[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Ninguém falou que seria simples | O POVO
Teatro 29/05/2012

Ninguém falou que seria simples

O grupo Foguetes Maravilha se apresentou pela segunda vez em Fortaleza, brincando de inventar uma dramaturgia cheia de possibilidades
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DIVULGAÇÃO
O grupo Foguetes Maravilha reafirma que é possível jogar muito com poucos instrumentos cênicos


Os rumores foram bons. Muitos críticos enalteceram o trabalho recente, estreado em 2011. Para me manter nulo, fiz questão de não ler nada do que já escreveram. Era o medo de me contaminar, de criar uma expectativa grande, mas acabar me deparando com um trabalho abaixo dos meus possíveis anseios. Diante dessa neutralidade imposta por mim mesmo, apesar da tentação de já admirá-los por três grandes prêmios à dramaturgia, incluindo o Shell 2011, o espetáculo realmente faz por merecer.


Ninguém falou que seria fácil, do grupo carioca Foguetes Maravilha, apresentou-se neste final de semana no Teatro Sesc Emiliano Queiroz, reafirmando que é possível jogar bastante com poucos instrumentos cênicos. Nessa busca infinda de muitos artistas pelo extracotidiano na cena, o coletivo se engendra numa história em que são personagens de si mesmos e as banalidades familiares vão ganhando força para serem teatrais.


Na direção de Alex Cassal, tudo parece uma grande sala de ensaio, em que o jogo dramatúrgico de “improvisação” se torna ilimitado. A obra reinventa possibilidades assumidamente absurdas, por vezes bizarras, mas, diante de um espectador ativo, que compra a ideia como criança inventiva querendo brincar de criar, simplesmente nos deixamos levar. Eu fiquei me perguntando até onde existia ali o texto de Felipe Rocha e até onde o texto era dos atores ou até mesmo meu, mero espectador.


Essa unidade toda pode ser fruto do colaborativismo criativo que o coletivo carrega como princípio. Dessa forma, todos acabam sendo co-autores e co-diretores do trabalho, que se apresenta emanando uma potência sensata, branda, que não precisa de indumentárias ou de atuações elaboradíssimas para dar arremates cênicos ou ilustrar a percepção do público. Talvez, de tão codificado que o trabalho está, os atores bailam como se fosse a primeira vez, agem sem pensar.


Atuações desatuadas

Bem longe do “teatrão” ou do medo do ridículo com as cenas bobas que, certas vezes chegam à beira do over, Felipe Rocha, Renato Linhares e Stella Rabello vão fincando os pés. Mesmo num jogo batido de divisão de personagens que se misturam uns aos outros e percorrem os corpos dos atores, é possível perceber o novo, uma vivacidade madura de quem sabe exatamente o que quer.

 

A trama se encontra nas suas desconexões, trazendo pontos que regem o trabalho. Quando achamos que estamos perdidos, percebemos que nos pregaram mais uma peça e caímos na gargalhada. São histórias familiares, mas que saem do lugar comum e dos dilemas óbvios de família. Eles trazem atuações tão cotidianas e tão despretensiosas que tudo acaba ganhando uma espontaneidade, uma leveza, uma fluidez onde os três, muitas vezes parecem um só. Talvez porque a própria ideia de distanciamento entre atores e personas é difusa.


Esteticamente não há nada demais. E que bom. A teatralidade é construída sem sombras de uma ilusão forçada. No cenário de Aurora dos Campos, é tudo nu, cru, com objetos simples, sem refinamento, sem composições de tons e entretons na caixa cênica. O mesmo acontece com o figurino assinado por Antônio Medeiros ou a iluminação de Tomás Ribas.


Entretanto, sobre os objetos, algo me ficou aferroando até agora. Por que tantas bugigangas se nem tudo é usado? Ao mesmo tempo, eu pergunto: por que convencionar que tudo que está em cena tem que ser utilizado? Às vezes é fácil cristalizar-se com conceitos bobos quando se tenta fugir deles. O espetáculo é um bom exemplo para nos questionarmos sobre a essência teatral e seus deslocamentos.

 

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