[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Revisitando Francisco Carvalho | O POVO
Crônica 06/03/2013

Revisitando Francisco Carvalho

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Morreu Francisco Carvalho, um dos maiores poetas não apenas do Ceará, mas do Brasil. Morreu de maneira discreta, sem alardes e gritantes sofrimentos, assim como sempre viveu, em seu canto, quieto...


Conheci o poeta quando ele ainda dava expedientes na Reitoria da Universidade Federal do Ceará, levado pelo amigo comum Sânzio de Azevedo; lá voltei diversas vezes, sozinho, mas principalmente acompanhado de alguns escritores também conhecidos dele ou que o queriam conhecer. O ritual era quase sempre o mesmo, levantava-se para apertar mãos, sentava-se tímido, comentava (quase sempre elogiando os interlocutores; fazia questão de recordar características do autor presente, mesmo quando apenas um jovem iniciante, de quem havia lidos às vezes poucos poemas) sobre literatura e descambava invariavelmente para a situação política do País, destilando alguns comentários ácidos e desesperançados sobre o Brasil e seus políticos.


Por duas vezes escreveu textos sobre livros meus, e até mesmo as cartas com as quais sempre agradecia o envio de livros pareciam feitas para encorajar o escritor que o procurava pessoalmente ou em forma de volumes impressos. Reuniu vasto material de crítica ligeira, feita como que para ‘orelhas’ e breves apresentações, sempre positivas, gentis e encorajadoras. Em rara ocasião o encontrei fora de seu recanto da UFC, foi numa das primeiras bienais do livro do Ceará, quando registramos algumas fotografias juntos com os amigos José Alcides Pinto, Dimas Macedo, Luciano e Virgílio Maia, Sânzio de Azevedo e outros, todos de sacolinhas de livros nas mãos.


A última vez que o visitei já se encontrava em sua casa, aposentado dos maçantes serviços burocrático. Levávamos, eu e Nilto Maciel, um poeta brasiliense que queria porque queria conhecer o recluso poeta. Levantava-se já com dificuldades, falando baixo, ouvia pouco, porém continuava simpático e discreto; parecendo que era (mesmo sendo o ‘poeta famoso’ visitado) apenas mais um na conversa.


Depois disso nos falamos por telefone umas duas vezes, já com sérias (agravadas) limitações para ouvir e falando muito, muito baixo. Senti (sentimos alguns admiradores do nosso grande poeta) que era hora de deixá-lo em paz com sua solidão. Solidão apenas metafórica, fazemos questão de salientar, porque sua querida família estava sempre muito presente, sempre ao lado deste poeta que escreveu em tom maior mas que viveu em tom menos. (Pedro Salgueiro, Especial para O POVO)

 

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