[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Pantico Rocha: Dos caretas de Jardim à Maria Bethânia | Páginas Azuis | O POVO Online
30/03/2015

Pantico Rocha: Dos caretas de Jardim à Maria Bethânia

O talento não é tudo. Muitas vezes, o estudioso supera o virtuoso. O baterista Pantico Rocha, mesmo aos 35 anos de carreira e um currículo invejável, não relaxa. "Até hoje, eu não acho que toco bem".
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Demitri Túlio demitri@opovo.com.br
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Sílvia Bessa silivaleitebessa@opovo.com.br
Edimar Soares
Pantico Rocha, 52, após se firmar como um dos mais talentosos bateristas e percusionistas do País, resolveu experimentar ser cantor. É intérprete de músicas suas e de parceiros como Marcos Dias e Isaac Cândido
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O Carnaval de rua de Fortaleza, desde o Pré, não tem mais volta. Para qualquer gestor que assuma a Prefeitura, depois de Luizianne Lins (PT), só há um caminho a percorrer: potencializar a festa de blocos, baterias e incentivar cada vez mais o povo a se reapropriar das ruas e troças. “Não tem como recuar”. A opinião é do baterista Pantico Rocha, um cearense-paraibano, radicado no Rio de Janeiro desde 1988 e predileto da nata de medalhões da música brasileira. Virtuoses do naipe de Maria Bethânia, Lenine, Jane Duboc, Nelson Ned, Nelson Gonçalves e César Camargo Mariano.

Acompanhe, a seguir, um pouco das idas e vindas da carreira desse músico que se forjou entre os caretas de Jardim, no Cariri cearense, os corredores da Uece e grupos locais como o Quinteto Agreste.


Leia a íntegra da entrevista com Pantico Rocha

O POVO – Você está às voltas com o show de 50 anos de carreira da Maria Bethânia. É fácil trabalhar com ela?

Pantico Rocha – De jeito nenhum (risos). É pra mentir ou pra contar a verdade? (risos) Fácil não é porque com uma artista do nível dela, a exigência é muito grande. Bethânia é uma pessoa com quem aprendo todo dia, toda temporada. Toco com ela desde 96. Mais tempo do que com o Lenine. Tem uma coisa que se aprende logo. É o nível de exigência e de dedicação dentro do trabalho. Isso é impressionante. É uma coisa difícil de se lidar. Poucos artistas musicais - e grandes artistas passaram por lá - conseguem se criar dentro daquele projeto com ela. Porque são muitas coisas dentro do trabalho dela.

 

OP – O quê, por exemplo?

Pantico – Não é só você tocar. Você tem que tentar chegar a uma compreensão do que se passa por aquela cabeça.

 

OP – Ela comanda tudo?

Pantico – Basicamente tudo. Durante muitos anos foi o Jaime Alem o diretor musical. Nessas duas temporadas está sendo o Jorge Helder, cearense, baixista, que está fazendo a direção. Ela até comenta que ele é o baixista mais querido do Brasil – ele também toca com o Chico Buarque. Eu sinto nessas temporadas – fiz quatro temporadas com Bethania – que ela muda muito. Tem dia em que está mais para a direita, outros, mais para a esquerda (risos). Parece até que é uma compreensão de como ela está e de como você tem que trabalhar. Ela tem uma coisa maravilhosa, por isso falo que é uma questão de compreensão, ela costura, não dá nenhum ponto sem nó. Não tem palavra jogada, não vou botar isso aqui porque tem de botar. É tudo costurado com a música que ela vai colocar, que tem a ver com o que ela está dizendo. É muito cênico. Aprendi muito isso. Vou simplificar: quando ela quer porrada, é porrada. Quando ela quer silêncio, é silêncio. Até você entender que aquela música ela não gostou porque ainda não está do jeito dela. Às vezes isso faz você se chatear muito. Porque, às vezes, ela não consegue passar o que quer, mas diz que não está gostando. E todo mundo se rebolando pra poder tentar chegar. Mas quando se chega no ponto que ela quer, você diz “putz, essa mulher sabe demais”.

 

OP – Ela não improvisa no show nem admite improvisações?

