[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Mistérios das cidades feitas de poesia | O POVO
Livro 11/04/2012 - 01h30

Mistérios das cidades feitas de poesia

O poeta e editor Raimundo Gadelha foi buscar na estética dos quadrinhos %u2013 com ilustrações do alagoano Sérgio Gomes %u2013 o cenário gráfico para abrigar os poemas do novo livro Dez íntimos fragmentos do indecifrável mistério
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SÉRGIO GOMES / DIVULGAÇÃO
O resultado do livro de Gadelha foge do convencional


O livro começou com o poema Liberdade sob o sol, depois de o autor ouvir de uma amiga inglesa a frase: “Whisk me out here to freedom under the sun”. Os demais poemas que compõem a obra Dez íntimos fragmentos do indecifrável mistério foram chegando numa quebra de rotina que jogou pelos ares a disciplina e o planejamento que rodeiam a produção do jornalista, escritor e editor Raimundo Gadelha. O livro será lançado em Fortaleza, dia 12, no Ideal Clube.


Se a chegada dos poemas contrariou as regras do poeta, o resultado do livro foge do convencional. Gadelha conta que quando concluiu o trabalho de escrita do livro, imaginou a obra numa concepção gráfica bem diferente. Queria publicá-lo como um livro de quadrinhos, com um traço que lembrasse o de Harold Foster, para as ilustrações de Príncipe Valente. Na procura pelo ilustrador, foi apresentado virtualmente ao alagoano Sérgio Gomes, radicado em Recife. “Foi uma surpresa gratificante: suas ilustrações se harmonizaram perfeitamente com os meus poemas e estes parecem ter sido escritos a partir dos maravilhosos desenhos do Sérgio”, escreve Gadelha, numa conversa via e-mail.


Poesia e fotografia são as duas maiores paixões do paraibano Raimundo Gadalha. O jornalista-poeta já percorreu a estrada do romance e também escreve teatro e conto. Ao todo, já publicou 13 livros entre os gêneros conto, romance poesia e teatro e teve obras publicadas no México, Grécia e Portugal. Nas andanças pelo mundo, morou nos Estados Unidos, Ásia e Europa até firmar-se em São Paulo como editor. Criou a Escrituras, editora que se destaca pelo espaço que destina à poesia. E foi justamente a poesia, gênero apontado como um dos menos lidos no Brasil, que impulsionou os negócios editoriais da Escrituras. “Criamos selos e marcas que deram forte apoio à poesia. A série Brasil Retratos Poéticos, na qual associamos pequenos poemas ao trabalho dos mais renomados fotógrafos brasileiros, é um sucesso de quase 15 anos”, explica o poeta-editor.


Poesia

A paixão de editar, porém, sucede a escrita. O poeta, neste último trabalho, envereda pela subjetividade das próprias inquietações e as transfigura pela palavra poética: “Grandes cidades vivem dentro de mim,/ sanguínea intimidade de todo desconheço/ E como em todas as cidades, crescem desordenadamente/ sempre buscando vazão para o outro mundo aqui fora”. O olhar se volta para o mundo interior, ao da infância vivida do Nordeste, mas que se amplia pelos muitos outros lugares pelos quais passou e que municiam a escalada da montanha feita de lembranças e segredos. Ou como afirma o próprio poeta: “A sensação que tenho é que com o passar do tempo o que vivi se fortalece. Morei em dezenas de cidades do Nordeste do Brasil. Morei nos Estados Unidos, na Ásia, na Europa... Tantas andanças, pessoas, climas, estilos arquitetônicos diferentes terminam por nos impor a capacidade de, antes de qualquer coisa, morarmos (e bem) dentro de nós mesmos”.

 

O leitor de poesia sabe que o que busca no poema é a si próprio. No livro de Raimundo Gadelha, o terreno da procura é fértil e sem pressa, como revela o poema Liberdade sob o sol: “Depois sigo sem pressa por ruas, becos, guetos.../Buscando lugares onde o cheiro do forte e a escuridão e o perigo/ certamente dariam fim à inquietante rotina”. Os poemas seguem com gosto de prosa e falam da saudade, do tempo implacável que tira tudo do lugar, mesmo diante da aparente dormência do movimento do sol. Em Cansaço, o poeta afirma: “Pesa a sensação de que, de repente,/tudo passou a me ocupar em excesso/ Enquanto peço – nem sei a quem –/ que mais rápido passe o tempo,/tenho meu próprio corpo imerso/em um imenso acúmulo de coisas”. Os poemas reunidos no livro saltam à vista pelas ilustrações que partilham o texto poético instalando uma leitura ampliada de imagens que se sucedem ora pelo desenho ora pela poesia. No traçado da palavra e da imagem, a poesia sobrevoa as coisas guardadas como segredo, que se desfazem à força de um verso como em Voo sobre o fogo: “Poemas são pássaros,/ palavras à disposição do acaso/ou desvelando indesejáveis verdades/ Sem alarde – silencioso sofrimento -/ passam no fim de tarde – sílabas de poente solidão – aquarelando saudades nunca imaginadas...”


Para Gadelha, o novo livro reflete de forma mais acentuada – em relação aos trabalhos anteriores - as inquietações da busca pelo “entendimento possível daquilo que somos e do espaço em que nos inserimos”. Embora reconheça que não há novidade nesta procura, o poeta afirma que o caminho que trilha para chegar a uma resposta ainda “é instigante e perturbador”. Tal como a poesia. Tal como a arte.

 

SERVIÇO

 

Dez íntimos fragmentos do indecifrável mistério

O que: lançamento do livro do jornalista poeta e editor Raimundo Gadelha

Quando: Quinta (12), às 19 horas

Onde: Ideal Clube (av. Monsenhor Tabosa, 1381, Meireles)

 

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