridade.

 

Você, pelo contrário, colocou os pobres como ponto central da evangelização. “Hoje e sempre, os pobres são os destinatários privilegiados do Evangelho. Há que afirmar, sem rodeios, que existe um vínculo indissolúvel entre a nossa fé e os pobres. Não os deixemos jamais sozinhos” (EG 48).

 

Os pobres, sempre os pobres. São eles que vão julgar a autenticidade da nossa fé. Na Quinta-feira Santa deste ano, você lavou os pés de 12 jovens em um centro de detenção juvenil de Roma, entre eles jovens de outra religião. No dia do seu aniversário de 77 anos (17 de dezembro), você convidou quatro moradores de rua da periferia de Roma a tomar café da manhã com você. São sinais fortes. Queria lembrar a você, Francisco, que só aqui em Fortaleza, são mais de 4 mil moradores de rua. Já pensou se todos fossem tomar café da manhã com você? Seria uma maravilha. Você fala e mostra claramente que a escolha dos pobres não é nenhuma escolha política de esquerda, é a escolha de Jesus. E, como Jesus, você sabe ser terno e carinhoso e, ao mesmo tempo, firme e decidido quando denuncia os males deste mundo.

 

Colocando os pobres no centro das atenções da Igreja e do mundo, você condena o sistema que os exclui da vida da sociedade. “Devemos dizer não a uma economia da exclusão e da desigualdade social. Esta economia mata. Não é possível que a morte por enregelamento dum idoso sem abrigo não seja notícia, enquanto o é a descida de dois pontos na Bolsa.

 

Isto é exclusão. Não se pode mais tolerar o fato de se lançar comida no lixo, quando há pessoas que passam fome. Isto é desigualdade social” (EG 53). Você nos alerta para não cairmos na “globalização da indiferença”, “na idolatria do dinheiro”, “na ditadura duma economia sem rosto... que reduz o ser humano apenas a uma das suas necessidades: o consumo” (EG 55).

 

Francisco, Francisco, se prepare porque muita gente não vai gostar disso, você meteu o dedo na ferida dos poderosos, aqueles que determinam o destino do mundo, aqueles que têm o poder de desencadear guerras com a desculpa de querer ‘impor’ a paz. Mas, pelo amor de Deus, continue assim, não deixe “que nos roubem a esperança”.

 

Um dia li um romance de Ignácio Silone: L’avventura di um povero cristiano e gravei esta frase colocada na boca do papa Celestino V, aquele santo que renunciou: “É difícil ser papa e continuar sendo um bom cristão”. Você é um bom cristão e um bom papa, Francisco, que há muito tempo esperávamos... e, por favor, não renuncie. Sua bênção.

Lino Allegri é padre e assessor da pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de Fortaleza.

 

1.548.500

Este é o número de senhas distribuidas para as 30 audiências gerais que o Papa Francisco já realizou às quartas-feiras.desde que foi eleito em março deste ano. O número é quatro vezes maior do que o público de todas as audiências realizadas durante o ano de 2012 pelo seu antecessor, Bento XVI (447 mil). 

 

Multimídia
Confira ainda artigo do historiador e professor Juliano Alves Dias. Para ele, Francisco ainda não negou a tradição proposta pelo Papa Bento XVI.

 

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