Pantico – Não. Aí é que está. O músico ali tem que ter muita concentração na delicadeza que vai fazer pra ela. Quando ela gosta de uma coisa, você tem que repetir aquilo basicamente sempre.

 

OP – Mas é tenso?

Pantico – É tenso.

 

OP – Até o show é tenso?

Pantico – É tenso também. Mas é uma tensão que, quando a gente começa a tocar, vem a alegria de todos. Mas é uma tensão porque ela não deixa a peteca cair. Por exemplo, o segundo dia, que é histórico para qualquer artista porque você está mais relaxado, geralmente é o pior dia do espetáculo. Porque a galera fez o primeiro tenso e, no segundo, ela enfatiza: “gente, não podemos relaxar”. Por isso estou dizendo que é diferenciado. É diferente dos outros artistas. Um artista como o Lenine, com quem toco, é outra vibe, outra relação com a música. Sabe, ela é muito textual, muito teatral. Então ela precisa muito da gente, cada um na sua função, dando o apoio pra ela. Sempre ela diz essa frase, quando a gente está tocando uma coisa que é longa: “o que vou estar fazendo nessa hora?”. É porque quando ela sai daqui pra ir ali (no palco), é tudo marcado.

 

OP – A marcação é teatral?

Pantico – Total. E quando vai dizer uma palavra, ela às vezes precisa até de uma dica nossa de intervenção harmônica, intervenção de tambores, para a deixa pra ela. Se você não faz isso coerentemente com ela...

 

OP – E o que isso exige de vocês de tempo?

Pantico – Na verdade, acho que em tudo a Bethânia é a diretora do lance. Ela faz do jeito que gosta. Apenas cede um pouco para o talento de cada um. E pega isso para ajudá-la. Mas ela sabe muito o que quer. Então esse tempo ela mesma dita. Agora para o show atual, a gente fez dois meses de ensaio. Quase todo dia. De dois meses, pelo menos 50 dias foram de ensaio.

 

OP – E são quantas horas de ensaio?

Pantico – São marcadas seis horas, mas a gente chega a quatro horas de ensaio, porque é muito exaustivo. A gente sempre chega antes. Ela sempre envia as músicas que vai querer novas. Nós todos somos um pouco maestro nesse trabalho novo. Tem arranjo coletivo. No trabalho passado eu fiz um arranjo pra ela, que foi aquela “Vagaba”, do Caetano (o nome da música é Não Enche). O arranjo tá no DVD. Ela diz que o arranjo é coletivo. Tem arranjo do Wagner Tiso, Jorge Helder, João Carlos Coutinho.

 

OP – Você falou que ela não permite arranjo. Ela diz “essa batida não é assim”?

Pantico – Ela opina sempre. Chegou, ela já opinou.

 

OP – Mas você tem autonomia pra dizer “Bethânia, essa aqui é a que acho melhor”?

Pantico – Hoje em dia eu tenho autonomia pra questionar. As pessoas até dizem que ela tem um carinho por mim. Não é que eu não sinta, mas não é uma coisa muito explícita assim não, entendeu? (risos) Se tiver, é lá dentro dela. Mas às vezes eu contesto. “Não, Bethânia, mas isso aqui...”. Quando ela vê que está indecisa naquilo, ela até entende e aceita. Mas quando ela sabe o que quer, é impressionante.

 

OP – E como você conseguiu tocar com ela?

Pantico – Foi por indicação. Na verdade, em 93... eu tô há 26 anos no Rio de Janeiro, cheguei em 88. Aí comecei a fazer coisas, toquei com um cara do axé, que era o Cid Guerreiro

 

OP – Cid Guerreiro?

