[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] A cozinha do inferno - 2 | O POVO
Guabiras 24/04/2012

A cozinha do inferno - 2

A tal da carne de sol é servida sempre com cebola doce e bem muita manteiga fuleira. Acompanha macaxeira ou batata frita
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O negócio dessa semana está pesado. Por essa razão, vamos lincar cada comida a uma trilha sonora especifica. Deguste.


1) Queijo Coalho assado:

Pronto! Pense num tira-gosto que ninguém consegue parar de comer. É incrível como as pessoas reclamam que a porção quase sempre chega à mesa mal assada, ou insossa, ou salgada que só o diabo, ou até mesmo parecendo uma chinela Havaiana sapecada numa grelha (apesar de ter cheiro, de deformar e de soltar as tiras). Mas pode reparar. Aqui e acolá sempre vai ter um “falador” tirando uma lasquinha discretamente enquanto joga conversa fora.

Trilha: Whats your number – Cypress Hill (ou She Want It – Sean Paul).


2) Miúdos de frango

Em uma porção completa de miúdos de frango existe tudo aquilo que movimenta e dá vida ao organismo do bicho: moela, fígado, coração... Às vezes, um pescoço aqui, às vezes uma asa acolá. Tudo cozido num balseiro só, junto com pimenta de cheiro e colorau, e servido com arroz branco grudado, farofa ou simplesmente escoteiro. Apesar de ser originalmente um dos pratos mais cobiçados pela classe papudinha e periférica, a elite da cidade, com o seu miolo mais conservador e limpinho, tem insistido ultimamente em incluir no seu cardápio esse tradicional prato, assim que algum almofadinha hipócrita quis dar uma de empresário underground. Riquinho bebendo Boêmia e tirando o gosto com canhão de galinha? Tenha dó... Ou melhor. Azar para ele. Porque física atômica é assim. Tanto na favela, quanto na realeza, os efeitos do dia seguinte não deixarão de serem devastadores.

 

Trilha: Eu quero gozar – Alípio Martins (ou qualquer uma do Perfil - Amado Batista)


3) Bisteca de boi

Há quem diga que a bisteca jamais poderá ser classificada como tira-gosto, e, sim, como “comida bruta de balcão”! Historicamente falando, tem que ter muita marra nos peitos para pedir em qualquer bar uma bisteca de boi como aperitivo. Alimentação que começou disputada nas gengivas do homem de Neardenthal e que continua até hoje firme e forte nas mãos de qualquer famigerado amigo caminhoneiro. Garfo e faca comuns não bastam para rasgar tamanha preciosidade, já que o alinhado de nervos e ligamentos que existem é capaz de enfezar a paciência de qualquer cristão. Terror das obturações, maldição dos implantes dentários. Mas enquanto você sofre querendo comer o meio da bisteca é na sua volta, ou seja, é na gordura venenosa, que se encontra o seu melhor. Hummm... E quem aí se habilita a roer o ossão cheio de tempero e sal na frente de um monte de “certinhos”? Melhor voltar para a periferia, sabidão!

 

Trilha: Os brutos também amam – Agnaldo Timóteo (ou qualquer uma do Metallica).


4) Amendoim torrado.

Quando o cabra do isopor passa por sua mesa oferecendo amendoim torrado e quentinho, logo de cara você esnoba e diz “não” ao rapaz. Ele insiste, mas você, arrogantemente, responde um “não” mais grosso, e daí ele sai todo guenzo atrás de outros clientes. Porém, humilde como é, ele ainda deixa uma pequena porção como amostra grátis. Logo, logo, e sem perceber, você estará comendo um ou outro carocinho dessa porção. Até que é gostoso, não é? Sim... Mas apesar de querer mais, de se virar para um lado e para o outro, fudeu literalmente! O vendedor já vai longe pra caramba... kkk

 

Trilha: Não está sendo fácil – Kátia Cega (ou Não vou deixar você tão só – Roberto carlos).


5) Carne de sol.

Essa é cruel. Desde pequeno escutamos dizer que a carne de sol é feita com carne de jumento. Brrrr... Seja verdade, os tais chineses descobriram mesmo o que é um bom tira-gosto de primeira e por isso estão exportando a torto e a direito os nossos “primos” para o oriente. Jumento trinchado, jumento ao molho, jumento com molho tártaro... Por enquanto, pense num bicho que muda de sabor a cada boteco. Cortada em cubinhos ou simplesmente desfiada, a tal da carne de jumento... ops! A tal da carne de sol é servida sempre com cebola doce e bem muita manteiga fuleira. Acompanha macaxeira ou batata frita. Talvez para disfarçar um gosto que nem tem quanto mais sal. E no final ainda fica aquela putaria alinhada entre os dentes.

 

Trilha: Pintando no Kombão – Raimundos (ou qualquer uma do Ultraje a Rigor).


6) Língua de boi e Mão de vaca

É disso que estou falando. Se do elefante tudo se aproveita, até aqueles horríveis marfins para fazer cinzeiros. Então por que aqui no nosso rico Nordeste não podemos usar a criatividade e aproveitar aqueles pedaços bovinos que muitos juram não ter nenhuma finalidade? Tanto a língua quando a mão é servida com outra substância mais rochedo ainda: o pirão feito com o caldo. Cerveja, então? Só volte a tomar depois de uns 20 minutos. Tempo que o tutano desmancha com a digestão. E de preferência escorado na parede mais próxima.

 

Trilha: Obesidade Mórbida Constitucional – Ratos de Porão.


Semana que vem tem a conclusão.

 

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