[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Gás no Chipre gera conflito - New York Times
10/09/2012

Gás no Chipre gera conflito

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SINIRUSTU, Chipre – A ilha de Chipre, dividida por um dos mais intensos conflitos étnicos da Europa, agora é o foco de outra disputa: quem irá controlar as significativas fontes de gás natural encontradas em sua costa. O que está em questão é se o gás natural irá servir de incentivo para a cooperação, ou se será mais um obstáculo à reunificação.

 

As duas metades da ilha – o norte de maioria turca, que foi invadido pela Turquia há 38 anos, e a República do Chipre, um país internacionalmente reconhecido e de maioria grega, no sul – disputam para se tornarem as primeiras a extrair o gás natural.

 

Essa competição acrescenta uma nova possibilidade de conflito no extremo sul da Europa, onde a crise do euro causou instabilidades políticas e econômicas que prejudicaram as relações entre Grécia e Turquia, em um momento no qual Turquia e Israel já sofrem com a tensão.

 

Sob o leito marinho da Bacia do Levante, próxima ao Chipre, estima-se que existam 3,5 trilhões de metros cúbicos de gás natural, aproximadamente o consumo mundial durante um ano, de acordo com o United States Geological Survey. A porção norte da bacia fica em águas cipriotas e o restante em águas israelenses e libanesas.

 

Uma empresa americana, a Noble Energy, está liderando as perfurações na região e anunciou a descoberta de 991 milhões de metros cúbicos, dos quais cerca de 20 por cento estão em águas cipriotas. A Noble está trabalhando com parceiros israelenses sob concessão dos líderes cipriotas gregos, que reivindicam a posse da região.

 

Mas os cipriotas do norte afirmam que as perfurações são ilegais, uma vez que elas não levam em conta sua própria reivindicação de posse. Eles exigem que as perfurações e o licenciamento sejam interrompidos.

 

A Turquia ameaçou enviar a marinha e os turcos construíram uma plataforma de exploração de petróleo e gás natural em uma colina acima de Sinirustu, um vilarejo próximo à costa setentrional do Chipre.

A ONU comemora a descoberta do gás natural como uma forma de gerar as divisas necessárias para financiar a reunificação.
Os Estados Unidos argumentaram em favor de uma distribuição justa dos recursos, mas apoiaram com veemência o direito do governo internacionalmente reconhecido do Chipre, um dos membros da União Europeia, a perfurar sua zona costeira.

 

Esse apoio pode ter reforçado a falta de vontade dos líderes cipriotas gregos em dividir as riquezas provenientes do petróleo e do gás natural com os cipriotas turcos. “Não venham com essa conversa de divisão”, afirmou Neoklis Sylikiotis, o ministro do comércio do Chipre, recentemente, acrescentando que a divisão da renda só será realizada quando a divisão da ilha for resolvida.

 

Os cipriotas do norte mapearam trechos do Mediterrâneo oriental com o objetivo de licenciá-los, e alguns trechos se sobrepõem a áreas reivindicadas pelo governo do Chipre. O governo turco reconheceu que um navio fretado pela Turkish Petroleum Corporation realizou testes sísmicos a pedido do norte do Chipre em áreas que se sobrepõem às reivindicadas pelo Chipre.

 

O Chipre poderia produzir gás natural bastante para receber de 2,2 a 3,1 bilhões de dólares por ano, de acordo com a previsão de valores para o início dos anos 2020, segundo Sohbet Karbuz, diretor de hidrocarbonetos do Observatoire Méditerranéen de l’Energie, uma associação de empresas do setor energético. O cliente natural mais próximo é a Turquia, que importa boa parte do petróleo e gás natural que consome.

 

A despeito das ameaças do governo turco, 15 empresas e consórcios, incluindo a Marathon Oil, dos Estados Unidos, e a Enel, da Itália, se candidataram a explorar nove outras áreas do leito marinho cipriota este ano. A Turquia avisou a essas empresas que “elas não poderão participar de projetos energéticos turcos no futuro”, e prometeu “todo o apoio necessário” para a reivindicação do território marítimo do norte do Chipre. A Turquia é o único país que reconhece essa região como um Estado independente.

 

As perfurações também foram atrapalhadas pelo rompimento entre Israel e Turquia, cujas relações amigáveis azedaram depois que tropas israelenses invadiram um navio turco em 2010, enquanto ele se dirigia a Gaza, desafiando o bloqueio naval imposto por Israel; nove ativistas, em sua maioria turcos, morreram durante o ataque. Desde então, Israel transformou o Chipre em um parceiro regional.

 

“E se a Turquia e Israel conseguissem encontrar uma forma para que Israel se desculpasse pelo incidente em Marmara, sem perder a credibilidade, e Israel canalizasse o gás natural através do território turco?”, questionou Fiona Mullen, analista da Sapienta Economics, em Nicósia, a capital do Chipre. “O Chipre poderia ficar são e salvo.”

 

Por JAMES KANTER  

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