Pantico – Na época eram Cid Guerreiro, Luiz Caldas, Sarajane e banda Reflexus. Quatro que tocavam axé meio rock. O Cid tocava três músicas de axé, o resto era rock. O Luiz Caldas, a mesma coisa. Ele é roqueiro pra caramba. Fez o axé, mas tem muita coisa de rock. Mas teve uma coisa que foi decisiva para minha carreira dar uma guinada musicalmente. Até postei que minha filha conseguiu o LP. Depois que toquei com um cara do nível do César Camargo Mariano, gravar um disco e a crítica falar bem, isso as pessoas começaram a falar. Foi o disco Natural, em 93. O César soube de mim por causa do Marcelo Mariano, porque eu tocava com o Lobão. Toquei com o Lobão na década de 90. O César veio porque o Pedro Mariano voltou a ter ligação com a família – era filho da Elis, irmão da Maria Rita. O Marcelo Mariano é filho do César com a Marisa Gatamansa. A galera morava em São Paulo e o Marcelo morava no Rio. Eu conheci o Marcelo, gravei muita coisa com ele. Aí os irmãos começaram a se conhecer mais, adolescentes, e o Pedro nem era cantor ainda, mas ele falou: “Pai, conheço um cara que toca com o Lobão, com o Marcelo”. Terminou que o César chamou eu e o Marcelo pra gravarmos o disco dele.

 

OP – Qual foi essa influência dele na tua carreira?

Pantico – Primeiro pelo nível de nome do César Camargo Mariano. Ele era um instrumentista das décadas de 70 e 80, um dos mais cultuados, junto com outros grandes como o Wagner Tiso. O César, quando ele está gravando está todo mundo atento ao que ele está fazendo. Também aconteceu de o Luizinho Duarte, baterista daqui, fazer um ensaio com a Bethânia. Grande compositor, hoje professor. O que aconteceu? O Jaime Alem gostava muito do Luizinho, que disse “tem esse cara também” e tal. As pessoas foram falando. Um dia o Jaime Alem me liga. “Bicho, tenho uma turnê tal, com a Bethânia. Tá a fim de fazer?” Aí eu entrei lá. Quando entrei, o Jorge Hélder fez uma brincadeira muito engraçada comigo. E ao mesmo tempo muito dura pra quem está entrando. A primeira coisa que ele me disse: “Rapaz, a mulher detesta bateria” (risos). O Jorge Hélder já tocava com ela desde 92.

 

OP – Dizem que baterista não é músico? (risos)

Pantico – Dizem (risos). Ainda tinha isso. Ela se incomoda muito com os agudos, platinelas. Tem uma história maravilhosa dela. Triângulo, ela não gosta. Platinela. Não sei como é isso. Ela toca um afoxé, mas não tem que ter o principal que é o agogô (risos). Você toca um baião, mas se pegar um triângulo... Aí tem uma história, clássica, que ninguém queria pegar o triângulo. Eu puxei, “toco o triângulo”. A música era um baião, lindo. Porque lá eu toco bateria e faço parte também da percussão. Eu tocando aqui, e ela na minha frente, olhando pro Jaime, cantando a música. No meio da música, nem me lembro mais qual era, ela continua cantando e faz assim (desenha um triângulo com as duas mãos e sinaliza um não, condenando a presença do instrumento no arranjo - risos). Então isso virou um folclore. Isso era num ensaio, mas sem parar a música. Quando parou a música, eu levantei da bateria e disse: “Bethânia, desculpe. É que ninguém quis tocar esse triângulo. Todo mundo com medo de tocar pra você”. (risos) Aí ela relaxou. Mas não se sabe, é coisa dela. Com a Bethânia, nunca vi ninguém tocando triângulo.

 

OP – Você tocou com um mundo de gente boa...

Pantico – Mas o César foi um cara que abriu a porta. Toquei um tempo com a Leny Andrade. Gravei com o Nelson Gonçalves. Talvez por estar tocando em várias vertentes, eclético, as pessoas vão conhecendo, chamando. Um cara que eu sempre gosto de exaltar é o Manassés. Quando cheguei no Rio de Janeiro, e essas coisas a gente não pode deixar de falar, o Manassés foi um cara que sempre falava de mim para os outros. Me botou pra tocar na banda dele, no instrumental. Substituí um grande baterista, que é o Téo Lima, que trabalhou com o Djavan. Aí as pessoas vão indicando. Toquei um pouco com o Tim Maia, dois shows. Essa coisa de música é muito assim, vai se falando, comentando.

 

OP – Também tocou com o Nelson Ned?

