[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Poesias de Manoel de Barros viram músicas | O POVO
Música 26/02/2013

Poesias de Manoel de Barros viram músicas

CD e espetáculo teatral de Márcio de Camillo reverenciam a obra de Manoel de Barros. Voltado para o público infantil, Crianceiras tenta aproximar os pequenos da poesia por meio da música
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O poeta Manoel de Barros e o músico Márcio de Camillo: parceria tecida sem pressa resultou em CD com 10 faixas
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Gosto de poesia e de meninice é o que fica depois de ouvir e, impossível não fazê-lo, cantarolar os versos de “O idioma das árvores” ou “Um bem-te-vi”. As canções integram as dez faixas do álbum Crianceiras, de Márcio de Camillo, cantor e compositor sul-matogrossense que musicou algumas das poesias da extensa e delicada obra do poeta Manoel de Barros.


O trabalho levou três anos de pesquisa e outros dois para ser produzido. Mas, segundo Márcio, seguiu o ritmo necessário. “Pra criança é outro timing. Não podia ser como uma coisa de mercado. Depois se torna um produto, mas na hora (de fazer) tinha de ser na calma”, diz. No comentário se esconde ainda outra razão para o tempo em que foi gestado Crianceiras. O conselho do menino-poeta de 96 anos: “Calma, faça com calma”, indicou Manoel de Barros ao músico que conheceu mais de vinte anos atrás. “Conheci o Manoel em 1989, numa sessão fotográfica na casa dele. Lá também conheci minha mulher. Esses dias contei pra ele, que disse: ‘Espero ter sido o cupido, e não o culpado’”, narra Márcio, entre risos, o começo da história.


Só em 2007, já pai de Mariah, ele pediu a Manoel para mexer em sua obra, transformar em música o que saía naturalmente entoado, criar melodias a partir da poesia – exercício que Márcio tinha por hábito desde a infância, quando tecia no violão acordes para as palavras dos escritores Mário Quintana (1906-1994) e Paulo Leminski (1944-1989). “A poesia é um exercício pro letrista”, observa. Para reverenciar o autor de Livro sobre nada, o músico precisou se dedicar a conhecer profundamente a obra de Manoel de Barros. Nesse processo, percebeu que havia ali um material lúdico e educativo que se encaixava perfeitamente no universo infantil.


Aos poucos, com a participação da filha, o álbum foi sendo construído. A primeira poesia a ser musicada foi “Um bem-te-vi”. Depois Márcio incluiu os personagens “Bernardo”, “Sabastião” e o caranguejo de “Se achante”. O poema “Sonata ao Luar”, que virou “Sombra Boa” por sugestão de Manoel, se tornou a canção mais pedida do disco e também a que conta com a voz (afinada) de Mariah, à época com dez anos. “O tempo todo eu estava testando as canções com a minha filha. Foi difícil convencê-la de que ela não ia cantar todas as músicas (risos). Foi um período de pai mesmo, ela era muito criancinha. Sempre era uma inspiração muito grande, porque se desse certo com ela, daria com as outras crianças”, conta.


Na fase final do disco, havia nove canções. Faltava uma que fechasse o trabalho, mas justamente essa não saía. Quando emergiu, “O menino e o rio” acabou se tornando um resumo de Manoel de Barros, o garoto crescido brincando no chão, entre formigas, cujo quintal é maior do que o mundo. “Lendo o livro Memórias inventadas, eu vi uma pequena autobiografia dele e comecei a juntar os versos pra construir essa canção. Virou minha homenagem a ele”, Márcio relata. Quando Crianceiras chegou ao homenageado, fugiram as palavras de agradecimento. Manoel teve de pedir à mulher, Stella, que o fizesse. Todavia, não é difícil perceber quão bem recebido o disco foi na casa dos Barros. “O bisneto dele canta o disco inteiro e ele mostra para as pessoas que vão à casa dele”, gaba-se Márcio.


Indicado como um dos três melhores álbuns infantis de 2012 pelo Prêmio da Música Brasileira, o projeto se desdobrou em videoclipes animados exibidos pelo canal a cabo infantil Gloob; além de ganhar uma versão cênica, de mesmo nome, inspirada nas ilustrações de Martha Barros, filha de Manoel, que dão vida à capa e ao encarte do CD. “No espetáculo, a palavra é a palavra do Manoel, onde tudo começa; a música é minha, mas o visual é o da Martha Barros”, diz Márcio. Até maio, há 18 apresentações agendadas em diversas cidades do País. Em Fortaleza, ainda não há previsão.


Seguindo o viés educativo e regional que marca o trabalho de Márcio, Crianceiras tem sido adotado como ferramenta pedagógica em escolas de Campo Grande, São Paulo e Curitiba. A primeira tiragem do CD teve uma cota distribuída gratuitamente em colégios da capital sul-matogrossense e Márcio fez shows para alunos da rede municipal. “Aqui o futuro é muito maior que o passado. O Manoel é quase nada conhecido aqui, dentro da sala de aula. (O CD) Virou um facilitador”.


Para crianças, mas não só; para quem conhece a poesia de Manoel de Barros, mas não apenas; Crianceiras facilita mesmo o contato, prepara o terreno da sensibilidade. Mas exige calma, como aconselhou o poeta. “Tem um tempo diferente, é o tempo do Pantanal, da poesia: cai uma folhinha, passa dez minutos, cai outra folhinha”, finaliza Márcio.

 

SERVIÇO

 

O quê: CD Crianceiras

Quanto: R$ 19, 90 (sem frete)

Onde: http://www.crianceiras.com.br

 

Raphaelle Batista raphaellebatista@opovo.com.br
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