[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Uma crônica viva da vida | O POVO
Saudades 12/09/2012

Uma crônica viva da vida

O velório do escritor Airton Monte , que aconteceu na manhã de ontem, reuniu amigos, parentes e anônimos admiradores para somar as saudades
MAURI MELO
Sônia, viúva de Airton Monte, recebe abraços de amigos do cronista
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À esquerda do corpo velado na sala de nº 4 do cemitério Jardim Metropolitano, a faixa que envolvia uma das muitas coroas de flores, ali depositadas, arriscava definir Airton Monte. “Uma crônica viva da vida”: assim dizia a homenagem de dois amigos entre os muitos que iam se avolumando com o passar das horas, para render um último olhar, somar as saudades, abraçar a família do cronista, poeta e psiquiatra. Desde 2009, ele sofria com um câncer no fígado, ao qual não resistiu na noite da última segunda-feira, quando contava 63 anos.


Amparada pela filha Bárbara, 35, a prima que se tornou o amor de uma vida, Sônia. Nos abraços de parentes, amigos íntimos, anônimos admiradores da obra do marido, colegas de trabalho e de boemia do autor, ela era confortada.


O “menino” Pablo, como Airton gostava de chamar o mais novo do casal de filhos, continha a dor na timidez que rendera tiradas e risos do pai, também tímido, apesar do talento para a pilhéria. Sobre a cabeça de Bárbara, um dos chapéus panamá que tantas vezes ornara a de Airton. Na camisa presa ao vestido, a marca do apego cultivado nos passeios pela amada Praia de Iracema em que o escritor tantas vezes a levou. “Papai e Bárbara”, lia-se. Pequenas maneiras de guardar a saudade e estampar o orgulho daquele que ensinou a ela o apreço pela honestidade e pelos estudos; mas não só. “Vai ficar marcada a questão de saber viver a vida, desfrutar a vida, porque ela passa muito rápido”, disse Bárbara.


Colega do curso de Farmácia que Airton fez antes de ingressar em Medicina, Urico Gadelha, 62, ora marejava os olhos falando do amigo, ora deixava escapar sorrisos diante das histórias vividas pelos dois - fossem de verdade, fossem com toques de ficção e assumidas como verdadeiros.


“A cidade perdeu seu maior cronista e perde também a síntese de tudo o que queríamos dizer d’Ela e a Ela”, sublinhou Urico, que, assim como o amigo, rumou para a Medicina e escolheu a psiquiatria como campo. É ele quem conta da importância do Airton médico, que não raro defendeu políticas públicas de saúde adequadas aos dependentes químicos. “Ele defendia que usuário não era bandido, era doente. Na época da ditadura ele falava isso”, frisou.


Se a palavra escrita lhe deu fama, o economista Nauriello Almeida, 44, paciente de Airton por oito anos, ressalta como superou a depressão por meio das palavras ditas no consultório. “A consulta era sempre festiva, ele tinha uma capacidade de ouvir e ao mesmo tempo de dizer o que você precisava escutar. Quando terminava, eu estava preparado para outro embate”, rememorou.


Uma das tantas a dividir a boemia do antigo Estoril com o Airton, a jornalista e professora Elisabete Jaguaribe lembrou que “nas crônicas dele estão Fortaleza, o mar, a boemia, as marcas de toda uma geração”. Não à toa, daqui alguns dias, as cinzas de Airton reencontrarão o lugar símbolo dessa geração, o mar da Praia de Iracema.

 

Raphaelle Batista raphaellebatista@opovo.com.br
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ROBERTA 12/09/2012 09:45
Confesso-me, mesmo tardiamente, ser apaixonada pelas crônicas deste maravilhoso escritor. Desde minha época como universitária apaixonada pela vida e seus prazeres guardava em meus cadrenos, juntamente com meus estudos, recortes de com suas crônicas...agora me resta a saudade!!!
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ROBERTA 12/09/2012 09:44
Confesso-me, mesmo tardiamente, ser apaixonada pelas crônicas deste maravilhoso escritor. Desde minha época como universitária apaixonada pela vida e seus prazeres guardava em meus cadrenos, juntamente com meus estudos, recortes de com suas crônicas...agora me resta a saudade!!!
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