Pantico – Aqui em Fortaleza. Foi impressionante. Era na época que eu tinha uma banda chamada Oficina. Era instrumental. A gente estudava todo mundo na Uece. Como a gente já estava num estágio bacana de tocar, tocava com quase todo mundo que vinha de fora. A galera já estava sabendo lá. Quem vinha de fora não tinha tempo de ensaiar. Ensaiava à tarde pra tocar à noite. Tinha todo mundo que saber a letra. Acompanhamos muita gente. Tinha a banda Sinal Verde, que toquei também um tempo no lugar do Luizinho. Eram o Carlinhos Patriolino, o finado Carlinhos Ferreira, maravilhoso músico. Fiz com o (Luciano) Robot a banda Nova Safra. Éramos eu, Eudes, Robot. Foi meu primeiro grupo cantando. Também cantando, todo mundo cantava, mas o Eudes era o protagonista do lance. A banda Oficina, que fez mais sucesso, era eu, Nélio, Cristiano Pinho, Roberto Stepherson, Ocelo Mendonça e Eugênio Matos. Fizemos Nelson Ned, Jamelão, Antonio Carlos e Jocafi. Foi por isso que as pessoas ficavam dizendo “vai pro Rio, vocês têm que ir pro Rio”. E a gente foi, mas fomos numa desunião. Dois queriam ir pra Brasília e foram, o Ocelo Mendonça e o Eugênio Matos. E nós quatro, eu, Cristiano Pinho, Nélio e Stepherson, fomos pro Rio. Ficamos eu e o Stepherson. Ele toca com o Moraes Moreira, é professor do (colégio) Pedro II, toca com a Bangalafumenga. O Nélio foi pra Alemanha, voltou. Hoje é um músico maravilhoso.

 

OP – Tem de ir mesmo para o Rio?

Pantico – Hoje em dia, de jeito nenhum. Naquela época, era necessário. Por causa dos estúdios, você ia aprender mais. Quer dizer, você tem que ir pro Rio? Não, você tem que ir pro mundo. O artista tem que ir, porque senão ele não dá um upgrade. Mas o lance de ter que ir, como de primeiro tinha, não. Hoje em dia tem músicos maravilhosos aqui que nunca moraram fora e continuam maravilhosos. Porque hoje tem a Internet também, né?

 

OP – Quebrou tudo...

Pantico – A informação é mais rápida. Sou da época do vinil. Pegava as músicas escutando, nem sabia como é que o cara tocava. Hoje em dia o cara toca e depois ensina como é que ele tocou. Os moleques já pegam. Tem um lado que questiono, porque já pegam tudo mastigadinho. A gente ia com o ouvido e imaginando em começar o Dó. Hoje em dia é muito mais gente copiando os outros. Se copia com muito mais ênfase porque é muito visual. Antes não tinha o visual, não dava para copiar. A gente tocava parecido. Você chega muito mais próximo do que o cara está tocando do que naquela época.

 

OP – Você fala com gratidão de quem lhe indicou, mas não basta indicar. Precisa de uma dedicação ao instrumento. Como era sua pesquisa no início?

Pantico – Eu sempre falo assim: se você toca bem ou não, quem fala são os outros. Não acho, até hoje, que toque bem. Eu sempre acho que tenho que estudar, sou muito estudioso. Às vezes nem tenho tempo por estar em turnê, mas adoro estudar. Você pode ser o cara mais talentoso do mundo, mas se não for dedicado... Se tiver um cara dedicado e um cara talentoso, e o cara talentoso não for muito dedicado, o cara dedicado passa. Porque a perseverança é coisa muito impressionante. Essa dedicação fez eu ficar mais sério no meu trabalho e as pessoas entenderem que eu era um cara que levava a sério esse meu trabalho. Na verdade, venho de uma família de muitos músicos cantores. Tenho três tios que eram cantores. Um de ópera, morava no Rio e voltou pra cá. Um que morreu, o Orlando, e o Peixoto, que era cantor dos Brasas Seis, foi cantor do Banda Um, até hoje continua cantando.

 

OP – Seu pai cantava também?

