Identidade da Imagem
Começa hoje o II Encontro Nacional da Rede de Produtores Culturais de Fotografia no Brasil, que reúne especialistas para discutir a linguagem, políticas públicas e o papel das imagens na construção simbólica do País
Qual é o poder que as imagens têm? Qual o papel da fotografia na formação da imagem do Brasil? Qual a imagem do País que se vende no mundo? Que identidade o Brasil quer ter com essa imagem? Quais políticas públicas vêm sendo desenvolvidas para a fotografia? Essas são apenas algumas das provocações que norteiam o II Encontro Nacional da Rede de Produtores Culturais de Fotografia no Brasil, que acontece hoje e amanhã no Hotel Sonata de Iracema.
O encontro é uma articulação da Rede de Produtores Culturais de Fotografia no Brasil (RPCFB), iniciada em 2010, em Brasília. A organização é composta por 150 membros representantes de 20 estados. O objetivo é desenvolver e difundir projetos gratuitos no campo da fotografia em todo o País. Fortaleza, como uma importante capital produtora da linguagem, é sede da segunda edição do evento, que trará palestras e exposições abertas ao público. “Em uma pesquisa que fizemos, descobrimos que o Nordeste é um dos maiores produtores em fotografia do Brasil”, revela a coordenadora do evento Glícia Gadelha.
Para estampar o aterrinho da Praia de Iracema, uma exposição com imagens gigantes, de seis metros de altura cada, ficará disponível para apreciação. As gravuras comporão trabalhos de fotógrafos cearenses consagrados como Chico Albuquerque e José Albano. Além disso, contêineres estarão abertos à visitação com portfólios digitais que abarcam parte da produção local e nacional. No local haverá também estandes com livros, postais, catálogos de fotografia, entre outros artigos. Estas atividades acontecerão de 17h às 22h30min.
O evento trará diversos especialistas da imagem, dentre eles, o professor da Universidade Estadual de Campinas Renato Ortiz, que discutirá a formação da imagem brasileira através da fotografia. “Nós continuamos vendendo samba, suor e lágrimas, chapéu de couro e chimarrão, mas qual é o Brasil contemporâneo? Não estamos negando o Brasil, nem sua miséria ou violência, mas existe também um País bem diferente de disso que estamos mostrando”, frisa Iatã Canabrava, presidente da RPCFB.
Diante de grandes eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, a nação terá grande visibilidade em outros países e a fotografia é responsável pela construção simbólica dessa identidade. O intuito das provocações iniciais é conduzir o debate, encontrar soluções. “Queremos nortear essa imagem que se quer passar do Brasil. Vai mais pelo viés antropológico do que o viés físico da imagem. É preciso ter cuidado com o que se fotografa, com o que estamos mostrando, isso é uma coisa política”, afirma Glícia.
Politicas Públicas
A ideia é que não somente fotógrafos, mas gestores de eventos onde a linguagem é alicerce, possam contribuir com o debate que envolve memória, políticas públicas, novas plataformas da imagem, pesquisa e difusão. Nomes responsáveis por gestão cultural em diversos espaços do País participarão de mesas redondas. Dentre eles, Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural, Antônio Grassi, presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Cláudia Leitão, secretária de Economia Criativa do Ministério da Cultura e Tibico Brasil, gerente do Ambiente de Cultura do Banco do Nordeste.
Glícia afirma que, a nível federal, as políticas públicas ainda são poucas, mas, a partir da rede, “os estados foram se articulando. A Bahia, por exemplo, tem uma produção fotográfica maravilhosa, mas havia mais de dez anos que não se reuniam. As ações vão sendo feitas isoladas”. Para Fortaleza, a coordenadora explica sobre a luta do Fórum de Fotografia para a construção da Casa da Fotografia, proposta pela Prefeitura ainda na gestão anterior, mas que não saiu do papel. O evento também contará com lançamento de livros e revistas.
SERVIÇO
II Encontro Nacional da Rede de Produtores Culturais de Fotografia no Brasil
Onde: Hotel Sonata de Iracema (Av. Beira Mar, 848 – Praia de Iracema).
Quando: Hoje, 21, e amanhã, 22 a partir de 8h.
Programação gratuita
Informações: 3268 2916 e 8820 0083
Saiba mais
Durante a década de 1980, a Funart criou e manteve o Instituto Nacional da Fotografia, importante equipamento de difusão da linguagem. Retomando as discussões sobre o tema, em 2009, militantes culturais criaram a Rede de Produtores Culturais de Fotografia do Brasil, que conseguiu apoio do Ministério da Cultura (Minc) no ano seguinte e hoje desenvolve ações em todo o País para discutir políticas públicas para a fotografia brasileira. As inscrições para as conferências podem ser feitas no site e presencialmente, no local do evento www.rpcfb.com.br.
Danilo Castro
danilocastro@opovo.com.br
As informações são de responsabilidade do autor:
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