Medida que torna todos os assentos de ônibus em Fortaleza preferenciais é especialmente polêmica no ponto que amplia o direito para mulheres. Segundo o autor da proposta, vereador Carlos Dutra, a medida reduzirá casos de assédio em coletivos.
“Para solucionar este problema, é a educação que deve ser mudada. Isso não vai fazer diferença”, diz o produtor em audiovisual Felipe Meneses. O argumento é questionado pelo autor da proposta: “Essa lei já tem teor educativo, pois cria um sentimento de conscientização com a situação do próximo”, diz Dutra.
A professora de Literatura em Língua Inglesa da UFC, Lola Aronovich, destaca que a questão é polêmica inclusive entre feministas. “A maior parte dos coletivos feministas são contra, porque não são a favor da segregação”, diz. Ela ressalta que medidas do tipo ainda costumam ser desrespeitadas, como no caso de vagões exclusivos de trens no Rio de Janeiro.
"A impunidade reina"
Autora do blog feminista “Escreva Lola Escreva” desde 2008, ela conta que já recebeu muitos e-mails de vítimas de abuso em coletivos, inclusive de mulheres assediadas enquanto dormiam em viagens longas. “Não sei por que casos de abuso são tão comuns. Acho que é porque a impunidade reina. Ainda há uma aceitação social grande acerca disso, ainda é tratado como piada”, diz. Ela cita quadro do programa humorístico Zorra Total onde uma mulher “encochada” é incentivada a enxergar a agressão como “oportunidade”.
Quanto à questão dos assentos preferenciais, Lola aponta que campanhas institucionais contra abusos sexuais, com apoio de meios de TV, poderiam ser medidas mais eficientes para reduzir o problema. “Muita gente ainda não sabe que esses abusos são crimes. Seria interessante ter uma campanha explicando isso, encorajando as mulheres a denunciar e a reagir”.
A professora também destaca a importância da reação das vítimas para redução da impunidade. "Sei que a primeira reação é se culpar e ficar com vergonha, mas é preciso criar um ambiente de solidariedade feminina. A esmagadora maioria das mulheres já passou por isso, então por que se calar? Tem que botar a boca no trombone!".
Confronto das ideias
Você concorda com a lei aprovada pela Câmara Municipal de Fortaleza que garante prioridade em todos os assentos de transportes coletivos para mulheres, idosos, obesos e pessoas com deficiência?
SIM
“Eu apoio muito. Todas as pessoas têm realmente muita dificuldade e fragilidades nos ônibus. Mas o caso da mulher, que é uma preferência nova que a lei está abrangendo, é importante por conta do abuso sexual e falta de respeito de muitos homens dentro dos ônibus”. Moises Santiago, comerciante
NÃO
“Não, porque acho que o projeto é bastante vazio em sua concepção, principalmente no que diz respeito à proteção da mulher. Mesmo estando sentada, isto não garante inviolabilidade a ela. A falta de punições também esvazia a lei, dando brecha para que os direitos de tais minorias sejam ainda mais desrespeitados”. Filipe Dias, estudante
Erro ao renderizar o portlet: Caixa Jornal De Hoje
Erro: maximum recursion depth exceeded while calling a Python object
Erro ao renderizar o portlet: Barra Sites do Grupo
Erro: <urlopen error [Errno 110] Tempo esgotado para conexão>
Copyright © 1997-2016