Pantico – Meu pai é um boêmio de marca maior, mas por problemas de audição não pode mais cantar. Passava horas e horas tocando e ele cantando, Nelson Gonçalves, Orlando Silva. Mamãe gostava muito do Luiz Gonzaga. A gente vem de uma família com a música sempre presente. Comecei na percussão, tocando, brincando. Já no Cariri, em Jardim e Crato, a gente começou tocando Carnaval, formando bandinhas. Em Fortaleza, nos anos 70, conheci o violão através de amigos. E aos 17 anos... comecei tarde na bateria. Talvez a dedicação venha por causa disso.

 

OP – Você já tocava vários instrumentos?

Pantico – Mas eu vinha com percussão. Na verdade, eu já vinha com a música. Eu tocava um pouco de violão e um pouco de percussão. Porque sempre coloquei a música na frente do instrumento. Adoro a bateria, mas gosto muito mais de música. Toco meu violão, que é mais simplório, a bateria e a percussão, mas fico sempre pensando na música. Não fico só no ritmo. E comecei tarde demais. Você pega o nível dos americanos, por exemplo. Ele coloca o filho desde os sete a 12 anos de idade. Quando está com 18 anos, já tá tocando pra caramba.

 

OP – E quem te apresentou a bateria?

Pantico – Foi o grupo Nova Safra, o Eudes. Eu comecei, na verdade, tocando na igreja da Parquelândia. Via aquelas meninas... (risos) gostava de música. Um amigo tocava lá, “é massa”. Eu tocava atabaque. O Eudes era o cantor, aí disse “vamos nos inscrever no Festival Cenecista da Canção”, no Colégio Júlia Jorge. Eu disse “vamos, mas não vou tocar atabaque. Essa música é de bateria”. Então fomos ver como fazer. Fomos numa banda de baile pedir por favor, pra dar uma ensaiada lá. Lembro que a primeira vez que fiz a apresentação com o Eudes. Não lembro quem era o músico, mas ele me ajudou a abrir o contratempo com a mão porque o palco era pequeno. Mas minha interação com a bateria foi muito rápida. Fizemos só dois ensaios e começamos. Tudo foi uma época muito bacana, 79, 80. Assim que a gente tocou, a galera gostou. Acho que tiramos o terceiro lugar. Aí formamos a banda, a Nova Safra. Fizemos uma cota para comprar uma bateria. Nem lembro, acho que era uma Caramuru. Pronto, peguei a bateria, comecei a me dedicar. Eu tinha 17 anos. Mas um ano depois eu já tocava com quase todo mundo aqui por causa dessa dedicação.

 

OP – E como era?

Pantico – Estudando. Aí eu entrei no curso de Música, com 19, 20 anos, por aí. No primeiro ano, estudava, mas também tive que fazer o Exército. Passei um ano e tanto, fui tenente, no NPOR. Quando voltei mesmo pra música, a família até ficou um pouco decepcionada na época. Aí, entrei na Uece pra poder aprender a ler partitura. Aprendia não só pelo vinil, mas lia o que o cara estava fazendo. Aí dei um upgrade. Uma coisa que me arrependo: eu nunca tive professor. Isso é uma coisa muito ruim. Eu aconselho todo mundo a sempre ter professor. Porque você pula algumas etapas, eu perdi tempo em algumas coisas. Sempre é bom. Naquela época, era tudo banda de baile, não existiam muitos shows. Era baile ou noite. Depois foi que veio a banda que foi mesmo o meu alavanco aqui no Ceará, que chama Quinteto Agreste.

 

OP – O Quinteto te viu nas apresentações do Nova Safra?

Pantico – Porque havia aqui o projeto Luiz Assunção. Era na Praça do Ferreira, Praça José de Alencar, Cidade da Criança, Concha Acústica da Reitoria. A gente fez um grupo e o Arlindo (Araújo, do Quinteto) era o curador e viu a gente. Nós entramos tocando muito bem, todo mundo começou a ser chamado, fomos começando a ficar conhecidos. Houve a coincidência que o Ademir (baterista) saiu da banda, aí o Arlindo me chamou. Passei uns quatro anos. Fui embora em 88. O Ademir gravou o primeiro LP deles, Sol Maior, e gravei o segundo, Pássaro de Luz. Foi minha primeira gravação, no Rio de Janeiro. O Quinteto fazia um trabalho lindo.

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